Desde a sua (suspiciosa) fundação ate hoje, o MPLA conheceu uma história
própria que não só evolveu com o tempo mas que causou e sofreu também grandes
metamorfoses no núcleo e na fisionomia do Movimento. Partindo do Movimento revolucionário
para a libertação a passagem ao Partido do trabalho, e ate que se transforma
duma sigla a uma entidade propriamente denominada MPLA, acumulou-se atributos
históricos que com o tempo provaram e caracterizaram o seu perfil,
funcionamento, historia, destino, objectivos, tesouro e reputação.
Vejamos uma coisa: um Partido Político (latim pars, partis =
rachado, dividido, desunido) ‘’é um grupo organizado, legalmente
formado, com base em formas voluntárias de participação numa associação
orientada para influenciar ou ocupar o poder político’’ conforme a definição de wikepedia.
Enquanto Tribo é definida pelo mesmo dicionário
como sendo: (do latim tribu) ‘‘o
nome que se dá a cada uma das divisões dos povos antigos, possuindo um
território e com algum tipo de comando, possuindo em comum a mesma
ancestralidade’’
Para especificar certos atributos socioeconómicos, nas sociedades africanas
numas certas limitações que caracterizem uma tribo, diria-se que ela pode ter
diferentes línguas que vem da mesma raiz linguística, e que nos remotos, os anciãos
ou a geração contemporânea compartilha a mesma geografia social. Pode ser um
conjunto de famílias, e mesmo de clãs que tem denominadores comuns tanto na
língua, hábitos ou costumes, e elos matrimoniais.
Com um reduzido grupo constituído pelos braços políticos e militares, que
veio instalar-se no novo território soberano de Angola em 1975, o Mpla
colocou-se logo a disposição da pátria negando qualquer colaboração com outros
movimentos revolucionários que também lutaram pela independência. Tendo uma
ideologia socialista na bagagem, o movimento comunista optou a dirigir o destino
da nação num estilo totalitário; sem concurso de outros que qualificara de
fantoches. Foi uma longa governação sob a ditadura proletariado, num território
poluído pelas guerras que dizimaram dezenas e centenas de filhos de Angola.
Foi um Partido que se montou com todas peças marxistas a procura obrigatóriamente colocar-se no meio da população sofredora. Pareceu-nos como se a
independência trouxe com ela uma certa maldição; porque Angola conheceu miséria
e sofrimento, não havia esperança e o pior foi que não havia saídas, porque
careceu-se também sabedoria politica. Por enquanto o factor guerra era um rico
argumento que tudo justificava. De outro lado, partindo das matas o Mpla teve uma
preferência de criar uma cobra no seio do partido como da nação. Com o tempo, as
mudanças politicas do universo forçaram o Partido do trabalho optar pela
democracia, uma vez o barco do progresso estava visível e a única oportunidade
era nele saltar. Optar pela democracia não foi uma opção escolhida mas forçada
pelos próprios ventos da democracia que abalaram o universo, depois da queda do
murro de Berlim.
A mudança ou transferência da mata a cidade não fomentou tantos transtornos
na consciência desses revolucionários como foi caoticamente provocado na passagem
do marxismo a democracia. Isto porque seus membros beneficiaram de uma
observação da Rússia e Cuba mas especialmente duma auto-espionagem nas
estruturas internas do Movimento como do Partido. A presença tanto física como
ideológica do Agostinho Neto também arrepiava, pois as consequências sofridas
pelos ditos fraccionistas eram uma lição do proletariado. O histórico Mpla ou o
Mpla movimento tinha uma consciência. O Partido do Trabalho nasceu logo com
crises de perca de memória. Aqui os anti-candonga tornaram-se candongueiros. O marxismo começou enfraquecer-se apresentando sinais de
rebentamento. A propaganda da oposição armada também desempenhou uma função
capital denunciando ‘’os segredos sujos’’ do partido de JES. E o tempo permitiu que o povo visse a verdadeira natureza do cameliao.
A função de um partido político é de desempenhar um importante rolo no
seio do governo, de unificar o povo num conjunto que tem controlo deste. Ele
desenvolve linhas políticas favoráveis e avantajosas, que interessem seus
adeptos mas também a população que poderá influentemente organizar para que
votasse ao seu ideal candidato, baseando-se do seu programa. Um partido não é
um estado mas um participante activo aos programas do governo em todos os
níveis, colaborando quanto necessário com outros partidos para o progresso ou
desenvolvimento da consciência nacional. Um verdadeiro partido aceita a
oposição, aproveitando sua s falhas para lançar seu programa coeso para o
sucesso.
Falando hoje do Mpla, encontre-se uma imagem muito diferente cuja historia
não tem haver com aquela do movimento e do Partido do trabalho. Hoje o Mpla tem
novas formas de gerir e dirigir o país. Tem novos dirigentes que continuam
emergir não das escolas do partido mas digitados com critérios inexplicáveis,
escolhidos nas famílias de elites e nas preferências de homens com influências
no círculo da alta liderança. Negam as concurrencias loyais e rejeitam toda proximacao.
Hoje já não se tem aquele Mpla que se infiltrou e se apoderou do povo Kimbundo
com que se identificava como movimento nacional e partido de angolanos. O Mpla
criou suas estruturas, com nova ideologia, tem suas fontes da inspiração e do
recrutamento do seu efectivo ideológico. Hoje o Mpla já não fala a língua do
povo. Tem a sua própria língua de comunicação. Tem uma filosofia indefinida e
indetectada, que só líderes da proximidade sabem classificar. O Mpla tem a sua
linguagem, que não é Kimbundo nem português, o seu modo de vida enraizado na
luxúria, tem seus aspectos morais, diplomáticos e estruturais, e formulou uma
historia própria que os ideológicos do partido como Lúcio, Lukoki,
nacionalistas do tamanho de Mendes, Lopo não sabem explicar e muitos deles vão abandonando
por decepção e morrendo por desgostos.
Assim como tem-se mudado a imagem de Luanda, se mudou as acumulações financeiras,
se mudou também a politica de gerência. O proteccionismo do MPLA em vários
domínios não facilitou a população reconhecer a visão deste. Este cegamente
calculado proteccionismo continuou sobrevivendo nas bases da política da
exclusão e do selectismo. Assim sofreram este, não só os povos do norte de Angola (conotados a
UPA FNLA), como do sul (conotados a UNITA) mas também os próprios do centro
(conotados hipocritamente ao MPLA). A exclusão social contra seus povos causou
um isolamento e ruptura entre o MPLA e a população abandonada ao desemprego,
pobreza e sofrimento enquanto nos alicerces do movimento caro ao Viriato da Cruz
criou-se círculos de influência no poder. Esses privilegiados descobriram as debilidades
do ‘’chefe’’ e lançam-se a caça da fortuna; pilhando tudo que Angola pode germinar
e produzir. Sabe-se bem, quando o barco perde a direcção, há sempre confusão, debandado,
massacres, torturas, saques, fugas, portanto distingue-se sempre na ultima hora um grupo de
aventureiros prontos a procurar soluções para remediar mas
define-se também heróis que desejam catapultar com o navio no seu naufrágio.
Como partido, o Mpla conseguiu seus objectivos de governar Angola. Ele fez
muito para mudar a imagem de Angola, especialmente de Luanda. Fez tudo para
reconstruir Angola; tarefa não fácil. Ele teve a vontade de realizar e realizou
muitos empreendimentos embora que careceu-lhe experiencia. Falou-se
constantemente da reconciliação nacional infelizmente procurou unificar-nos na
divisão, com agenda tribalista. O Mpla se caracteriza como dois tipos de
galinha. A primeira, o Mpla com história revolucionária, foi a galinha que
deixe-se queimar protegendo seus pequenos. A segunda, o Mpla de hoje que
continua sendo a galinha que chupa ovos. Este Mpla é visto pelos angolanos, e no exterior como tribo rica, multimilionária, que dirige uma nação capaz
de produzir 2 milhões barris de petróleo/dia, tendo uma população que vive com
menos de 1.00 dólar por dia, cujos dirigentes enchem salões de Bingos no Mónaco.
Foi em 1992 que o povo perdeu a sua esperança neste grupo; porque as cascas de
amendoins comidas nos fundos das águas têm paulatinamente subido nas
superfícies.
Assim nascemos na luta e crescemos na frustração pois na família fomos
criados em conjunto com cobras que foram digitados como filhos da casa. Nos
crescemos ignorando que os nossos são realmente cobras. Essas cobras cresceram
e vão multiplicar-se acreditando que são filhos da casa mas cobras… Os nossos
pais da revolução ficaram sem vozes. Já não tem como dizer-nos que os irmãos
não são filhos mas cobras; já que participaram nesta lavagem cerebral do Mpla contra os angolanos.
Talvez a morte console estes e aqueles que partem pois há tendências que a
tribo desse um salto, num futuro próximo para monarquia.
Nkituavanga II