Não fomos a escola como se fosse numa deambulação, mas lá fomos com fortes
instruções, que permitiram-nos reconhecer o motivo e justificação das pressões
que fomos sujeitos, então estudamos não só para garantir um futuro melhor mas
também para aglomerar conhecimentos, sabedoria e experiencia. Hoje ganhei, adquiri
certa maturidade e tenho vias de conceber coisas a um nível razoável. Portanto
a experiencia politicamente caótica que vivo tem projectado-me numa frustração,
desespero e tem roubado o sonho do meu futuro. Muitas vezes escolho ficar na
sombra do silêncio, infelizmente a minha actual consciência não permita-me. Não
é que, num sistema onde reina a injustiça, os silenciosos são os mais covardes
como lambe-botas?
Sem sombra de dúvida que Angola é soberana; quer dizer, tem uma
independência política, económica, cultural, social. Ela tem uma estrutura que
depende da decisão, acção e determinação do angolano. Brevemente dizendo,
depende duma visão puramente angolana. Dali foi pela primeira vez e
oficialmente eleito o nosso JES!
Parlamento! Parlamento! Parlamento é uma instância, uma instituição
governamental que tem abalado meus conhecimentos, por isso vou emprestando
conhecimentos alheios para expor a minha barafunda.
O dicionário didáctico define ‘’Parlamento:
a câmara legislativa, aos países de regime constitucional’’. Parlamento é
simplesmente a instituição (instalação, material e pessoal operativo) que na
nossa terra chamamos por Assembleia Nacional (AN). Na sua forma mais restrita a
Assembleia Nacional pode se limitar pelas instalações onde os deputados
(parlamentários) têm debatido questões decisivas a nação. Quando se fala em
questões decisivas trata-se de um envolvimento de profundas analises partindo
da fonte as consequências de importantes documentos sobre as leis, normas e
princípios que vão constituir a constituição da nação e outros temáticos sobre
os direitos e deveres da cidadania. O parlamento não é só casa de debates mas
também de sugestões, criticas construtivas, onde as divergências produzem um
bom e duradouro produto de fina convicção que garante o progresso da nação. O
parlamento é então o sítio de produção, oficina, lavra, gabinete do deputado ou
laboratório para a transformação de Angola.
Recorremos agora ao mesmo dicionário para explicar quem é deputado? ‘’Deputado: que faz parte da deputação
(reunião de pessoas encarregadas de missão especial. Delegados). O que é eleito
para representar a nação no parlamento’’. Para facilitar a compreensão,
vejamos o que o dicionário explica sobre ‘’Delegado:
substituto; comissário. Aquele em quem se delega’’ Um delegado não deixa de
ser um enviado. Alguém quem vai representar outros com um definido. Um delegado
nunca defende a organização com suas próprias ideias. Como encarregado numa
missão, o delegado recebe da sua estrutura/núcleo recomendações para o debate,
tendo capacidades de fazer prevalecer a opinião da organização para que as
medidas conclusivas trazem sucesso, progresso a organização/sociedade. Ele deve
possuir capacidade de convencer seus homólogos em debates, partindo dum estudo,
analises sobre o assunto submetido a aprovação. Ele e mais do que um porta-voz.
Ao atravessar o hemisfério sul para o norte como do paralelo oriental para
o ocidental verifiquei que um deputado é eleito. Ele é raramente digitado como tem
sido habitualmente em Angola. Deputado tem uma missão que defende, protege
durante o seu mandatário (bem definido). Em vários países deputados tem
jurisdição. Jurisdição é o espaço territorial, uma porção limitada da
terra/população. Um deputado defende os interesses duma certa zona, que vai
levando a transformação e progresso. Um
deputado recolhe da população da sua jurisdição tudo que é necessidade, desejo
ou que se precisa para elevar o nível da vida. Esta responsabilidade cria uma
conexão, uma familiarização entre a população e o deputado. É da população que
o deputado recolhe e infiltra suas informações e conhecimentos. Existe uma correspondência
biunívoca entre a população e o deputado, entre as necessidades populacionais e
o ideal partidário.
Observando o estilo da deputaria angolana os olhos fitam numa decepção. Não
vamos esquecer que Angola é livre. Só que um povo martirizado por longos anos
precisa um governo assentado no seu seio, colaborativo. Isto valorize o povo e
prova que o mais importante é resolver os problemas do povo. Eu não vejo como a
preocupação dos meus primos que vivem a mais de 500 km da capital poderá um dia
chegar a nossa AN. Tudo indica como limitado é a visão do governo
mal-intencionado e omnicansado de Luanda.
Aproveito esta brecha de saudar os esforços do governo na construção de
novos edifícios do parlamento. Infelizmente os nossos burocratas deputados,
pois a nossa AN que carece de tecnocratas, vão tornar com toda certeza estes
por centros de business para um clube
de fieis seleccionados, escolhidos e digitados que só defendem a vontade de um só
elemento com o titulo de patrão, chefe, e que vão cumprindo ordens superiores.
É lastimável que ate hoje não se pode adquirir desde as comunas e
municípios documentos de identificação nacional (diferentes certificados,
bilhetes etc). Mesmo assim, a obtenção destes documentos nas grandes cidades
necessitam ainda grandes piruetas e bichas; é incrível! Este também constitui o
sinal da fragilidade administrativa, falta de boa vontade e patriotismo que vem
reinando há mais de trinta anos.
A falta de aproximação e instalação de deputados no seio do povo prova que
o país não está disposto, não quer adoptar a democracia. Que o governo não tem
confiança a sua população, que é tão desconsiderada. Este comportamento é meramente
o iceberg da corrupção e da ditadura, porque a visão do povo ficará eternamente
despromovida e de nula importância. O deputado angolano defende e representa o
ideal do seu partido e não da nação, isto também patrocina a divisão de
classes, tribos, regiões etc. promove a politica da exclusão social, a
injustiça e o desequilibro económico.
Tanto no parlamentarismo como no presidencialismo ou em qualquer
sistema/estilo que se preconize criar a aproximação da deputaria as populações
não altera na funcionalidade, valorização e benefícios.
Nkituavanga II