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quarta-feira, 9 de março de 2011

A (IN)CONSCIENCIA DE UM DITADOR


Como sabeis que as moscas se concentram onde há algo cheiroso ou simplesmente apodrecido. Assim nestes últimos tempos a visão da humanidade está mais meditabunda onde há turbulência política. Este clima da zona mediterrânica e do meio oriente é tão atractivo que até analfabetos tem uma curiosidade que transmite a mesma mensagem das moscas; porque algo está apodrecendo. Aqui não há escolha, pois tanto os metafísicos como ateus, acreditem que chegou o tempo das mudanças. Portanto esta mudança tão esperada vem surgindo e exigindo aos desesperados um tremendo preço colorido com o sangue dos sem vozes. Aié, o preço da liberdade é só pago a quem quiser a liberdade.

Liberdade, opressão, ditadura, manifestação, fuga, democracia, guerra e tantas outras palavras derivadas destas, são notórias palavras que enriquecem os dicionários da filosofia, da religião e da política. Essas palavras não são do uso familiar ou do dia-a-dia mas estão em vogue nesta temporada. Mesmo os apolíticos falam deste clima político que abala o continente africano. Esta enfermidade política não só afectou o Egipto, a Tunísia e Líbia mas não deixa em paz os povos oprimidos que continuamente vão orando e esperando a chegada destes ventos. Infelizmente muitos dirigentes e suas cúpulas continuam vivendo com palpitações uma vez não têm consciência tranquila, devidas suas formas e maneiras (estratégias) de dirigir as nações. Há pânico no continente negro onde tem prevalecido quase em cada território o totalitarismo.

Na realidade tivemos homens com rostos de monstros a dirigir-nos neste continente. Uns, ainda ontem eram fieis amigos do ocidente e do mundo desenvolvido mas (in)felizmente são hoje classificados, pelos mesmos, como grandes ditadores. Outros por razões desconhecidas fizeram-se inimigos dos seus povos, que negaram olhar mas procurem hoje como aproximar-se destes. Dali alguns procurem com antecipação e estrategicamente melhorar as condições destes povos, que sempre consideravam de lixo social ou restos da humanidade. Há tranquilidade em quase nenhum país subsahariano, embora que muitos procurem formas de dissimulação mas o pânico não é subentendido. Observar estes países e como se observasse um bêbado. Um homem bêbado quando apresenta-se diante de alguém procure, com toda a sua energia, caminhar direito, pensa e convence-se que está andando direitinho, enquanto quem o observa vê como o serpenteado bêbado anda torta-direita. A chegada desta democracia é uma bola cheia que não se pode manter no fundo das águas. Ela não pode ser desviada, nem travada e não há ciência ou teoremas em uso para manipula-la.

Não há engano porque o povo sabe bem diferenciar entre o good and bad leader como entre a clareza e obscuridade. A consciência de cada homem ajuda-lhe a uma auto-classificação, assim um ditador sabe bem a sua posição, antes que seja apontado pelo povo. Há elementos que foram eleitos, digitados, auto-proclamaram-se ou mesmo golpearam outros e ficaram no poder, no topo da nação. Uns são presidentes, outros reis a dirigir repúblicas ou reinos mas que finalmente optaram uma forma de dirigir a braço de ferro, que não deixe espaço de respiração ao seu povo impondo uma pressão que vai sufoca-lo em qualquer parte do território nacional e em qualquer esfera da vida social e profissional. Na verdade um ditador é a verdadeira incarnação do diabolos na terra pois vive e dirige sem consciência. Um ditador é aquele ‘’chefe’’ que manda tendo um poder ilimitado, em cima da lei. Ele é realmente um tirânico que não considera as instituições já que o seu poder absoluto dê-lhe o direito de fazer e desfazer quando e como quiser e achar.

Em África, um ditador nunca tem consciência própria. Ele não é maluco nem drogado embora actua como fosse. Um líder africano é muitas vezes teleguiado pelo mundo desenvolvido, pela mulher ou mesmo pela kimbanda mas a sua grande preocupação reside na acumulação de tudo: fortuna, poder, fama, mulheres (omito maridos porque até aqui só tivemos uma mulher no poder na Libéria), propriedades e volumosas contas bancárias no estrangeiro como sempre.

Na acumulação de poderes, um ditador coloca-se sempre em cima da lei e das instituições. Ele procura fazer cumprir e respeitar a lei enquanto ele, a sua família e o seu círculo nunca respeitam a mesma lei. Em todos os regimes ditatoriais no continente verifica-se sempre a dominância da corrupção. Esta corrupção encontre a sua seiva desde o tronco principal, que é o palácio presidencial. Um tirânico não hesite matar. Esta é a dinâmica em uso para acabar com toda a oposição. O pior de tudo é que nenhum ditador acredite que haja no seu país outro elemento, independentemente dos seus filhos, capaz de dirigir como ele. Por isso pensam todos eternizar-se no poder em qualquer preço. O louco de Mobutu mesmo doente não quis deixar o poder. Gadaffi é hoje capaz de matar toda a população só para se manter no poder. Chaucescu tinha fugido mas preferiu voltar a pátria para continuar no poder antes que seja visitado pelas balas mortais.

Um autoritário tem uma (in)consciencia que estimula-lhe não só dominar a politica mas também a economia. Ele procure ter os mais luxuosos carros e apartamentos tanto no país como no exterior. Ele sempre confunde o seu próprio bolso ao bolso do estado. Até porque considera o país como a sua própria propriedade privadíssima. O país é para ele uma herança como bolo que pode distribuir com seus incalculáveis filhos, oriundo duma autêntica poligamia. A acumulação de toda a riqueza nacional torna-lhe cego que perde confiança aos bancos nacionais preferindo salvaguardar estupidamente sua fortuna além fronteira; no continente dos colonizadores. Um ditador condena sempre a sua própria população a miséria, preferindo investir todo o dinheiro no exterior. Isto é prova que nunca tem consciência pois logo a sua ascendência perde logo o cérebro. A riqueza que Ben Ali deixou na sua casa demonstra a insanidade de um ditador. Como explicar alguém possuir mais de 60 bilhões como Mubarack surpreendeu a humanidade?

Não só um ditador sabe colocar seu povo no inferno da miséria e sofrimento mas como egocêntrico torna-se monstruoso agente de mal porque sabe eliminar perfeitamente toda a elite intelectual do país. Todo ditador africano acredita ser duro nas suas tomadas de decisões e tem a melhor arte de mentir seus companheiros do partido/estado mas perante os europeus assina sem verificar! Um ditador africano nunca tem emoções ou sentimentos, por isso mata sistematicamente sem crepúsculo. O homem informado ou com o mínimo de conhecimento é sempre o pior inimigo de um ditador mas as estruturas organizativas e infrastruturas são seus indesejáveis amigos no território.

Qualquer ditador é destrutor. Qualquer ditador é sanguinário. Todo ditador africano é polígamo. Qualquer ditador é ladrão mas nenhum ditador é patriótico e nunca pode ser nacionalista porque sofre da cegueira. Todo o ditador tem um fim de poder muito dramático, deixa cicatrizes na geografia histórica da nação, onde vai ocupando um espaço vazio. A consciência de um ditador é sempre nula pois possui um cérebro regulado e estimulado pelas formigas. Muitos de ditadores fazem parte de ceitas obscuras e misteriosas, uns são cangonheiros e outros drogados. Como sempre, um ditador nunca é amigo do povo, que nunca defende. Os herdeiros de um ditador são sempre visitados pela miséria e tormentos. A experiencia indica que a actual geração de ditadores é a penúltima no mundo por isso é possível de dizer ‘’hasta la vista’’ este ano aos tiranos de África. Um ditador nunca vive bem no asilo. O defunto de um ditador africano nunca é honrado.

A questão não é quem será o próximo mas quem poderá resistir? pois alguns serão eliminados pelos espaventos.


Nkituavanga II