Tanto nos meios restritos como na
sociedade angolana em geral fala-se infinitamente das eleições. Esta palavra
não é velha/antiga no dicionário angolano, pois a colonização portuguesa não só
negou-nos este direito, sendo encarada por raça inferior, mas proibiu-la
penetrar a consciência angolana. Muitos de nos temos falado quotidianamente
sobre as eleições de forma papagaia, conquanto que temos vivido e sofrido suas
consequências. Quando se fala sobre eleições em qualquer espaço geográfico do
globo, a articulação desta palavra impulsiona a consciência com um aprazimento
que espalha um faiscado cheio de esperança, de desejo, confidencia, crença,
antecipação e expectação. Ate mesmo quando não percebemos o verdadeiro sentido
e significado da mesma.
Eleição é o processo de eleger, escolher, seleccionar
um cidadão por meios de votos para ocupar uma responsabilidade, posição
autoritária e acarretar os destinos duma estrutura, duma organização qualquer para
o seu aperfeiçoamento. Neste processo, o eleitor (homem chamado a eleger) deve
gozar ou exercer seus básicos direitos; tais como a paz, a liberdade. Isto quer
dizer o eleitor não deve consentir influencias externas nem pressões ou outras
consequências que podem corromper a sua consciência ou causar danos emocionais
como físicos. O cumprimento destes princípios faz com que as eleições tenham um
carácter democrático: livre e justo na pacificidade. Nas eleições, o cidadão
valorize e use o seu direito de exprimir-se livremente através as urnas. O voto
simboliza a livre linguagem do povo pondo em acção a sua decisão através o que
se considera por cartão de voto. Este voto segredo e livre será depois
transferido a uma ficha mecânica ou electrónica para a posterior contagem.
Depara-se nas terras angolanas com muitos
fenómenos sociais que por uma obrigação moral e política exigem que o cidadão
seja primeiro educado/enquadrado. Primeiro, o angolano não tem ainda
experiencia no que concerne as eleições. Segundo; a maioria da população é
analfabeta ou talvez carece de um bom nível educacional que lhe permite eleger
sem a ajuda dos terceiros/instituições.
A realização das eleições requer um minucioso
estudo para estabelecer as instituições, criar as leis gerentes, planificar o
tempo e calendários, decidir sobre a verba e seleccionar candidatos. Nas eleições
livres, um estudo demográfico é importante pois nele vai-se (talvez) efectuar o
recenseamento populacional e a localização de eleitores por determinadas zonas
para que estatisticamente se coloque postos/centros eleitorais.
Experiencias angolanas
Angola soberana foi dirigida desde a sua
independência pelo MPLA partido marxista, que inseriu a nação a um regime
comunista/totalitário. Durante mais de 20 anos, o povo angolano ficou sem
direito de votar uma vez os dirigentes eram digitados/apontados conforme a
fidelidade partidária e militância. Assim tanto Agostinho Neto como o seu
sucessor José Eduardo dos Santos jamais e nunca foram eleitos.
No fim da guerra civil entre angolanos, o
país transitou subitamente e teoricamente do comunismo a democracia ou melhor do
totalitarismo ao pluralismo. Houve então mudança do sistema económico mas
também politico infelizmente mantendo a mesma consciência. A primeira tentativa
de realizar eleições livres e democráticas fracassou depois duma primeira volta
coroada pelas burlas e tão contestada, que ofereceria mais tarde a nação uma
factura de massacres ate genocídios. Em 2008, 6 anos depois de festejar a morte
de JM Savimbi, o país com toda imaturidade proclama sob emoções as eleições
carregando os mesmos erros do passado.
As eleições de 2008 não foram organizadas
pela classe politica angolana mas foram preparadas, organizadas e patrocinadas
pelo MPLA, partido no poder desde 1975. Face a uma oposição desorientada, desorganizada,
indisciplinada e inexperiente o MPLA teve facilmente o controlo das operações.
Não se criou instituições independentes
para supervisar as eleições. Deu-se grande brecha ao partido no poder de
digitar no topo da Comissão Eleitoral seu pião, de estender o seu poder de
controlo ate aos grupos de observadores internacionais, que também sucumbiram
nas belas promessas do Partido de trabalho.
Nas eleições de 2002 conseguiu-se infiltrar
urnas fantoches desde certos países vizinhos mas em 2008 as fantochadas urnas
foram bem armazenadas em vários quartéis militares e em varias instalações da
segurança nacional. Reitera-se que para alem dos agentes formados oficialmente
para cuidar deste processo eleitoral, o partido-governo tinha preparado
paralelamente pessoal militar capaz de realizar o mesmo género de trabalho para
garantir a vitória de Movimento Popular e o seu presidente: o prometido foi
feito!
Deu-se 45 dias de preparação ou
mobilização oficial aos partidos da oposição enquanto o partido da situação
tinha iniciado a sua maratona eleitoral já há 2 anos. O MPLA realizou uma
campanha muito muscular monopolizando todas as instituições governamentais a
trabalhar pela sua conta. Assim muitos representantes de partidos foram
impedidos de viajar usando meios de transporte pertencentes as empresas estatais.
Pais e encarregados familiares foram ameaçados de perder seus direitos as instituições
escolares e de saúde, caso que seus pupilos votassem pela oposição. Sobas foram
galhardeados com televisores mesmo vivendo nas zonas sem electricidade. Em
troca ao seu voto, velhos patifados receberam motorizadas.
Angola que prometera dar uma lição
democrática a outras nações africanas terminou com as eleições mais suja,
fraudulenta do continente, onde o MPLA atribuiu aos outros partidos o resultado
por si calculado, desejado, da sua preferência e finalmente arrogou-se 80% de
vitoria esmagadora ao partido de José Eduardo dos Santos. A comunidade
internacional como sempre, silenciou-se, esperando uma vez pela derramação do
sangue dos africano.
Os países desenvolvidos como a comunidade
internacional já vêm determinados com uma agenda que não consiste pelo respeito
de direitos do cidadão nacional, mas para conceder ou manter uma vantajosa
continuidade da sua presença manipulativa na economia e politica desta nação.
Vem para colocar no poder aquele partido ou marioneta facilmente manipulado,
capaz de defender e proteger seus interesses em detrimento dos nacionais. Foi
assim que as empresas brasileiras e espanhóis foram contratadas para garantir a
vitória do MPLA falsificando ate aos miolos o resultados.
Aproxima-se ainda as novas eleições
escandalosas (2012), como diz-se na terra, onde um jogador será ao mesmo tempo
capitão e treinador da equipa, colmatando também a função de árbitro: em
Luanda/Angola tudo é possível. O vencedor antecipado é conhecido mas vai-se as
eleições só para permitir a oposição de fazer a escolha da língua nacional com
que vai desta vez utilizar para lagrimejar. Mais um processo protocolar de
gastos de dinheiro, quando o angolano não tem como alimentar a sua vida. O MPLA
carrega consigo uma tremenda vantagem como dono da mídia (comunicação social
TPA, RNA, JÁ, TVZ etc), das finanças, do tribunal e das forças de segurança,
policiais e militares e das instalações (infrastruturas).
Quase em grande maioria das eleições tem
havido ligeiros fraudes; mesmo nos ditos países desenvolvidos. Na Alemanha de
Helmut Kohl acontecera. Em Canada como nos EUAmérica, Jorge W. Bush viu-se na
posição de vitorioso fraudulento em duas ocasiões (contra Al Gore em 2000 e
contra J. Kerry em 2004). Para tal contrata-se ate grandes empresas
especializadas em burlas eleitorais como foi a INDRA espanhol em Angola em 2008
e possivelmente em 2012.
Em muitos casos o partido/presidente no
poder, uma vez desesperado procura manter-se no poder, vai estrategicamente
utilizar técnicas enganadoras para sobreviver. Esta característica é muito
notável aos líderes ditadores, que procurem sempre eternizar no poder. Outros
confundem uma república a uma dinastia/reino, apliquem a cleptocracia. Em
Angola, o recordista José Eduardo dos Santos já acumulou mais de 30 anos no
poder, e prepara-se para passar o batton
ao primo, nas alturas.
Nos países onde predomina a corrupção, a desproporcional
fraude eleitoral é o utensílio que garante a maioria parlamentar, que vai
ditando as leis. A trapaça eleitoral não deixa de ser um mecanismo ou principio
contra a liberdade, democracia e civilização. A fraude encoraja a
criminalidade, enfraquece a lei e facilita a penetração de valores
anti-sociais. A sabotagem das livres eleições permite classificar os inimigos
do povo. No caso de Angola consta na lista dos inimigos do povo de Angola:
1. A classe politica governamental
(corrompida).
2. A classe politica da oposição
indisciplinada e corrompida
3. A classe de generais militares com
inclinação politica
4. A classe de líderes religiosos com
inclinação politica
5. O eleitor sem (própria) decisão
pessoal.
O que a nação não discerne é que o poder
de qualquer governo/governação está enraizado na vontade, desejo, decisão, acção
do povo. Só que, em…a oposição oferece facilidade as fraudes eleitorais.
Nkituavanga II