Em pouca palavras
liberdade de expressão deriva do direito de exprimir-se livremente num espaço
com palavras que tem um sentido, uma significação e valor. Por isso no exercício
da comunicação, falar/se exprimir é de antemão precedido pelo processo de
reflexão e analise. Nesta conjuntura não vejo como algum angolano pode
responder a contenda de ter a liberdade da expressão sem primeiramente
responder a seguinte questão: será que o
angolano tem o direito de pensar? Diria ainda que pensar e ter o direito de
pensar são duas distintas referencias.
Abordar
profundamente esta questão é muitíssimo riscante pois estimula a nervosidade daqueles
que aperfeiçoaram-se na arte de intimidar. Pensar, ainda não deixou de ser uma
faculdade humana, natural e normal para cada cidadão tendo um estado são. Este
poder de raciocino foi aos angolanos retirado e substituído por uma faculdade
mecânica. Não digo isso de forma pejorativa mas prática; visto que alguém
procura, tenta e exige-nos pensar de acordo com as orientações partidárias,
segundo ordens superiores e seguindo fulanos inconscientes e incógnitos. Talvez
haja um artigo constitucional que proíba o direito de uso dos cinco sentidos
aos angolanos. Quem sabe?...
Quando os ditos intelectuais
duma nação perdem capacidades de diferenciar um governo a um partido reinam
trovoadas. Quando alguém se posiciona em cima da constituição, a lei fica
abafada e instaura-se a corrupção. Quando um partido está em cima do governo e
de todas instituições tudo torna-se disfuncional. Quando se debate no nosso
Parlamento assuntos premeditados, já resolvidos, já determinados, já consumados
então perde-se o tempo e já não se ganha (salários) mas se rouba (fortunas). O
que realmente se passa é um cenário muito desgostoso. Coloca-se indivíduos como
deputados discutindo durante longos tempos e anos assuntos que já foram
decididos pelos superiores. Neste caso apresenta-se puramente um concerto de
uivadores. Debates inúteis e infrutíferos.
De mesmo tem
acontecido com as eleições! Porque então esbanjar tanto recurso: força de
trabalho, equipamentos, tempos e meios financeiros para algo que não produz
efeitos; já que os resultados são premeditados e predeterminados? Para que
servem estes protocolos?
Nunca, na nossa
terra, fomos consultados mesmo pelos beligerantes tanto pelo partido da
situação como pela oposição. Fomos e ainda somos obrigados a fazer coisas injustas,
inumanas, cruéis que nunca desejamos. Tanto faz gritando ou chorando de dia
como a noite, no cachimbo como no tempo chuvoso ignorem-nos. Sentados numas
banqueteiras riem-se de nos. Porque alguém nega teimosamente reconhecer que
temos também ''miolos'' para pensar e que ninguém deveria pensar no nosso lugar!
Hoje em dias, os pais matam-nos e os filhos enterram-nos. Vão escravizando-nos
silenciosamente enquanto vão bruscamente e agressivamente enriquecendo-se,
portanto ontem diziam-nos que éramos todos cegos e que não tínhamos morcegos.
Quem ainda tem
duvida que pensar é um direito divino? Queira como não; em qualquer território
os "karkamanos" tem sempre dias contados!!!