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sábado, 31 de dezembro de 2016

ANGOLA NAVIGANDO NO SILENCIO

 Estamos contando horas e minutos para terminarmos o ano 2016. O processo de terminar um ano é sempre acompanhado com sentimentos de prazeres, porque ganha-se mais esperança para iniciar o novo ano com seus desafios nas novas resoluções. Pois reconhece-se também que muitos começaram connosco o tal ano mas infelizmente alguns não chegaram a finalizar a oferta da vida neste ano. Assim como beneficiários deste ano e do vindouro celebramos esta preciosa oportunidade que foi-nos concedida mas também regozijamos sobre resoluções cumpridas.

O ano 2016 foi violento. Ele começou numa brutalidade que roubou muitos famosos do mundo musical, desportivo, cinematográfico, politico etc. Por muitos, o ano 2016 foi um tempo de choros, sofrimentos, silencio, fome, reflexão, duvidas mas também de cálculos na ausência da paz espiritual uma vez havia incertezas neste mandato anual. Universalmente houve tempestades de choros partindo da morte da cantora congolesa Marie Misamu ate a morte de George Michael passando por vários como Ekumani Papa Wemba, Mohamed Ali, Lucio Lara, David Bowe, Prince, Nancy Reagen, Zsa Zsa Gabor etc. Também muitos pobres ou humildes encontraram a morte em diferentes ocasiões através a planeta: na guerra da Líbia, nas aguas da Turquia, no deserto de sahara e na travessia do atlântico, nos massacres da Síria, os vitimas de Boko Haram na Nigéria, Camarões, Chade mas também no Congo, onde os populares pacificamente reclamaram seus direitos constitucionais para se libertar da ditadura de Joseph Kabila.

Em Angola 2016 foi um ano de muito silencio. Neste ano Angola acabou de celebrar o seu 41. aniversario da independência. Esta celebração foi talvez a primeira ou bem dizer foi o inicio de uma nova experiência na historia penetrando num marasmo económico. Autenticamente como a cultura de Angola e de Africa exigem, celebra-se nas terras dos antepassados bantus com musica, comida, bebida, danças etc. porque uma festa difere-se ao óbito. Cada vez por 40 seguidos anos os angolanos pobres souberam festejar possuindo simplesmente mandioka, kizaka, feijoada, canjika, maruvo etc no entanto quando os muatas banquetearam sempre com pão, queijo, salada, maccaronia, churrasco, whisky, cigarro etc. Assim tanto nos kimbos como nas cidades tem-se celebrado sucessivamente a festa da nossa independência, coroada por um discurso popular de dirigentes tanto a nível nacional, provincial e como comunal. O grande e periódico estimulo é sempre o discurso feito pela PR que alimenta a esperança dos angolanos, que tem sido na base das promessas sobre o bem estar social do homem angolano. Este ano marcou a viragem de Angola na curva habitual, nesta inclinação a entrada aos períodos da vaca magra. Se a barriga vazia não tem ouvidos, penso eu que a mesma não terá energia para exibir um pé de dança, isto senão for sub influencia da droga ou qualquer outra substancia corruptível.  Independentemente da sua vontade, perguntaria eu, foi este ano possível aos angolanos celebrar no silencio! ou bem dizer com fome?

Há bastante que os angolanos vivem no silencio partindo da data que foram decepcionados com os resultados fraudulentos das ultimas eleições. Não é mais surpresa que em Angola actual alem das eleições nada mais faz falar, já não há sujeito excitante para um divertimento popular. A politica continua a ciência para mentirosos, já não é o prato de dia porque tornou-se emporcalha e amargurada enquanto o povo desinteressado. E como o jogo é forçado na sociedade ditatorial; tudo e todos participam mesmo que a batota é infalível, sabendo que o vencedor digitado já foi de antemão eleito.

Este 11 de Novembro foi bem eclipsado pela eleição de Donald Trump no topo da politica americana. Por ironia era necessário a vitoria de Leila Lopes no concurso da beleza mundial para D. Trump descobrir a existência de uma nação chamada Angola. O homem nunca ouviu falar das guerras que colocaram Angola na segunda posição mundial em termo de mutilados de guerra. Nunca soube da violente corrupção que vai derrubando todas estruturas económicas e que deu origem a múltiplos milionários angolanos só em duas décadas. Mesmo assim 2016 ficou insignificativo para os africanos, porque realizou-se que as vazias promessas de Barack Obama nunca seriam cumpridas. Os homens fortes africanos provaram ao Obama que Africa não precisa de fortes instituições mas da miséria.

Do lado da direcção partidária e governamental, o silencio nas festividades foi uma vez mais justificado pela ausência do PR numa das suas visitas privadas e repetitivas em Espanha. Visita esta que também foi interrompida pelo falecimento do seu irmão em Angola (valeu mais que numerosos que morreram com a fome). Em 2016 Angola também perdeu seus filhos que foram vitimas da febre-amarela patrocinada pela negligencia do governo sub o silencio de todos observadores internacionais. Mesmo no falecimento de Fidel Castro, Angola ficou tão diferente como se tratasse de um inimigo do povo, quando este foi um grande herói que comandou as operações de Cuito Canavale e tantas outras proezas que fez em beneficio ao angolano.

O ano vindouro; 2017 a sociedade civil angolana vai conhecer momentos de silencio embora que haverá momentos turbulentos no território nacional. A crise económica de Angola vai crescer e o povo vai pagar na carne e na alma. Neste ano, o sofrimento de angolanos vai agudizar-se, por isso haverá mais silencio. Noutro lado, como já se sabe que haverá eleições, os políticos vão esperando a sinete de alarme para começar suas campanhas. As eleições deste ano serão um evento distinto uma vez trata-se do ano em que a promessa da retirada do PR na chefia da nação para se concentrar unicamente na politica do seu partido seria concretizado. O outro ponto de curiosidade que levantará a poeira repousa sobre a eventual substituição na cadeira presidencial. O barulho, debates e discussões deste ano serão a volta destes dois cruciais sujeitos: eleições e substituição presidencial. Queira como não a oposição só terá um curto período entre 60 a 90 dias para sua campanha enquanto o Mpla/governo/estado tem tido 365 dias por ano. Por consequências depois das ditas eleições também teremos que contar os mortos indesejáveis porque as eleições angolanas produzem sempre vitimas.

Na questão das eleições não há temas novos para debater porque tudo será como de habito; o ciclo vicioso. Os políticos vão debatendo temas explorados e caducos de sempre. A oposição não trará matérias novas e o poder vai utilizar as mesmas estratégias com a cumplicidade de brasileiros e portugueses. As eleições serão a fotocopia de sempre e sombra de si. Nas eleições o MPLA vai utilizar seus músculos financeiros como alicerce da sua supremacia. Mesmo com pouco domínio financeiro o Mpla resta o patrão que ate alimenta a tal oposição. Eu diria que os deuses angolanos não estão em favor nem na diapasão com os camaradas, por isso cada ano em poder ele vai perdendo a sua capacidade financeira assim como a liderança democrática e justa. Este é também o motivo que continuamente vai impedindo patrocinar eleições democráticas e justas. O Mpla histórico ou original criou e estabeleceu bases para reinar mais de meia década em Angola, condições estas que vão sendo destruídas pelas estratégias corruptivas do novo e actual M que vai afastando-se cada vez do seu povo. Muitos militantes do M serão também desapontados já que o partido não está em altura de cumprir com as promessas de enriquecimento de membros praticando uma distribuição injusta do rendimento financeiro e das riquezas da nação. Este ano a corrupção será alojada na Igreja e servos na horta do Senhor servirão como vias de condução desta vergonhosa epidemia.

A substituição não será fácil uma vez que os candidatos preferidos para este trono são membros da mesma família Eduardista. Nesta altura existe uma guerra fratricida entre os membros desta família onde reina uma desordem caótica. Os outsiders (João Lourenço, Nando incluído Kopelika e Manuel Vicente) já não tem consideração e confiança do Sr. JES e tendo segredos agendas não estão bem animados. Portanto a comunidade internacional como a Comunidade Europeia já orientou ao PR de não fazer de Angola uma dinastia e que o poder não deve se cambiar entre pai e filhos ou vice-versa. Como Jammeh em Gambia e Kabila do Congo (casos de Mugabe e Natanyau são diferentes) tem resistido a comunidade internacional sem sofrer repercussões, JES como heavy weight vai resistir as ordens desta. Portanto a disputa será na escolha do candidato entre a Princesa Isabel, a filha preferida e Zenu o herdeiro natural do Império. De Angola não se espera qualquer resistência da oposição hipnotizada mas o problema é conceptivo: quem o JES quer nesta posição. Ele está claramente mais propenso a escolha da filha, mas esta preferência não é receptiva mesmo no seio da família.

Existe probabilidades que JES mude de ideia, e isso não será surpresa pois não será novidades. Vendo a continuidade em poder de seus colegas de países de Africa central poderá influenciar a sua precipitada ideia. Perder a presidência seria por ele perder o seu bolso pessoal e JES não está preparado a depender do bolso da filha nem tão pouco do filho. ''L'argent appele l'argent'' cantou Pierre Muntuari. Ver este bolso nas mãos alheias é ainda impensável, mesmo se o próximo fosse um anjo que se coloca na presença do diabo! Nesta lógica eduardista, o cão poderá então morder o outro cão. Espero que o angolano neste ano não seja como sempre: estatística. Quero aqui dizer uma voz, ou simplesmente um voto. Que o angolano tenha consideração de homem; ser humano ou vivo, um cidadão livre.

Mobutu uma vez declarou: ''nunca serei ex-presidente'' uma inspiração aos presidentes africanos que continuem não enxergar ate ignorar o destino final de Mobutu Sese Seko. Aconselho sempre aos outros: preparem a historia e não a riqueza.

Aos nossos: feliz ano novo, 2017

 

Nkituavanga II