Luanda, que seria a capital angolana continuar sendo a capital da república
de Luanda conforme a curta visão daqueles que se intitulam dirigentes. O que se
passa actualmente em Luanda não se identifica com a lógica social na vida de
qualquer nação neste século XXI. Identifica-se actualmente duas condições que
se vive numa açoteia socialmente oposta. Soubemos que a aparência da paisagem
física é ilusionária como a própria história manipulada persevera sendo gravada
nas arreias a beira-mar.
O que se convive em Luanda é um clima de contradições sociais numas geofísicas
conflituosas. A actual urbanização de Luanda desenhada pelas assopradelas das
loucas forças da natureza tem em qualquer forma preconizado e determinado uma divisão
sócio-administrativa da vida na capital. Socialmente Luanda se divide em duas
partes: o centro e as periferias; que seria também interpretado numa lógica
banal como a capital da capital contra as províncias da capital. Tanto no
centro como nas periferias de Luanda existe um clima sociopolítico que vai
definir duas sociedades, dois mundos distintos paralelamente opostos, numa definitiva
prolongação sem interjeição.
Há silêncio no centro de Luanda, a capital. Depois das vertigens eleitorais,
a moralidade da nação sucumbiu num silêncio abismal. Os partidos políticos recorreram
a uma nova etapa da guerra-fria tipicamente angolana. Uma guerra ideológica
diferente a de posicionamento ideológico e poder de 1975. A pílula amarga das
eleições deixou um sabor nauseabundo na consciência de grandes partidos, que
decidiram um retrocesso as fontes ideológicas. Este silêncio no centro de
Luanda obriga os partidos às fontes da inspiração ideológica: a procura de
outras estratégias que poderão projectá-los a nova imagem antes as vindouras eleições.
Os partidos optaram pelo mutismo, a busca de novos valores capaz de combater as
injustiças, corrupção e nepotismo. Assim a Unita vai procurar uma nova dinâmica
para ser realmente a verdadeira cabeça da oposição. A morta Fnla, vai no seu
lado lutar para ressuscitar a sua alma e salvaguardar-se da maldição chamada
Lucas Mpipita. Quanto a Casa-ce emergente, vai organizar-se para substituir na
posição cimeira da oposição. O problemático Mpla também vai purificando-se das
impurezas da privatização do partido e da questão da liderança tão contestada
as escuras. Há silêncio no centro de Luanda condicionado pelo clima político.
A única pergunta subentendida que, predomina no quotidiano angolano, vai
poluindo num ciclo vicioso os ares do centro da capital: quem será o próximo PR
de Angola? Enquanto noutro pólo, entre os vermelhos alguém esta pensando na
liderança partidária. Tudo indica que o jogo será brutal!
Nas periferias de Luanda não há silêncio, mas sim choros e gritos. Há gritos
no Sambizanga. O povo esta chorando no Rangel. No Kazenga corre-se rios de
lágrimas. Mabor, Kilamba e tantas outras zonas de Luanda estão animadas pelo
desamparo, angustia e desespero. Este povo vai acompanhando de perto como a
esperança ou o futuro está-se afastando. Chora-se, está-se chorando; que tais
das chuvas, cheias, inundações, falta da luz, falta de água, ruas intransitáveis.
Há décadas que fomos continuamente alimentandos com promessas alucinárias pelo
vampirismo da política angolana. O povo das sanzalas vai chorando mas no centro
reina um grande silêncio. Portanto, queira como não, desta vez o grito dos
silenciados vai ecoando com grandes clamores o centro, a cidade, nas
instituições, nos palácios e ministérios. A comunidade internacional será em
altura desta vez de interpretar o sonho do mudo.
Nkituavanga II