Não há dúvida que Angola já foi uma trincheira firme da revolução em África, enquanto hoje ela não pode se considerar como tal. A história do continente prova que muitos líderes africanos diligenciaram em todas as circunstâncias para que Angola se libertasse do jugo colonial e muitos povos patrocinaram, oferecendo seus territórios e outros meios aos movimentos revolucionários de Angola. Uma vez independente, Angola jogou um papel preponderante para o alcance das independências da Namíbia e Zimbabwe mas também da ANC para findar com o vergonhoso sistema de apartheid implantado em África do Sul. Angola ainda concedeu uma importantíssima ajuda a OLP de Yasser Arafat e do esquecido movimento Saharahiu que combatia nos Marrocos.
Angola que sempre desejou possuir um poderoso exército também enviou seus mercenários para desalojar Mobutu no reinado e ara a instalação do Laurent Kabila no Congo. No Congo Brazzaville também viu-se um depoimento de tanques angolanos rasparem as poucas pequenas cidades recolocando o Sassou Nguessou no poder. Os guineenses que participaram a caça e ao último assalto contra J. Savimbi, viram também as tropas angolanas desfilarem suas ruelas em tempos de necessidades. Angola que procure eternamente um lugar entre os grandes no continente continue enviar seus internacionalistas em todas as frentes de combate que vão surgindo no continente. Esses contingentes militares são enviados por varias missões e em varias razoes nomeadamente amizade e cooperação, lucrativas (financeira, uma vez oferece uma factura incontrolada pelo governo e AN), prestígio moral (para a honra do JES) e capacitação militar (testar o material e estratégias).
A realidade proporciona uma experiencia revelando que a actual formação e capacitação militar das FAA não é comparativa as das FAPLA. O novo exército do MPLA que constitui as Faplas e o exército integrado da Unita tem um equipamento modernizado mas apresenta muitas lacunas e debilidades em termos tácticas uma vez tem um leadership militar (quadros superiores) muito corrompido visto que opera como um mecanismo partidário e politico. Elas perderam a preparação politica e a motivação profissional baseia-se no rendimento monetário e material. FAA não tem a complexidade e homogénea que as Faplas tiveram, mesmo sendo na altura pobre.
Num passado recente, as tropas de Angola participaram direitamente nas confrontações armadas no Cote d’Ivoire apoiando as forças do presidente Laurent Gbagbo. Esta hipócrita participação foi energicamente denunciada pelos angolanos mas oficialmente rejeitada e negada pelo governo de Angola incluindo a Presidência. Finalmente a ‘’gravidez’’ começou apresentar suas formas quando centenas de militares angolanos foram feitos presos e que obrigou o governo de Luanda negociar suas libertações. Assim o que era negado foi exposto a vista do mundo deixando as gloriosas FAA submetidas a vergonha.
Hoje corre-se o risco de repetir a mesma vergonha de Cote d’Ivoire uma vez já se repara a presença de tropas angolanas na região do Bas-Congo, neste tumultuoso período eleitoral. Angola que se preocupa com a situação no Congo vai jogar a mesma hipocrisia de ontem declarando oficialmente que está ausente no teatro militar naquele país vizinho. Evoca-se em Angola a questão de Cabinda e a longa fronteira que Angola compartilha com o Congo como motivos da preocupação mas Angola vai ignorando que as actuais eleições no Congo tem um carácter paralelo as promessas deste povo. A presença das FAA no Congo vai ainda complicar a situação uma vez as tropas de Ruanda e Uganda já estão massivamente no terreno. Existem probabilidades que estas forças venham fazer um face-a-face muito desastroso no solo alheio.
Em caso que haja um levantamento do povo contra qualquer eventual fraude a sua vontade, seria uma dupla vergonha para as tropas angolanas com altíssimos riscos de perder o seu estatuto e sujar a sua reputação. Quando as forças estrangeiras são capturadas já não se desmente e isto já se experimentou no Cote d’Ivoire. As tropas angolanas são bem conhecidas pelos povos da região do Baixo-Congo e suas movimentações nestas regiões já são assinaladas em Tshela e Songololo.
Nas passadas fraudulentas eleições do Congo (2006) muitas fantochadas urnas, tendo cartões já preenchidas foram introduzidas desde Cabinda/Angola.
Até quando a Africa será unida?
Nkituavanga II