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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A DEPUTACAO IREAL



Não fomos a escola como se fosse numa deambulação, mas lá fomos com fortes instruções, que permitiram-nos reconhecer o motivo e justificação das pressões que fomos sujeitos, então estudamos não só para garantir um futuro melhor mas também para aglomerar conhecimentos, sabedoria e experiencia. Hoje ganhei, adquiri certa maturidade e tenho vias de conceber coisas a um nível razoável. Portanto a experiencia politicamente caótica que vivo tem projectado-me numa frustração, desespero e tem roubado o sonho do meu futuro. Muitas vezes escolho ficar na sombra do silêncio, infelizmente a minha actual consciência não permita-me. Não é que, num sistema onde reina a injustiça, os silenciosos são os mais covardes como lambe-botas?

Sem sombra de dúvida que Angola é soberana; quer dizer, tem uma independência política, económica, cultural, social. Ela tem uma estrutura que depende da decisão, acção e determinação do angolano. Brevemente dizendo, depende duma visão puramente angolana. Dali foi pela primeira vez e oficialmente eleito o nosso JES!

Parlamento! Parlamento! Parlamento é uma instância, uma instituição governamental que tem abalado meus conhecimentos, por isso vou emprestando conhecimentos alheios para expor a minha barafunda.

O dicionário didáctico define ‘’Parlamento: a câmara legislativa, aos países de regime constitucional’’. Parlamento é simplesmente a instituição (instalação, material e pessoal operativo) que na nossa terra chamamos por Assembleia Nacional (AN). Na sua forma mais restrita a Assembleia Nacional pode se limitar pelas instalações onde os deputados (parlamentários) têm debatido questões decisivas a nação. Quando se fala em questões decisivas trata-se de um envolvimento de profundas analises partindo da fonte as consequências de importantes documentos sobre as leis, normas e princípios que vão constituir a constituição da nação e outros temáticos sobre os direitos e deveres da cidadania. O parlamento não é só casa de debates mas também de sugestões, criticas construtivas, onde as divergências produzem um bom e duradouro produto de fina convicção que garante o progresso da nação. O parlamento é então o sítio de produção, oficina, lavra, gabinete do deputado ou laboratório para a transformação de Angola.

Recorremos agora ao mesmo dicionário para explicar quem é deputado? ‘’Deputado: que faz parte da deputação (reunião de pessoas encarregadas de missão especial. Delegados). O que é eleito para representar a nação no parlamento’’. Para facilitar a compreensão, vejamos o que o dicionário explica sobre ‘’Delegado: substituto; comissário. Aquele em quem se delega’’ Um delegado não deixa de ser um enviado. Alguém quem vai representar outros com um definido. Um delegado nunca defende a organização com suas próprias ideias. Como encarregado numa missão, o delegado recebe da sua estrutura/núcleo recomendações para o debate, tendo capacidades de fazer prevalecer a opinião da organização para que as medidas conclusivas trazem sucesso, progresso a organização/sociedade. Ele deve possuir capacidade de convencer seus homólogos em debates, partindo dum estudo, analises sobre o assunto submetido a aprovação. Ele e mais do que um porta-voz.

Ao atravessar o hemisfério sul para o norte como do paralelo oriental para o ocidental verifiquei que um deputado é eleito. Ele é raramente digitado como tem sido habitualmente em Angola. Deputado tem uma missão que defende, protege durante o seu mandatário (bem definido). Em vários países deputados tem jurisdição. Jurisdição é o espaço territorial, uma porção limitada da terra/população. Um deputado defende os interesses duma certa zona, que vai levando a transformação e progresso.  Um deputado recolhe da população da sua jurisdição tudo que é necessidade, desejo ou que se precisa para elevar o nível da vida. Esta responsabilidade cria uma conexão, uma familiarização entre a população e o deputado. É da população que o deputado recolhe e infiltra suas informações e conhecimentos. Existe uma correspondência biunívoca entre a população e o deputado, entre as necessidades populacionais e o ideal partidário.

Observando o estilo da deputaria angolana os olhos fitam numa decepção. Não vamos esquecer que Angola é livre. Só que um povo martirizado por longos anos precisa um governo assentado no seu seio, colaborativo. Isto valorize o povo e prova que o mais importante é resolver os problemas do povo. Eu não vejo como a preocupação dos meus primos que vivem a mais de 500 km da capital poderá um dia chegar a nossa AN. Tudo indica como limitado é a visão do governo mal-intencionado e omnicansado de Luanda.

Aproveito esta brecha de saudar os esforços do governo na construção de novos edifícios do parlamento. Infelizmente os nossos burocratas deputados, pois a nossa AN que carece de tecnocratas, vão tornar com toda certeza estes por centros de business para um clube de fieis seleccionados, escolhidos e digitados que só defendem a vontade de um só elemento com o titulo de patrão, chefe, e que vão cumprindo ordens superiores.

É lastimável que ate hoje não se pode adquirir desde as comunas e municípios documentos de identificação nacional (diferentes certificados, bilhetes etc). Mesmo assim, a obtenção destes documentos nas grandes cidades necessitam ainda grandes piruetas e bichas; é incrível! Este também constitui o sinal da fragilidade administrativa, falta de boa vontade e patriotismo que vem reinando há mais de trinta anos.

A falta de aproximação e instalação de deputados no seio do povo prova que o país não está disposto, não quer adoptar a democracia. Que o governo não tem confiança a sua população, que é tão desconsiderada. Este comportamento é meramente o iceberg da corrupção e da ditadura, porque a visão do povo ficará eternamente despromovida e de nula importância. O deputado angolano defende e representa o ideal do seu partido e não da nação, isto também patrocina a divisão de classes, tribos, regiões etc. promove a politica da exclusão social, a injustiça e o desequilibro económico.

Tanto no parlamentarismo como no presidencialismo ou em qualquer sistema/estilo que se preconize criar a aproximação da deputaria as populações não altera na funcionalidade, valorização e benefícios.



Nkituavanga II