Muitas vezes somos convidados a explicar certas coisas em formas
comparativas para facilitar os problemáticos de poder cativar as revelações. Isto
muitas vezes não tem nada haver com a capacidade intelectual do individuo, sabendo
que fomos todos sujeitos ao brainwasching
process duma revolução cuja ideologia era de dividir para melhor reinar.
Observando o mapa geográfico de África vê-se logo um grande espaço
territorial colocado em cima (ao norte) de Angola que na realidade é maior a esta.
A RD do Congo, o ex-Zaire de Mobutu é o país que tem uma fronteira terrestre
que cobre quase a metade da fronteira não marítima de Angola. O Congo não só é
maior (com 2 345 000km²) que Angola mas é também mais povoado (estimada + de 60
milhões) e mais rico em termo de mineral (coltão, cobre, diamante, urânio,
(floresta equatorial, okapi), petróleo etc.).
Historicamente o Congo ajudou, participou e colaborou sem sombra de dúvida para
a independência de Angola. Não se vai negar as influências negativas deste, mas
não implicaria rejeitar hipocritamente o positivo. Congo albergou a FNLA, MPLA
e UNITA no seu território, onde quase a maioria de dirigentes não só transitaram
mas viveram. Não foi o famoso discurso de Mobutu nas tribunas da ONU que
alarmou o mundo sobre o comportamento nefasto dos portugueses e compadres em
África? Que acelerou as independências de muitos países incluído Angola.
NOUTRO LADO
O grande revolucionário e filósofo Frantz Fanon, uma vez declarou: ‘’a África tem a forma duma pistola cujo gatilho é no Congo’’ nesta
realidade geoestratégica eu vejo e tenho declarado que: Angola é o ferro em meio arco da pistola que cobre o gatilho dando-lhe
protecção e manobra para circundar’’. Pondo esta declaração com os
acontecimentos de hoje numa mistura das minhas concepções, vejo um grande filme
surpreendente que vai se desbobinando no mundo.
Os congoleses conheceram uma ditadura de mais de 30 anos, facto que fez que
hoje a juventude congolesa se espalhe no mundo. Congo é actualmente reconhecido
oficialmente como único país do mundo que tem cidadão em cada nação do globo. Num
passado próximo o congolês foi então visto no mundo como BMW (Bier (cerveja),
Music (musica) e Woman (mulher; designando mulherengo). Esta fraqueza de ontem
vai-se paulatinamente transformando por uma força. Então o BMW de ontem fez-se
hoje combatente.
O Congo acaba de sair do período eleitoral e entrou numa revolução tumultuosa
que vai cristalizar a consciência da humanidade numa exposição onde os bons vão
se separar dos maus. Permite-me dizer que nunca houve eleições justas no mundo,
porque mesmo nos países desenvolvidos, as eleições foram sempre conotadas com
fraudes. Assim como já se viu na Alemanha de Helmut Kohl, Na América de Jorge
Busch, Na Rússia de Putin, No Zimbabwe de Mugabe, em Angola de JES etc. O que
se passou no Congo não se pode considerar por eleições! Foram na realidade as
eleições mais sujas do planeta. Nelas foram apanhados boletins de voto antes e
mesmo depois do período eleitoral. Surgiram boletins sem a figura do
Tshisekedi, candidato do povo. Outros apareceram com um postulante desconhecido
a mais. Carros da ONU foram surpreendidos cheios de boletins de votos já
marcados, digitando Kabila. Foram apanhados boletins armazenados em muitos
edifícios de igrejas. Kabila cometeu a imprudência de ganhar 100% numa
província, justificando que o povo vive do tribalismo. Na cabeça do CENI
(comission electoral mational et independante = ao CNE angolano) colocaram um
pastor co-fundador do PPRD (partido de Kabila, que se candidatou como
independente só pelo facto de não ser fundador deste e intenciona criar seu próprio
MPLA congolês).
Tanto em 1992 como em 2006 houve eleições fraudulentas em Angola, onde se
verificou a obra do músculo escuro do MPLA na manipulação da consciência do
cidadão. Primeiramente houve grandes batotas e cambalachos nas campanhas e
propaganda. O MPLA fez-se dono de todo equipamento, apropriando-se de tudo
desde simples ar atmosférico, tempo, vidas de angolanos, rádio, televisão, bancos,
meios de transporte e todas as infrastruturas que serviam para o evento. Angola
conseguiu de esconder fantochadas urnas aquarteladas no Congo, Namíbia e em
diferentes quartéis militares só para garantir a vitória dos comunistas. Esta
mesma prática Angola usou em 2006 para garantir a cadeira presidencial ao
Joseph Kabila kanambe.
Hoje o mesmo Kabila ganhou ilicitamente as eleições mas teatralmente depois
uma vitória que se diz convencida, enche as ruas com 25 000 mercenários vindo
de diferentes países como Ruanda, Uganda, Tanzânia, Angola, Zimbabwe e África
do Sul para alem das forças da ONU. As ruas de Kinshasa são invadidas pelos
tanques e tropas armadas ate aos dentes caçando uma população indefesa.
Legalmente Kabila ficou na terceira posição e reconhece sem dúvida que houve
irregularidades.
Kabila que fez um juramento na presença de uma população reduzida e numa
esquina ao lado de um quartel militar encontra resistência nesta rivalidade
presidencial com o populoso Etienne Tshisekedi. No seu juramento oficial
participaram vários músicos e artistas da comédia congolesa e dois outros
candidatos a mesma presidência como Kengo Wa Dondo que possivelmente será o
primeiro-ministro do governo kabilista. Independentemente de embaixadores, não
houve representações estrangeiras se não for os de ONG’s. Angola fez-se
representada pelo ministro das relações exteriores enquanto Congo Brazzaville
enviou seu ministro de transporte para dignificar Kabila como antigo taxista em
Ruanda. O único presidente no mundo que presenciou as aventuras de Kabila foi
Robert Mugabe do Zimbabwe. Por seu lado, Tshisekedi foi impedido de jurar como
previsto no grande estádio Kamaniola. Este viu a sua residência barricada por
uma armada com tanques prontos para ‘’apanha-lo’’ felizmente salvo na última
hora numa chamada urgente de Hillary Cliton. Congo é hoje palco da revolução!
Talvez Congo será a tal trincheira firme da revolução que Agostinho Neto
sonhara.
O medroso congolês de ontem se metamorfoseou, pois já não conhece o medo.
Com os congoleses, nasceu em vários países europeus uma revolução que faz
estremecer as consciências. Em Kinshasa existe hoje muitos reduzidos bolsos da
resistência e o ambiente está dominado pelo medo, terror, óbitos, choros, caça
e tiroteios etc. Noutras províncias há calma mas em Kananga e Baixo-Congo
vive-se o terror imposto pelos cães angolanos da guerra. A tropa angolana já
entrou em cena como sempre sem que haja opinião do dito parlamento. O chefe não
hesitou para lá mandar seus cachorros mas a única preocupação foi explicar ao genro
Sidiki Dokolo que lá se vai proteger os interesses nacionais e impedir a
movimentação as forças da FLEC, pensando que este não sabe localizar Kananga no
mapa do Congo e Cabinda em Angola.
Na diáspora, penso eu que o congeles vai dando lição ao resto do mundo
juvenil africano. Revejo o cenário onde o revoltoso Libório do Bem-Amado
estrangula com uma tremenda força a sua ladroeira esposa. Quem poderia imaginar
que o jovem Cedrick apetrechado com um patriotismo abandone Angola e regressa
ao Congo só para eleger o candidato do povo Tshitshi. Infelizmente o voto do
rapaz foi desviado a vantagem do Kabila e Cedrick heroicamente para reivindicar
seus direitos ascende seu corpo agasolinado e queima-se. Que bravura? Mesmo se
alguém considere por estupidez!
O que foi alcunhado por BMW levanta e mete-se a gritar ao topo da sua voz apelando
povos do mundo ao reconhecimento dos seus direitos e respeito a sua escolha. O
congolês da diáspora vai manifestando em Londres, Bruxelas, Toronto, Venezuela,
África do Sul, Escócia, Cap Town, Jonesburgo, Alemanha, Suécia, Dinamarca, Paris,
Austrália, Washington, Correia etc. A Bélgica, a metrópole colonial vê suas
lojas evaporar nos incêndios. As embaixadas congolesas no exterior estão
completamente fechadas (excepto em Luanda e Harare). A luta é dura e será longa
mas o combatente (que achávamos de Libório) está preparado.
A INSENSIBILIDADE DO OCIDENTE
Perante estas manifestações, os grandes dirigentes guardem o silêncio, As
contas já foram calculadas e rejeitam qualquer mudança de plano. Sarkozy da França,
Cameroun da Inglaterra, Obama de América adicionando o rei da Bélgica já tem
preferências mas as multidões continuam berrando nas suas respectivas portas e
gabinetes. O mundo guarda o silêncio quando o congolês/africano vai continuando
morrer com as balas das Faplas e Kabila. Para o ocidente nesta altura o negocio
é mais importante que o homem; perdeu-se então o sentido do humanismo por causa
de diamantes, ouro, petróleo etc.
As mulheres congolesas, as mães lamentaram, choraram os mortos e reflectiram
como milhões de mulheres foram e continuam sendo violadas. Elas clamaram ao
mundo e o mundo optou pela mudez. Votaram e seus votos foram usurpados. O
ocidente, campeão da democracia estampou os seus direitos. Elas decidiram
manifestar no recinto da embaixada dos Estados Unidos de América em Kinshasa.
A mulher africana é na cultura do continente um ser sagrado. As mães
congolesas levantaram suas vozes e foram a embaixada americana reclamar seus
direitos. Elas trouxeram o seu memorandum
que foi dificilmente entregue aos diplomatas americanas, que mostravam pouca
vontade em recebe-lo. Elas ficaram lá chorar e gritar durante o dia, sem comer
nem beber. Lamentaram dormindo, rebolando no chão com dores, pena e choros mas
não houve reacção americana e tudo ficou sem efeito.
Logo ao anoitecer, penetra no recinto da Embaixada Americana um grupo
armado de militares apoiados com tanques e armas ligeiras tanto pesadas.
Lançaram contra as fracas mulheres gases lacrimogéneas, roubaram suas carteiras
e telemóveis, tiraram-lhes sapatos e ‘’suraram-lhes’’ ate ao desfiguramento. Outras
conseguiram escapar apenasmente com fato de Adão. Isto tudo, foi bem
presenciado com sabor pelo pessoal da embaixada americana sem que se fala de
agressão neste santuário.
O que se passa hoje com os congoleses pode se passar amanha com o resto de
nos. Eu sou solidário com este povo não pelos laços políticos mas pelos factos
históricos que compartilhamos mas também vejo algo que outros não vejam. ‘’O galo que se alegre hoje pela morte do
pato, será……’’
Ate 2012!
Nkituavanga II