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sexta-feira, 6 de julho de 2012

NA CONTINUIDADE DAS BURLADAS ELEICOES



Tanto nos meios restritos como na sociedade angolana em geral fala-se infinitamente das eleições. Esta palavra não é velha/antiga no dicionário angolano, pois a colonização portuguesa não só negou-nos este direito, sendo encarada por raça inferior, mas proibiu-la penetrar a consciência angolana. Muitos de nos temos falado quotidianamente sobre as eleições de forma papagaia, conquanto que temos vivido e sofrido suas consequências. Quando se fala sobre eleições em qualquer espaço geográfico do globo, a articulação desta palavra impulsiona a consciência com um aprazimento que espalha um faiscado cheio de esperança, de desejo, confidencia, crença, antecipação e expectação. Ate mesmo quando não percebemos o verdadeiro sentido e significado da mesma.

Eleição é o processo de eleger, escolher, seleccionar um cidadão por meios de votos para ocupar uma responsabilidade, posição autoritária e acarretar os destinos duma estrutura, duma organização qualquer para o seu aperfeiçoamento. Neste processo, o eleitor (homem chamado a eleger) deve gozar ou exercer seus básicos direitos; tais como a paz, a liberdade. Isto quer dizer o eleitor não deve consentir influencias externas nem pressões ou outras consequências que podem corromper a sua consciência ou causar danos emocionais como físicos. O cumprimento destes princípios faz com que as eleições tenham um carácter democrático: livre e justo na pacificidade. Nas eleições, o cidadão valorize e use o seu direito de exprimir-se livremente através as urnas. O voto simboliza a livre linguagem do povo pondo em acção a sua decisão através o que se considera por cartão de voto. Este voto segredo e livre será depois transferido a uma ficha mecânica ou electrónica para a posterior contagem.

Depara-se nas terras angolanas com muitos fenómenos sociais que por uma obrigação moral e política exigem que o cidadão seja primeiro educado/enquadrado. Primeiro, o angolano não tem ainda experiencia no que concerne as eleições. Segundo; a maioria da população é analfabeta ou talvez carece de um bom nível educacional que lhe permite eleger sem a ajuda dos terceiros/instituições.

A realização das eleições requer um minucioso estudo para estabelecer as instituições, criar as leis gerentes, planificar o tempo e calendários, decidir sobre a verba e seleccionar candidatos. Nas eleições livres, um estudo demográfico é importante pois nele vai-se (talvez) efectuar o recenseamento populacional e a localização de eleitores por determinadas zonas para que estatisticamente se coloque postos/centros eleitorais.


Experiencias angolanas

Angola soberana foi dirigida desde a sua independência pelo MPLA partido marxista, que inseriu a nação a um regime comunista/totalitário. Durante mais de 20 anos, o povo angolano ficou sem direito de votar uma vez os dirigentes eram digitados/apontados conforme a fidelidade partidária e militância. Assim tanto Agostinho Neto como o seu sucessor José Eduardo dos Santos jamais e nunca foram eleitos.

No fim da guerra civil entre angolanos, o país transitou subitamente e teoricamente do comunismo a democracia ou melhor do totalitarismo ao pluralismo. Houve então mudança do sistema económico mas também politico infelizmente mantendo a mesma consciência. A primeira tentativa de realizar eleições livres e democráticas fracassou depois duma primeira volta coroada pelas burlas e tão contestada, que ofereceria mais tarde a nação uma factura de massacres ate genocídios. Em 2008, 6 anos depois de festejar a morte de JM Savimbi, o país com toda imaturidade proclama sob emoções as eleições carregando os mesmos erros do passado.

As eleições de 2008 não foram organizadas pela classe politica angolana mas foram preparadas, organizadas e patrocinadas pelo MPLA, partido no poder desde 1975. Face a uma oposição desorientada, desorganizada, indisciplinada e inexperiente o MPLA teve facilmente o controlo das operações.

Não se criou instituições independentes para supervisar as eleições. Deu-se grande brecha ao partido no poder de digitar no topo da Comissão Eleitoral seu pião, de estender o seu poder de controlo ate aos grupos de observadores internacionais, que também sucumbiram nas belas promessas do Partido de trabalho.

Nas eleições de 2002 conseguiu-se infiltrar urnas fantoches desde certos países vizinhos mas em 2008 as fantochadas urnas foram bem armazenadas em vários quartéis militares e em varias instalações da segurança nacional. Reitera-se que para alem dos agentes formados oficialmente para cuidar deste processo eleitoral, o partido-governo tinha preparado paralelamente pessoal militar capaz de realizar o mesmo género de trabalho para garantir a vitória de Movimento Popular e o seu presidente: o prometido foi feito!

Deu-se 45 dias de preparação ou mobilização oficial aos partidos da oposição enquanto o partido da situação tinha iniciado a sua maratona eleitoral já há 2 anos. O MPLA realizou uma campanha muito muscular monopolizando todas as instituições governamentais a trabalhar pela sua conta. Assim muitos representantes de partidos foram impedidos de viajar usando meios de transporte pertencentes as empresas estatais. Pais e encarregados familiares foram ameaçados de perder seus direitos as instituições escolares e de saúde, caso que seus pupilos votassem pela oposição. Sobas foram galhardeados com televisores mesmo vivendo nas zonas sem electricidade. Em troca ao seu voto, velhos patifados receberam motorizadas.

Angola que prometera dar uma lição democrática a outras nações africanas terminou com as eleições mais suja, fraudulenta do continente, onde o MPLA atribuiu aos outros partidos o resultado por si calculado, desejado, da sua preferência e finalmente arrogou-se 80% de vitoria esmagadora ao partido de José Eduardo dos Santos. A comunidade internacional como sempre, silenciou-se, esperando uma vez pela derramação do sangue dos africano.

Os países desenvolvidos como a comunidade internacional já vêm determinados com uma agenda que não consiste pelo respeito de direitos do cidadão nacional, mas para conceder ou manter uma vantajosa continuidade da sua presença manipulativa na economia e politica desta nação. Vem para colocar no poder aquele partido ou marioneta facilmente manipulado, capaz de defender e proteger seus interesses em detrimento dos nacionais. Foi assim que as empresas brasileiras e espanhóis foram contratadas para garantir a vitória do MPLA falsificando ate aos miolos o resultados.


Aproxima-se ainda as novas eleições escandalosas (2012), como diz-se na terra, onde um jogador será ao mesmo tempo capitão e treinador da equipa, colmatando também a função de árbitro: em Luanda/Angola tudo é possível. O vencedor antecipado é conhecido mas vai-se as eleições só para permitir a oposição de fazer a escolha da língua nacional com que vai desta vez utilizar para lagrimejar. Mais um processo protocolar de gastos de dinheiro, quando o angolano não tem como alimentar a sua vida. O MPLA carrega consigo uma tremenda vantagem como dono da mídia (comunicação social TPA, RNA, JÁ, TVZ etc), das finanças, do tribunal e das forças de segurança, policiais e militares e das instalações (infrastruturas).

Quase em grande maioria das eleições tem havido ligeiros fraudes; mesmo nos ditos países desenvolvidos. Na Alemanha de Helmut Kohl acontecera. Em Canada como nos EUAmérica, Jorge W. Bush viu-se na posição de vitorioso fraudulento em duas ocasiões (contra Al Gore em 2000 e contra J. Kerry em 2004). Para tal contrata-se ate grandes empresas especializadas em burlas eleitorais como foi a INDRA espanhol em Angola em 2008 e possivelmente em 2012.

Em muitos casos o partido/presidente no poder, uma vez desesperado procura manter-se no poder, vai estrategicamente utilizar técnicas enganadoras para sobreviver. Esta característica é muito notável aos líderes ditadores, que procurem sempre eternizar no poder. Outros confundem uma república a uma dinastia/reino, apliquem a cleptocracia. Em Angola, o recordista José Eduardo dos Santos já acumulou mais de 30 anos no poder, e prepara-se para passar o batton ao primo, nas alturas.

Nos países onde predomina a corrupção, a desproporcional fraude eleitoral é o utensílio que garante a maioria parlamentar, que vai ditando as leis. A trapaça eleitoral não deixa de ser um mecanismo ou principio contra a liberdade, democracia e civilização. A fraude encoraja a criminalidade, enfraquece a lei e facilita a penetração de valores anti-sociais. A sabotagem das livres eleições permite classificar os inimigos do povo. No caso de Angola consta na lista dos inimigos do povo de Angola:

1. A classe politica governamental (corrompida).
2. A classe politica da oposição indisciplinada e corrompida
3. A classe de generais militares com inclinação politica
4. A classe de líderes religiosos com inclinação politica
5. O eleitor sem (própria) decisão pessoal.

O que a nação não discerne é que o poder de qualquer governo/governação está enraizado na vontade, desejo, decisão, acção do povo. Só que, em…a oposição oferece facilidade as fraudes eleitorais.



Nkituavanga II