O ano 2016 foi
violento. Ele começou numa brutalidade que roubou muitos famosos do mundo
musical, desportivo, cinematográfico, politico etc. Por muitos, o ano 2016 foi
um tempo de choros, sofrimentos, silencio, fome, reflexão, duvidas mas também de
cálculos na ausência da paz espiritual uma vez havia incertezas neste mandato
anual. Universalmente houve tempestades de choros partindo da morte da cantora
congolesa Marie Misamu ate a morte de George Michael passando por vários como
Ekumani Papa Wemba, Mohamed Ali, Lucio Lara, David Bowe, Prince, Nancy Reagen, Zsa
Zsa Gabor etc. Também muitos pobres ou humildes encontraram a morte em
diferentes ocasiões através a planeta: na guerra da Líbia, nas aguas da Turquia,
no deserto de sahara e na travessia do atlântico, nos massacres da Síria, os vitimas
de Boko Haram na Nigéria, Camarões, Chade mas também no Congo, onde os
populares pacificamente reclamaram seus direitos constitucionais para se
libertar da ditadura de Joseph Kabila.
Em Angola 2016
foi um ano de muito silencio. Neste ano Angola acabou de celebrar o seu 41. aniversario
da independência. Esta celebração foi talvez a primeira ou bem dizer foi o
inicio de uma nova experiência na historia penetrando num marasmo económico. Autenticamente
como a cultura de Angola e de Africa exigem, celebra-se nas terras dos
antepassados bantus com musica, comida, bebida, danças etc. porque uma festa difere-se
ao óbito. Cada vez por 40 seguidos anos os angolanos pobres souberam festejar
possuindo simplesmente mandioka, kizaka, feijoada, canjika, maruvo etc no
entanto quando os muatas banquetearam sempre com pão, queijo, salada,
maccaronia, churrasco, whisky, cigarro etc. Assim tanto nos kimbos como nas
cidades tem-se celebrado sucessivamente a festa da nossa independência, coroada
por um discurso popular de dirigentes tanto a nível nacional, provincial e como
comunal. O grande e periódico estimulo é sempre o discurso feito pela PR que
alimenta a esperança dos angolanos, que tem sido na base das promessas sobre o
bem estar social do homem angolano. Este ano marcou a viragem de Angola na
curva habitual, nesta inclinação a entrada aos períodos da vaca magra. Se a barriga
vazia não tem ouvidos, penso eu que a mesma não terá energia para exibir um pé
de dança, isto senão for sub influencia da droga ou qualquer outra substancia corruptível. Independentemente da sua vontade, perguntaria
eu, foi este ano possível aos angolanos celebrar no silencio! ou bem dizer com
fome?
Há bastante que os
angolanos vivem no silencio partindo da data que foram decepcionados com os
resultados fraudulentos das ultimas eleições. Não é mais surpresa que em Angola
actual alem das eleições nada mais faz falar, já não há sujeito excitante para
um divertimento popular. A politica continua a ciência para mentirosos, já não é
o prato de dia porque tornou-se emporcalha e amargurada enquanto o povo
desinteressado. E como o jogo é forçado na sociedade ditatorial; tudo e todos
participam mesmo que a batota é infalível, sabendo que o vencedor digitado já
foi de antemão eleito.
Este 11 de
Novembro foi bem eclipsado pela eleição de Donald Trump no topo da politica
americana. Por ironia era necessário a vitoria de Leila Lopes no concurso da
beleza mundial para D. Trump descobrir a existência de uma nação chamada Angola.
O homem nunca ouviu falar das guerras que colocaram Angola na segunda posição
mundial em termo de mutilados de guerra. Nunca soube da violente corrupção que vai
derrubando todas estruturas económicas e que deu origem a múltiplos milionários
angolanos só em duas décadas. Mesmo assim 2016 ficou insignificativo para os
africanos, porque realizou-se que as vazias promessas de Barack Obama nunca seriam
cumpridas. Os homens fortes africanos provaram ao Obama que Africa não precisa de
fortes instituições mas da miséria.
Do lado da direcção
partidária e governamental, o silencio nas festividades foi uma vez mais justificado
pela ausência do PR numa das suas visitas privadas e repetitivas em Espanha. Visita
esta que também foi interrompida pelo falecimento do seu irmão em Angola (valeu
mais que numerosos que morreram com a fome). Em 2016 Angola também perdeu seus
filhos que foram vitimas da febre-amarela patrocinada pela negligencia do
governo sub o silencio de todos observadores internacionais. Mesmo no
falecimento de Fidel Castro, Angola ficou tão diferente como se tratasse de um
inimigo do povo, quando este foi um grande herói que comandou as operações de
Cuito Canavale e tantas outras proezas que fez em beneficio ao angolano.
O ano vindouro;
2017 a sociedade civil angolana vai conhecer momentos de silencio embora que
haverá momentos turbulentos no território nacional. A crise económica de Angola
vai crescer e o povo vai pagar na carne e na alma. Neste ano, o sofrimento de
angolanos vai agudizar-se, por isso haverá mais silencio. Noutro lado, como já
se sabe que haverá eleições, os políticos vão esperando a sinete de alarme para
começar suas campanhas. As eleições deste ano serão um evento distinto uma vez
trata-se do ano em que a promessa da retirada do PR na chefia da nação para se
concentrar unicamente na politica do seu partido seria concretizado. O outro
ponto de curiosidade que levantará a poeira repousa sobre a eventual
substituição na cadeira presidencial. O barulho, debates e discussões deste ano
serão a volta destes dois cruciais sujeitos: eleições e substituição
presidencial. Queira como não a oposição só terá um curto período entre 60 a 90
dias para sua campanha enquanto o Mpla/governo/estado tem tido 365 dias por
ano. Por consequências depois das ditas eleições também teremos que contar os
mortos indesejáveis porque as eleições angolanas produzem sempre vitimas.
Na questão das eleições
não há temas novos para debater porque tudo será como de habito; o ciclo
vicioso. Os políticos vão debatendo temas explorados e caducos de sempre. A
oposição não trará matérias novas e o poder vai utilizar as mesmas estratégias
com a cumplicidade de brasileiros e portugueses. As eleições serão a fotocopia
de sempre e sombra de si. Nas eleições o MPLA vai utilizar seus músculos
financeiros como alicerce da sua supremacia. Mesmo com pouco domínio financeiro
o Mpla resta o patrão que ate alimenta a tal oposição. Eu diria que os deuses
angolanos não estão em favor nem na diapasão com os camaradas, por isso cada
ano em poder ele vai perdendo a sua capacidade financeira assim como a
liderança democrática e justa. Este é também o motivo que continuamente vai
impedindo patrocinar eleições democráticas e justas. O Mpla histórico ou original
criou e estabeleceu bases para reinar mais de meia década em Angola, condições
estas que vão sendo destruídas pelas estratégias corruptivas do novo e actual M
que vai afastando-se cada vez do seu povo. Muitos militantes do M serão também
desapontados já que o partido não está em altura de cumprir com as promessas de
enriquecimento de membros praticando uma distribuição injusta do rendimento
financeiro e das riquezas da nação. Este ano a corrupção será alojada na Igreja
e servos na horta do Senhor servirão como vias de condução desta vergonhosa
epidemia.
A substituição não
será fácil uma vez que os candidatos preferidos para este trono são membros da mesma
família Eduardista. Nesta altura existe uma guerra fratricida entre os membros
desta família onde reina uma desordem caótica. Os outsiders (João Lourenço, Nando incluído Kopelika e Manuel Vicente)
já não tem consideração e confiança do Sr. JES e tendo segredos agendas não
estão bem animados. Portanto a comunidade internacional como a Comunidade
Europeia já orientou ao PR de não fazer de Angola uma dinastia e que o poder não
deve se cambiar entre pai e filhos ou vice-versa. Como Jammeh em Gambia e
Kabila do Congo (casos de Mugabe e Natanyau são diferentes) tem resistido a
comunidade internacional sem sofrer repercussões, JES como heavy weight vai resistir as ordens desta. Portanto a disputa será
na escolha do candidato entre a Princesa Isabel, a filha preferida e Zenu o herdeiro
natural do Império. De Angola não se espera qualquer resistência da oposição
hipnotizada mas o problema é conceptivo: quem o JES quer nesta posição. Ele está
claramente mais propenso a escolha da filha, mas esta preferência não é
receptiva mesmo no seio da família.
Existe probabilidades
que JES mude de ideia, e isso não será surpresa pois não será novidades. Vendo
a continuidade em poder de seus colegas de países de Africa central poderá
influenciar a sua precipitada ideia. Perder a presidência seria por ele perder
o seu bolso pessoal e JES não está preparado a depender do bolso da filha nem
tão pouco do filho. ''L'argent appele
l'argent'' cantou Pierre Muntuari. Ver este bolso nas mãos alheias é ainda
impensável, mesmo se o próximo fosse um anjo que se coloca na presença do diabo!
Nesta lógica eduardista, o cão poderá então morder o outro cão. Espero que o
angolano neste ano não seja como sempre: estatística. Quero aqui dizer uma voz,
ou simplesmente um voto. Que o angolano tenha consideração de homem; ser humano
ou vivo, um cidadão livre.
Mobutu uma vez
declarou: ''nunca serei ex-presidente'' uma
inspiração aos presidentes africanos que continuem não enxergar ate ignorar o
destino final de Mobutu Sese Seko. Aconselho sempre aos outros: preparem a
historia e não a riqueza.
Aos nossos: feliz
ano novo, 2017
Nkituavanga II