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terça-feira, 28 de setembro de 2010

DICAS - SETEMBRO

’A concretização do nosso bem-estar depende do nosso trabalho, do nosso esforço e do nosso sacrifício’’ - MANUEL JUNIOR, Ministro de Estado e da Coordenação Económica

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

BEU EM LUTO

Faleceu ontém (24 de Setembro) no hospital militar de Luanda o nosso querido irmão, amigo Eng. DAVID PATU. Esta inesperada notícia vai arrastar as esperanças de muitos filhos de Béu nas águas turvas uma vez, ela surge uma semana depois de perdermos o querido irmão Eng. R. Nkutuala. Seus pais (Papa Senga-Senga e Mama Nzanza, no Mpombo) dedicaram suas vidas servindo na Igreja IEBA, onde o próprio David também foi corista da Luz do Mundo.

Mano David era um amigo pessoal da infância. Ele estudou connosco na escola primária EBBF/Kisenso onde era muito conhecido por ‘’Petit Poussin’’. David foi meu colega da turma no Béu onde fomos preparados pelos brilhantíssimos professores António Quiala e Jorge Dukulo. Passou também pela mesma turma comigo na Escola preparatória do Uíge antes de instalar-se em Luanda.

Em Luanda, David não só estudou connosco no Kiluanji mas também foi o nosso grande capitão da equipa de futebol (Triangulo Vermelho) que conquistara em 1979-81 as taças da Promoção, Municipal e Provincial por Serie de Luanda. Este capitão de grande coração representou também o desportivo da Gabela. Mano David era um meio campista muito tecnicista que sempre jogou com dedicação pois soube como acarinhar a bola com mágicos toques. Ainda me lembro daquele jogo que fizemos numa noite no estádio do São Paulo derrotando a Construção do Zombo por 5-1. Como foi num período de provas escolares/exames, Mano David (e Avelino Mabele) preferiu perder suas provas para representar a camisola No 8 que com dignidade portava.

Nos últimos dias da sua vida tive a oportunidade de estar ao seu lado. Mano David era técnico superior do ministério da geologia e minas. Depois de servir nas fileiras militares, completou bravamente o curso da geologia na Universidade A.Neto com altos méritos. Como se fosse ontem, ainda me lembro das suas palavras, dizendo: Ô puto! é mesmo pelas graças do Senhor que me encontro consigo, porque desde que fui promovido no serviço, a minha saúde degradou e a medicina não consegue descobrir o problema’’. Este grito de desamparo não foi só do meu amigo David mas também de muitos outros que embora posicionados vivem com medo, ameaços de colegas de serviços. Hoje as fontes inoficiosas declaram que o David foi envenenado. Que dizer? Que fazer? E o que acreditar?

A verdade é que os jogadores, cantores, engenheiros morrem como os generais e ministros também. Vamos todos um dia morrer, cada um na sua vez, no seu tempo e duma forma diferente. Ele deixa aos filhos uma educação inabalável pelo facto que foi disciplinado, exemplar, inteligente, justo e lógico

As minhas condolências a família enlutada.
Que a memoria do David repousa em paz!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

LUPA BIBLICA: O RESPEITO DA LEI

Como sempre tem-se definido a lei como um conjunto de medidas jurídicas que regula a marcha progressiva do homem na sociedade. A lei é um despertador e regulador da consciência do homem, que o interpela a fazer o bem e evitar assim o mal, convidando este a organizar-se para não só desenvolver a sua vida mas pensando nos próximos, ou sociedade/universo.

Diz-se que a lei existe para ser desrespeitada. Esta realidade não é objectiva a todos e não constitui uma lógica aos que têm sabedoria. A interpretação da lei nesta óptica tem encorajado muitos homens na posição de autoridade de formular leis com intenções injustas. No conteúdo da lei geralmente existe os direitos e deveres para cada componente da sociedade por isso a lei estimula os eficientes com reconhecimentos enquanto os malfeitores são punidos conforme o que esta lei estipula.

O homem só não respeita a lei inconscientemente, isto é através um intuito ou reacção estrangeira estimulada pelo egoísmo, selvagismo, ou falta de controlo. A desinformação ou falta de educação e a colecção de informações erradas podem ser causas de desrespeito a lei. Existem aqueles que ocupam posições tanto individuais com familiares ou pertencem a uma sociedade de elites, que funciona em cima da lei. Estes têm o monopólio e o controlo do poder e de todos os instrumentos jurídicos que manipulam a lei e as forças que protegem-na.

Prov 28:9
O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável.

No seio duma comunidade ou um grupo de pessoas que pretendem viver de forma organizada e disciplinada tendo um objectivo de desenvolvimento social, económico, político e cultural a obediência a lei é muito imperativo e decisivo. Neste, o estabelecimento da lei deve-se repousar nos alicerces da justiça valorizando todos os componentes da sociedade com igualdade. Isto exige a independência e neutralidade das instituições que fazem a lei. Esta neutralidade deve ser individual como corporativo para formar uma sociedade equilibrada.

Quando a lei é mal aplicada cria-se a injustiça na sociedade. A injustiça por sua vez vai causando danos morais como físicas dando nascimento as revoltas, prisões arbitrárias, manifestações, e novas formas da gestão política como exclusão social, divisões de classes, ditadura, corrupção mas também outras formas de comportamento nocivo como vandalismo, crimes, kazukuta, candonga, recalcitração, anarquia etc. O sofrimento físico imposto pela injustiça altera o comportamento moral do povo: alienação fanaticamente mental para a minoria e amargura para a maioria. Os que não tem coragem de reclamar publicamente vão recuar nos escondidos para chorar com dores. Estes choros podem transcender-se a forma de orações. O choro do povo vai afectando sempre o metabolismo operacional de líderes da nação.

Vejamos o nosso concreto: na realidade a nossa lei não é assim respeitada embora que haja toda a máquina repressiva para fazer cumpri-la. A lei não é respeitada primeiro porque aqueles que inventam as leis os fazem numa consciência corruptiva procurando beneficiar certas pessoas, indivíduos ou grupo determinado de elementos. A lei não é respeitada porque existe uma elite que ainda funciona fora da lei e em cima da lei. O nosso povo, que já entende certas coisas tem muita dificuldade de obedecer a lei porque tem uma visão sobre as intenções empreguem na promulgação desta lei. A nossa lei favorece ao estado enquanto o nosso estado já não é o povo mas um número limitado de homens que regozijam-se com o estatuto de intocáveis. Nela existem cláusulas da injustiça que prejudicam indiscretamente o povo.

Será os choros/oração do nosso povo abominável? Acredito pouco porque o nosso povo foi exposto e forçado a respeitar o que é corruptível. Esta lei preparada a funcionar parcialmente para uns e completamente aos outros não tem uma bênção divina já que não foi construída nas bases da verdade e justiça. Pelo contrário os convites do governo coloquem o povo numa posição sem escolha, onde o desrespeito já foi premeditadamente estabelecido. Até encontramo-nos numa posição onde o próprio governo é que desvia seus ouvidos a lei, por isso seus planos são muitas vezes abomináveis. O governo é uma instituição autoritariamente divina (originalidade) que nos deveríamos respeitar.

A lei na justiça faz com que o povo ouça e suporte o seu governo mas a injustiça vai distanciá-lo da sua liderança. Portanto sem a justa lei não pode haver remodelação da mentalidade e a boa mentalidade é a nossa grande ‘’quebra-cabeças’’ no continente.

Nkituavanga II
Setembro 2010/003

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

OS RIDICULOS MACAQUICES

Não sou um cientista para debater um ponto de visto bem arquitectado há séculos pelos famosos desta arte que o mundo aceitou, acreditou e que ao mesmo tempo foi-lhe incutido. Não sou fomentador de controversas para desafiar cegamente aquilo que os altos estudos tem aprovado. Que fazer? Vivemos numa democracia onde cada tem direito a palavra e espaço de declarar o que acha, mesmo se for errado aceita-se as divergências de ideias. Sendo homem com certas capacidades, revejo-me na posição de observar coisas que me rodeiam, mesmo sem querer pois não vivo numa gaiola isolada de tudo e em tudo. Ainda mais cresci no seio duma sociedade, onde os velhos mesmo limitados estudaram certos objectos, animais e grupos de homens usando métodos empíricos para compreender algo. Assim no meu Béu estudou-se por curiosidade as actividades de macacos.

Curiosamente entendo a minha escolha deste estudo mudo, que tanto mal como vá que não vai, foi transmitido duma geração a outra até hoje em dia. Quem talvez nunca teve oportunidade de descobrir meu povo lá no fundo da região norte de Angola saiba que no Béu dedica-se muito a agricultura, raramente a pesca que é uma actividade mais praticada pelas donas e a caça que se praticava semanalmente em colectividade ou individualmente dia por dia. Também gostaria de partilhar com a nossa juventude aquilo que por falta em Angola de um jardim zoológico, Quissama não oferece.

Na caça colectiva que chama-se makonde temos tido velhos com mais experiencia: que dominam a geografia cadastral das matas, com capacidade de ler os sinais do clima, o comportamento de animais mas também que tenham dominância sobre cães e sabedoria sobre a caça. Esses velhos são chamados de nganga mbwa que significaria deuses de cães ou sábios de cães mas propriamente mestres de cães. Como é sempre imperativo para qualquer caçador de compreender os hábitos de animais porque a caça é um jogo de ‘’esconder-achar’’ simplesmente com arma na mão.

O macaco sendo primata no mesmo grupo com o homem, não só apresenta muitas similaridades com este mas é também sujeito de debates incessantes e interessantes. Sou um daqueles que não consideram o homem de animal e não tão pouco que é produto duma evolução do macaco, embora que tenham células e funções iguais como mamíferos. O que encoraja-me debater este ponto de visto é porque vejamos como o dicionário explique: Primatas ou primates (subst. Masc. Plu) família de mamíferos que compreende o homem e os animais que mais semelhança tem com ele. Baseando-se nesta definição posso sugerir que os macacos não são os únicos animais que compreendem o homem portanto todos animais não são primatas. Ultimamente Paul, o polvo alemão adoptado na Inglaterra fez melhor que o homem/ciência na escolha das equipas vencedores nos jogos de futebol mundial na África do Sul. Felizmente hoje a ciência não argumenta-lo, porque os actuais macacos já não evolvem para homens. Agora talvez já se acredite que o polvo é mais inteligente que o homem-macaco, só porque é capaz de ganhar uma lotaria.

Recentemente um cão duma unidade policial na Inglaterra foi excluído dos serviços policiais porque foi provado que este operava com intenções raciais. Se a ciência pode provar que animais têm tendências ou inclinações raciais, porque já foi-se também provado a mesma em relação a um cavalo da polícia. Nestes, eu tenho perguntando-me ultimamente se não é possível que um dia haja também um cão ou um macaco tribalista em Angola. Esta pergunta é a inspiração da minha escolha aos macacos do Béu ou mesmo de Angola para que amanha alguém considere-me de tribalista/nacionalista.

Os macacos têm grupos laborais como grupos familiares. Macacos vivem em determinadas zonas e dividem-se territórios florestais. Existem vários ou diferentes tipos de primatas como gorilas, chimpanzés, orangutas, babuínos etc assim como há africanos, europeus, angolanos, brasileiros, bakongo, nganguelas, brancos, mulatos etc. Encontre-se macacos no Béu como no Cuilo ou Sakadika mas também em diferentes zonas de Angola como em Cabinda, Lundas, Moxico etc. e estes podem se distinguir conforme as zonas residências. Entendo que é muito mais fácil para um chimpanzé adoptar um outro chimpanzé de que adoptar um babuíno mas também não entendo como o homem nega autenticamente coabitar com seu conterrâneo, seu adversário político.

O comportamento do macaco atrai a curiosidade do homem visto a sua aproximação biológica ao homem mas também a sua adaptação em trabalho e organização. O macaco tem uma família própria que não consegue manter definitivamente como um homem normal porque suas relações familiares podem entre si mudar ou cessar. Assim a filha pode um dia ser mulher; o que aos homens seria incesto. O macaco não conhece incesto, poligamia, adultério ou seja casamento. Melhor que o homem, ainda não foi detectado aos macacos um comportamento homossexual ou de pedofilia.

Na comunidade de macacos há sempre um velho na liderança, tendo sabedoria e força de batalhar. Este tem a responsabilidade de proteger a família e a comunidade. Ele investigue os terrenos para encontrar novas residências onde abundam produtos alimentícios. Em casos de ataques ele organiza o grupo e procure maneiras para defender a comunidade. O macaco velho também tem a responsabilidade de encorajar o processo de procriação, por isso em muitos casos este velho aglomera dentro do grupo mais mulheres que outros, jogando o papel semelhante a um ditador. O experiente velho vai com o tempo perdendo suas capacidades tanto físicas como raciocinais. Uma vez neste estado, os imperativos da comunidade exigem uma mudança natural na direcção. Os nossos velhos aconselharam-nos sempre pondo acento no comportamento misterioso de um envelhecido macaco.

Um macaco velho apresenta sempre um comportamento cheio de intrigues. Primeiro, ele sente-se um pouco ultrapassado e começa a desenvolver dentro de si um procedimento invejoso. Ele olha sempre a rapaziada ou a juventude com olhos de desconfiança. Ele mete sempre em prática uma estratégia comunista da guerra fria, vendo aos jovens como possíveis sucessores no comando do governo da comunidade. Ele fica animado de ira contra estes jovens porque vê neles sucessores na hierarquia familiar, isto implica que ele será posto fora do jogo, perdendo assim toda influência perante as belas mulheres. Este comportamento vai causando transtornos na sua consciência que vai mudando suas acções. A sua mudança vai deixar escapar cargas de desespero ou de instabilidade, por isso vai preferindo intimidações contra os mais fracos.

Um macaco velho no processo de ultrapassagem inventa asneiras, armadilha outros com objectivo de ridiculizar-lhes ou de minimizar-lhes. Como o macaco é um ser irracional vai empregar estratégias obscuras, fazendo campanhas destrutivas contra os machos do grupo. Ele acusa constantemente e falsamente os outros mesmo em assuntos desnecessários. Como a velhice impede-lhe uma movimentação ajustada, então vai repousando com cansaço e vai ganhando peso. Com uma locomoção lenta, as suas técnicas de balançar-se entre diferentes árvores sofrem uma queda em qualidades. Uma vez nesta posição, perde também a capacidade de alimentar os mais pequenos com as melhores frutas da área. Geralmente para se defender continuamente contra este montante juventude, já que não será possível fazê-lo fisicamente vai promulgar decretos para limitar a capacidade observadora e analista desta. Quer dizer, aplica uma técnica para cegar o resto de machos e jovens, fofocando contra este ou aquele. Ele vai contando até aos jovens que esta mulher é sexualmente humedecida só para diminuir a curiosidade destes. Este vai acusando até de forma mais obtusa que este ou tal árvore não produz bons frutos, só para impedir os jovens recolher as frutas da árvore que desconseguiu trepar, e qual coloque a nu a sua incapacidade física.

Um velho macaco já não se lembra do tempo porque vive numa prolongada fantasia onde as agulhas do relógio estão sem alma. Ele projecta sempre o atrazmente no futuramente esquecendo a única verdade: que o homem nasce, cresce, produz e morre. Ele se auto-proclama Sese Seko (homem eternal) negando mesmo a cor (branca) dos seus cabelos dizendo que é fashion. Ele desafia a lógica do fatalismo social de que Mobutu já não vive, que Bongo já morreu, que a riqueza de Marcos ficou nos bancos suíços sem que a família recuperasse migas. Muitas vezes é sempre um pequeno incógnito (de ontem) que vai se concentrar uns dias numa mata da vizinhança que voltará decisivo e por fim ao reinado do velho teimoso macacão. O macaco velho nunca abandona seu posto mesmo cego, fique até que alguém tire-lhe o poder a força. Ele raramente foge mas prefere ser morto numa confrontação física.

O que mais fascina-me nestas lições ou comportamento de macacos velhos, é como um irracional torna-se cego pelo sabor do poder e como pela teimosia do poder aceita de morrer quando tem possibilidade de retirar-se livremente num terreno para viver em paz os últimos dias da vida. O que me cativa é a nova capacidade irracional que se empregue para diabolizar até alheios sem portanto realizar está-se ridiculizando perante criançolas e mulheres.

Quando o velho macaco desconsegue recolher uma fruta, fofoca aos demais que as frutas desta arvore são amargas’’ diz um provérbio bantu.


Nkituavanga II
Setembro 2010/002

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

AEROPORTO 4 DE FEVEREIRO, O PRIMEIRO PONTO DE CONTACTO

Eu tinha uma visão diferente, como do todo angolano interessado talvez de poder um dia visitar esta bela nação e experimentar certa amargura. A minha visão era mais alimentada pela minha experiencia do passado quando era ainda estudante e trabalhador no Huambo. A minha visão não exprimia algo negativa ou pessimista mas ela traduzia uma realidade que muitos angolanos tanto estrangeiros conheceram. Num passado próximo, visitar Angola era um sonho para quem persegue o progresso; porque discursa-se tanto daquela economia emergente, mas não deixe de ser fonte de frustração para aqueles que gostam da justiça.

A prática de pagar uma gasosa no nosso Aeroporto era habitual e foi-se normalizada com o decorrer do tempo, porque era patern do sistema. Muitas vezes as tais gasosas eram pagas repetidamente sem que importasse os viajantes. Como é de costume; tudo de bom como de mal acaba-se na terra por ser nacionalizado. O que mais aterrorizava a consciência de viajantes foi a desordem que naquele sítio reinava. Não havia disciplina na prestação de serviços caóticos. A lei inoperacional não ajudava para melhorar todo género de tarefa e proporcionar um progresso. A disseminada corrupção não embelezava a linda imagem de um país de próspero futuro. No Aeroporto tudo era possível; feito possível pelos trabalhadores e normalizado pelos viajantes. Ai se roubava os bens ou propriedades de clientes, incluindo assaltantes fora do recinto. Por ai, aqueles que pouco ganhavam pediam esmolas para encher os bolsos, e aqueles que sustentavam concubinas e quatorzinhas ou que tinham projectos para acabar num tempo recorde solicitavam gasosas. Ali era fulcro que regenerava complicações para viajantes. Do passaporte aos cartões de vacinações, de mercadoria as simples bagagens e presentes, tudo ocorria a base de intrigues e falsas multas. Desviava-se passaportes e cartões de embarque. Os trabalhadores eram profissionais em subtrair a bagagem até dinheiro dos passantes. Só a excessiva presença de homens fardados inspirava medo, nojo e repulsão. As constantes descidas e subidas, idas e voltas destes ou daqueles eram uma pressão psicológica, uma forma de intimidação aos passageiros. Enfim mesmo o simples ar de respirar era kwata-kwata.

Sendo o ponto da entrada para quem chega do exterior e saída para quem espere visitar diversificadas províncias, o Aeroporto era espelho duma civilização de insegurança, de desespero, de confusão. Ele reflectia o verdadeiro cambalacho que se desenvolvia entre os deputados na Assembleia Nacional, a corrupção que se cultivava em vários ministérios, a concorrência política em que a elite se alimentava. Era um Aeroporto que não era nada menos uma entrada para o inferno. Este mesmo Aeroporto é hoje algo especial. Algo especial porque simboliza uma identidade nacional digna de filhos de Angola. No Aeroporto, pareceu-me que é hoje a fonte duma política que inspira paz e sucesso. Houve e há grandes mudanças tanto na presença das forças de trabalho como dos meios da produção. Posso com audácia declarar que nele já não se verifica a anarquia do comunismo e porquidão. No Aeroporto sente-se seguro; tanto os trabalhadores como viajantes. Os serviços prestados são óptimos de confiança. Lá os passageiros são vestidos duma camada de segurança, esperança e confiança. Lá parece que caiu a verdadeira bomba da Tolerância Zero que tem falhado no Palácio, no vulgo Parlamento e no seio de todas estruturas ministeriais. Não vou por aqui declarar que fechou-se uma entrada de droga do Brasil, ou de mercadorias humanas que lá ilegalmente transitam para ocupar armazéns no Roque Santeiro, gerir lojas no Sapu, Rocha P. ou no Hoji mas aspire algo especial que na outrora desconhecia-se. Sabe-se que ainda por lá transite vultos de dinheiro usurpado pela elite para engordar contas bancárias na Suíça, Brasil, Portugal, França, Estados Unidos etc sustentar terceiras mulheres e filhos em Londres e Manchester mas que poderão acidentalmente alimentar o terrorismo. Os serviços da imigração atendem agora com alta disciplina e dedicação. Os antigos gatunos que lá arrombavam malas de passageiros sumiram subitamente. Mesmo aqueles assaltantes que nos seguiam do Aeroporto as casas foram colhidos. O nosso Aeroporto oferece hoje um serviço apreciável sem protocolos inúteis, frutos duma burocracia comunista e duma administração falhada.

O que lá se conseguiu instalar ou impor é fruto de um trabalho bem estudado e aplicado com cuidados mas também prova a falta da vontade de dirigentes de alcançar o mesmo em todas as repartições e instituições públicas começando pela Cidade Alta. Neste, já não se vê sinais da candonga, da corrupção, das gasosas, das complicações burocráticas, da linguagem abusiva e mesmo da presença amedrontadora. Lá reina-se o clima de 4 de Fevereiro. Congratulations a quem merece estes elogios!

Nkituavanga II
Setembro 2010/001