‘’De Kabinda a Kunene, um só povo uma só nação’’ este é um entre vários slogans lançados pelo Saudoso primeiro Presidente de Angola independente. Mesmo que numas das suas declarações Léopold Sedar Senghor afirma que Neto estava embriagado pela poesia, não tenho suficiente curiosidade para debater esta observação. Partindo duma observação pessoal, analisando vários slogans de Agostinho Neto, entendo como qualquer colonizado angolano, que, havia uma necessidade de utilizar qualquer instrumento a disposição só para se libertar do jugo colonial. A. Neto, tal como outros talentosos usou a poesia, que já fazia parte da nossa cultura, como arma de combate. Com a experiencia acumulada ao longo da minha vida no que concerne a literatura, leadership e management, compreendo que Neto utilizara slogans como formas de abreviar seus planos e visões naquilo que pensava realizar em Angola. Foram formas de expor um ideal a concretizar. Infelizmente o destino não foi alcançado uma vez o tempo não esperou por Ele.
Quando se fala de ‘’Cabinda ao Cunene’’ mesmo aqueles que da nossa revolução herdaram a cegueira conseguem logo inclinar-se na geografia primária, por enquanto os bons profissionais da ‘’arte angolana da mentira’’ meditariam em geografia económica. De Cabinda ao Cunene não só fala da tautologia politica do dia-a-dia mas exprime também uma experiencia histórica colorida com as variedades culturais que fazem de Angola um país multi-cultural.
E quando se fala de ‘’um só povo, uma só nação’’ faz-se então uma transladação geométrica da demografia (população) angolana no espaço territorial (geografia). Este exercício uma vez elaborado com precisão e exactidão, como o projectava Agostinho Neto, resulte por uma compostura compacte, através um verdadeiro processo da reconstrução nacional precedido por uma reconciliação total entre filhos de mesma terra.
Na sua prognosia politica, Agostinho Neto pensou a todos os filhos de Angola, sem distinguir as raças, as culturas, as ideologias, os partidos, as regiões, os idiomas etc. Não quero aqui pretender que Neto foi um santo. Não serei árbitro de julgar a sua politica e expor seus erros. Mas, o homem tinha uma visão! Pelo menos este slogan diz-nos isso. Caso vivesse mais tempo talvez (digo talvez) Angola não seria…
Olheis que, hoje em dia o politico que cerrou fileira em torno da fonte das riquezas angolanas espere pelo seu turno de ‘’cartar’’ uma vez a visão de tempo baseia-se no enriquecimento pessoal, seguido de perto pelo enriquecimento familiar. Eis a razão que o actual político angolano já não se preocupe das mínimas noções da geografia. Quem não sabe, que não pode haver balanço num plano sem que haja um centro/eixo? E o centro só pode ser o meio entre as extremidades. Isto é geometria, que posta no contexto territorial expande o nosso conhecimento num campo onde existem pólos/pontos, que se denominam norte, sul, oeste e este. Vejamos qualquer que seja a grandeza ou magnitude, encontrem-se em qualquer país do mundo os chamados les 4 points cardinaux. Expressando-se sobre ‘’De Cabinda ao Cunene’’ Manguxi sabia que existe em Angola com toda a lógica a parte norte, sul, leste e oeste. E neste apelo reconheceu a falta da unidade entre os angolanos, e viu a necessidade da união por isso chamou a esta unidade.
Na escola do partido também aprendeu-se sobre a lei da negação. Não é isso que a religião descreve como ‘’há um tempo para semear e um tempo para colher’’? Como Angola nunca inventou a sua filosofia, não deve nenhum politico angolano negar a existência em Angola de Cabinda ao Cunene, do México a famosa ilha de Luanda, como de todas as partes do território que constitui este Angola cheio de petróleo e diamantes. O sul não pode existir sem o norte, como não pode haver só o oeste sem que haja o leste
Neste século 21 falar ainda da diferença entre a cidade e o campo é uma vergonha para qualquer homem na posição autoritária ou leadership, com mais acento aos políticos. E muitíssimo absurdo para um político jogar ainda o descriminatory games. Nascemos aos parentes que nunca escolhemos, no território que nunca escolhemos, com a raça que nunca escolhemos. E quem é autóctone na sua pátria não deve ser sujeito a denegrição. Isto é a forma ironizada, ou mesmo mecanismo para forçar outros a abandonar suas identidades, culturas até idiomas. Qual é essa regra que define o civilizado como aquele que come com garfos? Será que o javanês é menos civilizado em relação ao português? A intimidação politica, mesmo nas primitivas terras, já não tem pernas.
O partido da situação já deu muito mais lições, infelizmente não há suficientes ouvidos para engolir o mesmo sapo cada dia. O sulano angolano é visto como diminutivo/inferior enquanto vive mais ao norte do sul-africano! Será que os que ontem eram carcamanos são os menos desenvolvidos no globo? Quem foi alienado já não tem poder hoje de alienar os outros. O tempo das ideologias alienadas já passou. O sulano tem as suas origens, tem uma derivação e na concepção africana, a mundialização não é uma aldeia, não é um kimbo. Quem nesta África nasceu, cresceu e vive na grande aldeia chamada mundialização prova que nunca comeu mandioka com chá kabiba (sem açúcar), mesmo se o fez uma vez nas matas ao lado de Agostinho Neto.
Os separatistas comunistas nunca mudam! Nunca serão democratas e pensam na sua hipocrisia ser sempre os melhores. Assim pensava Adolfo Hitler!
Nkituavanga II