Há quem profere que Angola é uma República bananeira. Dando possibilidade,
este pode evidenciar a sua tese com argumentos que justificam suas declarações.
Existem também aqueles que não aceitam Angola como uma República, pois pela
prática justifica-se como uma dinastia. Outros ainda imaginam que Angola é um
país rico, mesmo quanto a realidade fundamente a nossa pobreza e demonstra que
somos ricos vivendo na calamidade; assim obrigam-nos crer.
Crescemos com uma mentalidade emocionalmente comunista porque fomos
instruídos desde nossos locais de trabalho, quartéis, organizações populares
como a jota, opa e oma mas também nos centros escolares, que éramos camaradas e
não amigos, camaradas e não compatriotas, camaradas e não familiares por isso
cada um tinha a missão de controlar o outro, até espiar o outro para conservar
a segurança do estado, que era simplesmente o partido único. Isto implicava
queixar, acusar, reportar o mínimo erro ou falha do outro. Num outro falatório diria
denunciar ‘’o mal’’. Este mal só
tinha características angolanas, definidas conforme o dito partido. Angola
nasceu assim nesta ideologia!
Segundo o dicionário didáctico, o mal define-se por: ‘’tudo que prejudica, que causa dano ou que é contrario ao bem. Doença.
Dor. Desgraça’’. Eu tive complicações para explicar isso uma vez que eu
pensava defini-lo como pecado. Infelizmente declinei cair nesta armadilha para
não ser incriminado de religioso, que nunca gostei de ser. Portanto acredito
também que o mal é tudo que se faz fora das normas e regras gerais. O que não
segue a lógica, não respeite a ética e não se execute conforme a deontologia
profissional e patriótica. Tudo que se faz além, contra e em cima da lei e
produz insatisfação.
A actual misteriosa democracia implementada pelos comunistas de ontem não foi
suficientemente preparada para definir o mal. Como não pode se definir então
não se denuncia. O mal integra o nosso dia-a-dia, entrou na agenda da República
como positivo virtude. O mal é o convidado de honra nas instituições. Ele está vestido
de casaco vermelho, calça preta e calçado amarelo. Isto porque nunca tivemos
aulas de civismo nem da religião, porque alguém decidiu de fazer-nos fanáticos
de um homem e não de deuses. Os valores morais da nossa cultura e sociedade vão
cada vez mais se evaporando.
Denunciar o mal é hoje negócio de invejosos, de frustrados, de falhados até
de fantochadas. Calar ou fechar a boca é patriotismo enquanto denunciar é
covardia; por consequência reclamar seus direitos é rebelião, atentado contra a
integridade territorial, contra a segurança nacional.
Se por uma obrigação sociopolítica não podemos denunciar o mal talvez tenhamos
o mínimo direito de rejeitá-lo. Que fazer? Fomos erguidos como políticos no
sentido oposto. Querem fazer-nos crer e aceitar que tudo enquanto feito por
eles é sempre bom. Mesmo quando as consequências semeiam miséria, sofrimento e
retrocesso. Que o mal não existe nesta terra onde foi instaurado o espírito de ‘’sim
senhor’’ partindo do Parlamento que foi se alargando no seio dos populares.
Que somos nos então? Uma Republica bananeira, uma nação de mentirosos, ou um
país de covardes? A proliferação do mal está atingindo todo tecido social e vai
estendendo-se até agasalhar todas as culturas. Só que o mal não reina
eternamente, queira como não, ele acaba sempre ser exposto a vista dos cegos. Aí
está… tudo que brilha não é …O mal nunca mude de cor, cheiro e efeitos.
Nkituavanga II