O facto que o governo angolano do MPLA procure hoje instaurar um mecanismo de combate contra o tribalismo, racismo, regionalismo e o comportamento anti-social prova a disponibilidade do MPLA de combater o mal. Logicamente para embarcar neste processo, é preciso começar na fase de aceitar a existência do tribalismo no país. Não serei o único angolano a festejar esta iniciativa porque não fui o único a expor a teimosia do movimento dos camaradas no concerne. Esta nova atitude do governo não pode significar uma derrota porque finalmente estamos todos de acordo que Angola era doente e doravante sabe-se que é preciso um tratamento para se curar contra estas epidemias.
Foi um longo período de ladrar porque tanto o governo do MPLA comunista como o dito democrático nunca aceitaram que havia em Angola um tribalismo. Sabe-se bem que quando o MPLA refuta alguma coisa não haverá deuses para retirar nem aumentar as vírgulas no que se acredita no círculo do Partido do Trabalho. Por isso as lágrimas, os gritos e todo tipo de reclamações não fizeram efeitos, então a única via que restava era de ladrar; como de nos fizeram uma nação de cães. Ladrou-se tanto, dias e noites só para que se aceite a existência do tribalismo na terra. Esta vitória é do povo angolano, e, mesmo aceite hipocritamente, vamos com toda a consideração agradecer o MPLA, porque isto será o inicio da reconciliação entre angolanos e da reconstrução nacional; caso se abraça a lógica da experiencia histórica.
Ninguém foi capaz, do que eu saiba, a descobrir a fonte do tribalismo angolano no espaço como no tempo. Mesmo o grande Pepetela que no seu livro O cão e os caluandas desbobine o segredo do operacional tribalismo e racismo não conseguiu localizar a sua fonte. Não se sabe quem foi o primeiro tribalista angolano, de que província era, como e quando publicamente revelou-se. Eu não vou cair na tentação de escavar para encontrar uma solução que já não se precisa. Primeiro é que sou muito jovem, segundo é que os velhos angolanos não escreveram sobre este caso, terceiro é que o governo português que aproveitou deste sistema não poderia pronunciar-se neste caso. Com toda a certeza sabe-se hoje que existe tribalismo em Angola. Sabe-se também que fomos oficialmente chamados a combater contra esta epidemia social. A chamada do Vice-presidente do MPLA, Roberto de Almeida da quinta-feira não é só para a JMPLA porque é um dever nacional. Do meu lado sempre fiz apelo a quem cabe esta responsabilidade dentro do aparelho de estado para que possamos encontrar um instrumento capaz de erradicar este monstro na nossa sociedade. Voltando cinco décadas atrás, eu curiosamente acusaria o colono de fomentar o tribalismo em Angola porque optou sempre pelo ‘’dividir para melhor reinar’’ assim os nossos irmãos foram vendidos a preço do tabaco ou espelho pelos chefes para ir cultivar canas em diferentes ilhas e terras do mundo tais que Cuba, São Tome, Cabo verde, Brasil, Haiti e outras.
Sendo jovem que presenciou o nascimento de Angola soberana, eu nunca fui capaz de entender as origens e causas do tribalismo num país novo como o nosso mas tive toda a sensibilidade de ver, sentir e conhecê-lo. Fui muitas vezes vítima deste sistema da corrupção social. Não só eu mas como os meus irmãos, primos, amigos, colegas etc. Como chegou-se ao senso e decidiu-se de ‘’estimular a cultura da democracia e do amor aos ideais da reconciliação, paz, justiça e desenvolvimento’’ como profetizou R.A estou consciente que a casa será arrumada começando no próprio quarto do MPLA (a caridade bem ordenada começa em…).
A minha realidade sobre o tribalismo angolano parte em 1975 quando o MPLA querendo posicionar-se na plataforma política e poder em Angola, usou da sua macabrosa estratégia do comunismo para enfeitiçar os angolanos do norte, depois de envenenar os do centro, expondo-lhes perante a comunidade internacional, demonstrando provas do canibalismo. Este cenário não foi uma fábula ou ficção, nunca uma montagem ou invenção, não é imaginação nem sonho. Essas acusações foram feitas oficialmente e não se limitou só aos fiéis da FNLA mas expandido a toda região. Dali ficou impresso no miolo de cada angolano que seus vizinhos de Cabinda, Zaire e Uíge são verdadeiros canibais. Tudo se fez para convencer os nossos vizinhos do sul como do centro que era propaganda tribalista do MPLA mas viram-nos sempre de lobo com cara de cão. O nosso povo não faltou sabedoria porque acreditou nas provas materiais que lhe foi apresentado e ficou eternamente hipnotizado desacreditando todo homem do Zaire, Uíge e Cabinda com a excepção de homens que comem no prato do MPLA como Ambrosio Lukoki, Pascoal Luvualu, Paulo Jorge, Abilio Sianga, Dino Matrosse, Maria T Pedalé, Quarta Mpunza, Mankenda Ambroise, Garcia Miala, A Canga, Venâncio de Moura e outros que eram e ainda são fiéis do Partido do Trabalho. Os dembos, Nzau Punas, Ernesto Mulatos e outros eram classificados como Holden, mesmo Hendrick Val Neto, de grandes canibais.
Hoje não teremos timidez de chamar ao MPLA de continuar com a mesma coragem e esclarecer esta situação aos angolanos; isto é vital. Foi esta prática que, irrigou a semente da obra colonial, nacionalizou e encorajou o tribalismo angolano. Nesta altura a UNITA não tinha uma expressão militar ou politica para influenciar o povo angolano. Se JES nunca teve coragem de ver este caso e algo oficial fazer, vamos explorar a coragem do Vice-presidente para iniciarmos a verdadeira reconciliação. Que Roberto de Almeida venha ainda explicar aos angolanos que já não é tempo de fazer politica a base da mentira. Queira como não, Deus está ao nosso lado. Que se acredite ou não a verdade triunfará sempre, dando mais que a mentira nunca teve longas pernas. Qualquer governo humilde e democrático não terá vergonha e não faltara coragem de retirar todo obstáculo que impede o desenvolvimento da sua nação. Esta abominação continuará julgando a consciência dos angolanos de geração a geração; caso não se faz algo agora. Não é que se dizia os homens passarão mas o MPLA não passara? Assim também os povos do norte não passarão e de geração a geração, serão coroados por canibais; se assim for o desejo do nosso governo.
O tribalismo e a política da exclusão social do MPLA estão na origem e são a causa do desmembramento de Cabinda como da Lunda. Se não tivermos a coragem de retirar o veneno que foi implantado não se poderá resolver questões sensíveis de interesse nacional e não poderemos unificar os povos em torno de um governo qualquer que seja!
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