Temos todas as razões de celebrar esta oportunidade; baseando-se de facto
que a esperança da vida do angolano circunda a volta dos quarenta, então é
motivo de festejo. Não se nega aqui as realidades no terreno, e não se deve
jogar a hipocrisia, sabendo que temos botado fora de casas familiares e da
sociedade multitude de crianças que vão poluindo as ruas de grandes cidades.
Umas vitimas da guerra, outras da suja-nova politica religiosa e algumas de
condição egoística de dirigentes angolanos. Também não se vai esquecer de
tantas crianças que dia após dias morrem famintas no Kunene e noutras partes
desta grandiosa pátria. Diz-se que ''o
africano tem uma curta memoria'' mas sabe-se bem que o angolano tem a
qualidade de reflexão politica que muitos não tem ainda. Isto proporciona um equilibro
que permite-nos celebrar mais uma década da nossa existência. Quarenta não
deixa de ser uma buzina que alerta-nos sobre a rápida aproximação à cinquenta;
que marca o meio século cuja maioria de países africanos vergonhosamente já
atingiu sem portanto desfrutar bases primarias para um bom estar socioeconómico.
Foram quarenta anos que um grupo de escravos libertados sob o jugo egipcíaco andou
em circulo pelo deserto de sofrimentos e misérias mesmo tendo mais de que cheques
brancos.
Economicamente Angola não é dos melhores ou fortes entre os africanos mas também
não é o pior ou fraco. Angola tem cometido o pecado de fiar-se sempre no seu petróleo
e diamantes, enquanto éramos os mais privilegiados para assimilar a experiência
cubana. Nisto, contando primeiro com o seu recurso humano! Dias e noites nunca se
parou de avisar e alertar que os dias de vaca gorda nunca se eternizam e que
Angola estava não muito longe para iniciar períodos de vaca magra; cá estamos
hoje! Perdeu-se o tempo domesticando anacondas e jacarés, então paga-se hoje
com lágrimas.
O 11 de Novembro é um tempo de fazermos balanço tanto individualmente como
colectivamente. Ė um tempo de comunhão: reconciliar-se e reforçar os laços de
fraternidade jogando fora o tribalismo, a exclusão social e todo tipo de
discriminação que tem roendo nossa nação. Este é o tipo de espírito que deve
animar o angolano, especialmente a juventude.
O nome de Angola é como o nome duma certa família cujos membros devem
continuamente proteger e defender. Porem há sempre aqueles que por ignorância,
tolice, desobediência, gula da gloria ate mesmo por vaidade própria sujam e
corrompem a reputação desta. Enquanto isto acontecer o restante de membros vai
levantando-se energicamente para dar uma nova imagem, defender sua integridade
e restaurar o respeito e honra da mesma. Não é que roupas sujas lavam-se no
seio da família? O futuro ainda é prospero para Angola. Ainda há tempos de
reparar os erros de quatro décadas. Todo angolano não é laranja podre no saco.
Angola tem ainda seus melhores filhos e as esperanças não secaram. As pessoas
de boa vontade e com boas iniciativas podem ainda sentar a volta duma mesa e
debater tudo para o interesse deste povo. Temos ainda tempo de oferecer algo
decisivo para aquela criança da rua. Mesmo sem petróleo e diamantes pode-se
construir uma nação forte mas só com homens conscientes, de corações
cristalizados capazes de dirigir fortes instituições. As reformas são formas
para melhorar ou inovar aquilo que tinha falhado, errado, falsificado ou mesmo
mal partido. O perdão também existe para os que tem qualidades de reconhecer
seus erros, culpas ate pecados gravíssimos. Só os que reconhecem seus erros
podem neles aprender porque todos temos o direito à erros mas não à escândalos.
Acredito eu que se Angola continue confiar e apostar nas suas escolas partidárias
que preparam as crianças, jovens e mães/mulheres a conviver na descriminação,
tribalismo e todo tipo de segregação, a nossa nação nunca conhecerá a Reconciliação.
Deve-se acabar com todos laboratórios políticos que manipulam a consciência de
uns a rejeitar outros só porque defendem ideais diferentes. Para uma Angola
coesa, unida deve-se abolir a OPA, LIMA, JMPLA, JURA, JFNLA etc. Deve-se criar
uma única só organização para crianças, uma só para a juventude e uma só para
mulheres mantendo diferentes partidos políticos para patriotas maduros de fazer
escolhe do destino ou inclinação politica seguindo seus gostos, já que formulara-se
uma consciência angolana. As ideologias e ensinos destas organizações segregativas
estão à base de divisões que se vive continuamente no país sabendo bem que
Angola tem uma historia manipulada e falsificada. Elas fazem parte da herança
da guerra ideológica que alimentou a guerra desde 1975. Só resolvendo isto
Angola poderá ser ''um só povo uma só
nação''.
Procura-se angolanos com boa vontade para dirigir o bom destino da nação.
Vamos escolher e manter aqueles que merecem.
Já temos a prova que discursos bonitos não resolvem nada mas precisa-se
criatividade no colectivismo. Aproxima-se o descalabro e deve-se reagir
positivamente. Tal como a paz sem unidade é tão falso, a unidade sem amor é
falsíssimo.
Nkituavanga II