Este último tempo
tem-se falado incessantemente sobre Madiba Nelson Mandela não só nos horizontes
africanos mas do universo. Nelson continua ocupando volumosas páginas de
jornais, magazines, rádios e de programas televisivos. Comenta-se quase em
varias fontes confirmando que a memória do Nelson ficará eternamente nas
consciências. Dá-se um estatuto meritório de imortal ao homem que combateu
contra o regime da injustiça, da desigualdade em África do Sul.
Portanto as vozes
de maturos e experimentados analistas da política angolana clamaram aos meus
ouvidos sobre esta afirmação, comparando ao que se vive actualmente em relação
ao Guia Imortal da revolução angolana, O saudoso Dr. Agostinho Neto. Neto
faleceu algum dia em Rússia, e, subitamente foi declarado Guia Imortal na
história de Angola. Enquanto vou riscar as tintas nesta página; já não se fala
de A. Neto. Quer dizer, passou do Imortal ao mortal. O que realmente tem se
passado? Crianças que nascem hoje não sabem nadinha de Neto.
Eu não gostaria
de responder esta critica afirmativa porque acho que é um ponto de vista muito
precioso que merece atenção. Ora Neto faleceu quando Angola era ainda uma
Republica Marxista Socialista, e o socialismo africano/angolano foi-se
constituído nos alicerces de slogans revolucionários. O dirigente político
sofria nas alturas umas tonturas causadas pela poesia, que se usou como arma
não só de combate mas também de propaganda. Angola habituou-nos a engolir
sapos, assim fomos acreditando tudo.
Realmente o
presidente Agostinho Neto seria imortal, mas alguma coisa aconteceu nos fornos
ideológicos do Mpla, que obrigou a máquina da propaganda de basculhar no
sentido oposto, escapando o controlo de antigos homens fortes da era do Neto,
que nas suas vezes encontraram-se nas escorregadelas. O poder caiu nos poderes
de novo substituído, o presidente JES. Este, sem experiencia e ambições pessoais
prometeu emocionalmente copiar tudo sem mesmo esquecer vírgulas. Como se diz ‘’a noite traz conselho’’ Nas suas horas
nocturnas, JES concebeu uma genuidade própria procurando marcar a história de
Angola puxando pelo nome da sua tribo/clã avante. Dai, a estratégia do Mpla
tomou uma nova direcção e o comando dos destinos do partido passou as mãos alheias.
Aconteceu então aquilo que considero como o nascimento de um novo Mpla tendo
uma nova visão, com uma nova direcção, nova historia e novos dirigentes com uma
outra forma de olhar, discernir e aplicar. Brevemente sabe-se que o Mpla de Agostinho
Neto já não é este que governe-nos hoje. Neto teve que mudar de títulos,
qualidades e honras porque já não ocupa a mesma posição histórica em Angola.
Eis a razão que caiu nos esquecidos. Neto perdeu a sua imortalidade como
Savimbi nunca teve, e muito menos o Holden Roberto. Hoje pensa-se e planeia-se
como o JES será imortal, pois é o Senhor da situação que tem a faca e queijo.
Não espero que
esta situação aconteça ao Mandela porque a mentalidade sul-africana não é
angolana. Os carcamanos tem uma consciência mais aclarada que angolanos. A obra
de Madiba ultrapassa de longe as da dupla Neto - JES. Existe ainda hoje povos
em partes de Angola que nunca conheceram Neto e nunca conhecerão o JES. Na
África do Sul combina-se o estilo da política africana e europeia enquanto em
Luanda não é o caso. Por consequência o Mpla continua ainda aplicar a exclusão
e uma forma do tribalismo subentendido mas está construindo Luanda. As obras de
Neto tanto do JES eram/são de tamanho angolano, enquanto as de Mandela
tem uma dimensão universal.
Na lógica da
angolanidade de hoje a injustiça supera a justiça! mas a universalidade escolheu Madiba.
Nkituavanga II