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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A OFICIAL PROFECIA DO INSUCESSO


Os discursos de muitos dirigentes africanos são sempre aplaudidos pelo povo mesmo sem compreender a mensagem a fundo. Muitas vezes também aplaude-se porque existe no seio da população um estimulo arrancado pelas emoções que a atmosfera do sitio cria, como também criado pela capacidade psicológica de toda a equipa que colabora no pronunciamento indireito deste discurso. Isto acontece quando membros da direcção deste grupo estão camuflados no meio da população. Aqui o jeito da corrupção e manipulação é preponderante.

Como se trata de uma mensagem dirigida não só a um determinado número limitado de indivíduo, então suscita um interesse geral de diferentes dignitários que vão estudando o vocabulário, as temáticas, fraseologia e terminologia, a pontuação etc., enfim toda a gramática numa mistura de sonorização literária. Discursar em Angola tem sempre uma diferente colorização uma vez iniciou-se tudo com um regime comunista, que ainda pensa que a transformação de tudo deve ser obtida desde o exterior: das circunstancias, do meio, das condições. Discursar em Angola foi conotado com um diapasão muitíssimo diferente uma vez os primeiros locutores emergiram nas várias matas angolanas nas escolas da literatura revolucionária.

Há 32 anos que o actual Presidente angolano fez um discurso no seu empossamento perante dirigentes do partido comunista do MPLA. Não se vai por em causa a selecção dos presentes uma vez o país tinha sombreado no marxismo-leninismo e que isto implicava um governo totalitário e monopartidário. Infelizmente 32 anos depois o sistema mantêm-se com a mesma estrutura politica, com o mesmo denominador e os componentes vão rodear no ciclo vicioso de poder entre amigos, primos, cunhados, netos e sobrinhos anulando qualquer influencia eleitoral, pois a substituição faz-se na restrita família do partido da situação.

No seu oficial juramento, JES sublinhou e reiterou sobre ‘’uma substituição impossível mas apenas necessária’’ Agradeço o editor deste vídeo que esticou a minha consciência para reflectir superficialmente nesta mensagem de 32 anos. Se fosse homem este vídeo teria 32 anos e penso que com a mentalidade africana teria mulher e filhos. Seria responsável, como tem-se dito de costume na terra.

Lembreis-vos que na altura do pronunciamento deste discurso, o jovem futuro Presidente era um verdadeiro comunista que prometera seguir fielmente os ensinamentos de Neto. Até jurou não deixar escapar nenhuma vírgula. Como no comunismo nunca houve eleições, a URSS digitou o seu homem da confiança. Eu tenho-me perguntado várias questões pois nesta altura os homens mais próximos de Neto eram Lúcio Lara, Pascoal Luvualo, Ambrósio Lukoki e Iko Carreira. Esses eram os pesos pesados e homens da confiança. Para alem da sua vida privada, o JES era um bom ministro mas nunca teve melhores qualidades profissionais como dos quatro citados. Já se provou que a inclinação russa ao JES deveu-se de facto deste ultimo ser um antigo aluno das escolas bolchevicas. A Rússia tinha uma predilecção política sobre a elevação social da Isabela que nenhum angolano na altura sonharia.

A lógica desta ‘’substituição impossível’’ pode se justificar porque entre Neto e JES nenhum entre eles é fotocópia ou duplicado do outro. Cada um tem suas especificidades e o patriotismo de cada resta incomparável. Portanto a ‘’substituição era apenas necessária’’ Eu não sei como o Presidente colocou neste a palavra apenas, que pode ser interpretada por varias outras palavras como: simplesmente, só, talvez, logo, somente, unicamente. Numa visibilidade irónica, parece que ele não se interessava neste posto! Parece que foi uma substituição não meritória ou talvez forçada. Foi esta substituição uma obrigação partidária para não haver uma cadeira vazia? Não foi uma predilecção da politica de ‘’aquecer o banco? ‘‘ Disse-se ‘’quem avisa, amigo é’’ esta substituição apenas necessária foi um aviso, que a sua escolha seria um desastre. Esta mensagem não interpreta hoje o que se vive em Angola? Colocou-se alguém no poder apenasmente para colmatar o vazio. Nesta razão ninguém pode depois de 32 anos de poder julgar o homem! 32 anos de pobreza, miséria, do desemprego e de condenação para cada cidadão angolano. O insucesso já foi antecipadamente justificado pela profecia no empossamento.

As coisas foram já elaboradas e definidas claramente há 32 anos. No comboio do desenvolvimento político e do leadership angolano nunca vai-se admitir elementos ‘’alheios’’ ao Partido do trabalho. A juventude como a oposição vão continuar ladrando mas a penetração a concha da liderança não é permitido a quem merece mas aos digitados.



Nkituavanga II

sábado, 10 de setembro de 2011

DA BORBOLETA A UMA NINFA


Uma lógica popular sustentada pelas experiencias politicas no continente africano estabelece que: um homem pobre não deve ascender a presidência, porque corre-se o risco de se atrapalhar com a fortuna e destacar-se como melhor ladrão da nação. Muitas vezes a realidade do tempo prova-nos que o homem é limitado porque vimos o Mandela na África do Sul, mesmo Agostinho Neto em Angola.

Esta lógica que eu consideraria por uma mentalidade vai sugerindo que só o rico pode ser um bom presidente. Felizmente esta mentalidade não especifica ou diferencia em que sistema sociopolítico da nação ela ocorre. Isto, tal como a verdade não ter cores, a gatunagem não também conhece cores, por isso os comunistas roubam tanto como os capitalistas.

Os ventos da democracia que vem soprando, carregam consigo uma lição, que em nenhuma república do mundo jamais poderá-se aceitar um presidente vitalício, pouco importa o seu poderio, seu estatuto de ditador, sua máquina da opressão, sua fortuna acumulada, seu jeito de corromper, seu vinculo com a comunidade internacional etc. Não só a presidência de dinossauros será posta em causa mas também a habitual estratégia de substituição dentro da família. Uma república não deve ser vista como um Império, dinastia ou uma monarquia onde os filhos de presidentes vão substituir-se uns apois outros. Os Kabilas, Bongos, Eyademas e outros foram talvez os últimos a beneficiar desta absurda clemência. Uma substituição meritória é diferente porque o sucessor prova possuir as qualidades necessárias para dirigir patrioticamente um povo. Esta substituição meritória também não deve acontecer como intercâmbio de poder onde o predecessor familiar delapidou toda a economia e creio este caso nunca será vontade de um povo algum, mesmo se extemporâneo for. Normalmente os parentes ou familiares que se alinha para suceder a um ditador pai, primo ou tio tem sempre tendência de continuar a obras do antecessor. Ele vai procurando defender os interesses obscuros da família e proteger os malfeitores que colaboraram no esbanjo.

Num regime ditatorial pouco importa as qualidades de filhos, sobrinhos, primos e netos que aspirem, pretendem se infiltrar na presidência pela via da substituição. Não é transgressão nenhuma pertencer a uma família de um bom ditador mas a colaboração as ofensas do ditador familiar é um crime. Esta substituição no seio da família nunca foi livre e justa mas uma imposição do falhado presidente de acordo a sua preferência.

Há um bom tempo que se fala deste cenário em Angola. A substituição dentro de um partido obedece sempre aos critérios estabelecidos pela lei interna que rege sobre o partido. Todo partido tem normas para eleger e como seleccionar seus candidatos. Mesmo quando se faz seguindo sentimentos e sob emoções da atmosfera partidária, ela é aceitável uma vez funciona dentro de um aparelho restrito. O tratamento que se fornece a uma nação tem de ser esclarecida assim as eleições livres e justas expliquem e exprimem o desejo de um povo. Assim o surgimento de qualquer dirigente no posto mais elevado da nação merece explicações. E estas explicações devem reflectir o desejo do povo. Caso que se respeite este princípio, então entendo que deve-se utilizar seu direito como cidadão de exprimir uma opinião inteiramente livre.

O MPLA fez em Angola o que pude. No MPLA tanto na Unita como Na Fnla há como em qualquer organização bons e maus dirigentes. O partido da situação tem homens com qualidades de bem dirigir Angola. Se o partido não consegue os descobrir, o nosso povo tem a capacidade de enumerar-lhes com muita facilidade. Diria-se que em 10 anos o angolano não perdeu muito, mas comparando com a riqueza acumulada pela classe dirigente e o rendimento nacional, especialmente do MPLA, concluiríamos que a perda do angolano é colossal, e este tempo é de respeitar este povo dando-lhe liberdade de escolher o seu presidente.

Angola exige uma mudança, umas reformas e pouco importa de que lado virá. Portanto Angola já não precisa de sombrear sob a presidência de um outro dinossauro. Todos aqueles que ilicitamente acumularam fortunas já não são bem vindos a presidência de Angola. Estes, sejam da oposição ou do actual governo porque a pilhagem não se fez só no MPLA, embora que teve mais facilidade. E na minha opinião, nenhum dirigente angolano que pertenceu a elite do círculo presidencial pode hoje colocar, impor ou substituir no trono presidencial seu filho, primo, sobrinho ou neto. Isto seria substituir uma borboleta por uma ninfa/crisálida.


 Nkituavanga II 

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O PECADO DE M. KADDAFI


 


O coronel Muhammar Kaddafi nunca foi o melhor presidente no continente africano, como nunca foi o pior entre outros. A questão do reinado de Kaddafi tem de ser analisado em vários aspectos mas especialmente em dois pontos de visto:

Primeiro como Presidente da Líbia e o segundo como líder africano. A observação destes pontos também constitui um ponto de divergência entre os observadores africanos e europeus incluídos americanos.

Kaddafi nunca foi visto na Líbia como foi considerado no continente. Os amigos europeus e americanos também não tem o mesmo testemunho em relação ao homem que tão gostaram e odiaram ao mesmo tempo. O ocidente nunca na realidade gostou o homem forte da Líbia, visto a sua teimosia económica e vaidade politica. Ele tem humilhado em muitas ocasiões dirigentes e nações do ocidente e tem desafiado muitas vezes as posturas ocidentais. O amor do ocidente ao Kaddafi repousou totalmente nos verdes/dólares. O ocidente passou mais décadas cobiçando a fortuna do homem que chamaram de crasy.

Kaddafi que orgulhosamente se considerava também como pai do panafricanismo colocava-se na TOP posição desprezando muitas vezes homólogos africanos. Kaddafi nunca se via na mesma onda de poder aos outros que classificava de pequenos presidentes como Zuma, Ed. dos Santos, Paul Biya etc. Este comportamento custou-lhe a carreira e vida uma vez não teve nenhum aliado africano ou árabe para suportar-lhe no tempo necessitado. Nunca teve amigo, por isso esta galeria facilitou a própria sombra caça-lhe.

A África deve reconhecer também que Muhammar procurou sempre revolucionar as economias do continente e elevar o nível de consideração do africano perante o ocidente que o fez homem da última classe. Kaddafi ajudou muitos dirigentes e países em momentos de aflições económicas, ainda que procurou sempre pertencer entre os expansionistas do Islão no continente. O coronel tem se destacado no sentido de diminuir a dependência económica de África ao ocidente e resto do mundo, embora que financiou por muito tempo a guerra no Sudão e noutras partes do continente como Somália, Chade etc. Kaddafi criou estruturas económicas para desenvolver uma independência informática/comunicação (TV, telefone, internet do futuro) do continente. Este mecanismo revelou-se perigoso as oligarquias e corporações ocidentais que decidiram precipitar a queda do desafiante.

Na sua politica interior Kaddafi não foi santo como tem-se prostrado nos corredores do continente. Ele foi um verdadeiro ditador, bruto que soube lapidar qualquer resistência. O seu povo nunca conheceu a verdadeira freedom. Ele tomou injustamente conta do seu povo (6 milhões de habitantes) dando-lhe migalhas mesmo com um rendimento do PNB (produto nacional bruto) superior de 70 milhões de dólares. A riqueza do povo era um bolo da família presidencial, tal como em Angola. Mas reconhece-se certas vantagens e direitos que este povo beneficiou tais como escolas e saúde gratuitas, não se paga imposto e não há taxas no comércio, direito de subsídio de aposentamento etc. Como presidente Kaddafi escolheu ser vitalício no poder, confundido uma República a monarquia e o bolso pessoal ao bolso governamental, como tem feito todos os ditadores.

Lamenta-se a estratégia do ocidente, que para ganhar mais mercados escolheram a via da destruição total das cidades como Tripoli, Bengazi e outras. Sabe-se bem que as cidades destruídas com as bombas americanas, francesas e inglesas nunca mais serão erguidas, uma vez a historia demonstra que nenhum país pobre no mundo destruído pelo ocidente foi reparado. Tal como no Iraque, Afeganistão a Líbia vai completando a lista de vítimas do ocidente. Entende-se que com a crise mundial, o ocidente já não tem recursos para financiar suas economias, e a riqueza dos ditadores como a riqueza africana são lindas alternativas porque oferecem facilidade de obtenção. E claro que a Líbia nunca será reconstruída e a miséria vai tomar controlo dos destinos. Kaddafi que nunca foi comunista caiu no erro dos comunistas, negando a liberdade ao seu povo. A liberdade de um povo é muitas vezes obtida através derramação do sangue, assim da mesma forma se recupere.

O que se fez na Líbia teria uma justificação mas a destruição do existente tecido social não se justifique, pois havia meios e vias de desalojar Kaddafi sem arruinar as cidades e economias. Remover o ditador no lugar era imperativo e justificativo, como de resto dos dinossauros. Infelizmente que os que ainda obedecem ao ocidente vão continuar ainda por longo tempo.

Contudo, por ai vêem intempéries que governos e homens influentes não conseguem controlar!

A realidade da evolução democrática vai ainda nos surpreender com muitos acontecimentos. Hoje Mubarrack está sendo julgado por ter ordenado o ‘’fuzilamento’’ dos manifestantes duma revolução pacífica. Mubarrack não só deu uma contribuição péssima durante a sua estadia como presidente mas a brutalidade da última hora manchou o pouco que se deveria elogiar. A derramação de sangue dos populares que defendem um direito natural e cívico estipulado pela constituição nacional constitui um crime punível a lei de qualquer nação.

Actualmente, as surpresas vão se suceder em quase todos os continentes. O que se passou em Londres foi o efeito da acumulação de frustração imposta pela própria governação a juventude. Os que quebram a lei, caem no poder da justiça, portanto aqueles que habituaram-se a dobrar a lei, são muitas vezes intocáveis devido a pertencia a classe politica ou de privilegiados. Esses ‘‘em cima da lei’’ vão doravante acabar na justiça do povo, que vai reclamando-lhes publicamente nas ruas através manifestações ou acções concretas que obrigam os políticos de pensar duas vezes. A comunicação através a repressão já não tem expressão ao espelho do mundo.

Não é surpresa que Geir Haarde, antigo primeiro-ministro da Islândia seja chamado as ‘’barras’’ devido a sua má prestação de serviço como líder da nação. Aqui o mundo vai se inclinar numa outra direcção, onde o poder não só pertencerá aos mais desenvolvidos mas a voz de povo terá mais força que as armas.

A fácil questão ausente na consciência de ditadores é: o que quer este povo?



Nkituavanga II

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

PELA TALATONA CHOREI



 


Os múltiplos cenários e eruptivas dramas multifaciais de Luanda ofereciam incessantemente aos orifícios luminosos de passantes uma mistura de imagens contraditórias, vibrando esquisitas sonorizações pelo belo ar, em disputa aos barulhos das maratonas e improvisadas discotecas de cada beco que se adicionavam ao fumo de sucatas em processo e ruídos de luxuosos caros, penetrando agressivamente os miolos dos inhabituados que vão se confundir naquela massa de engarrafamentos de tudo: homens, caros, kitandeiras, mercados, poeira, casas, bakajoeiros, crianças da rua, lixos etc. O feliz sentimento de rever seus familiares, a curiosidade de descobrir a tal comentada nova cidade, a pressa de comer um bom kanjika, a náusea do perfume do lixo, a frustração das constantes cortes da electricidade e agua, o medo de cair numa emboscada de gatunos, a preocupação sobre o transporte deste ou daquele dia, horas neste troço, a ânsia de descobrir o sucedimento daquilo que de tempo ao outro mandara a família por um business qualquer, tudo isto vai causando engarrafamento na consciência forçada a reflectir numa consistência rítmica variável segundo as súbitas dramas que vão desfilar na subconsciência até afectar os órgãos digestivos. Tudo isso, os meus predecessores conheceram, eu conheci e meus sucessores hão de conhecer naquele modernizado Luanda de discursos multicores.

Logo a chegada ao Aeroporto sente-se uma grande felicidade, já que ele oferece um odor saboreado devido a boa segurança, muitas mudanças em termo de paisagens, organização do trabalho, prestação de serviços, novas infrastruturas, enfim um dinâmico democrático. Qualquer que seja o tipo de caro, a marca e o luxo a primeira amargura será a forma péssima na condução. Pouco importa a qualidade do motorista e das estradas, porque a lei em si é um fiasco. Conduzir em Luanda é um calvário, porque se faz ultrapassagens bruscas a esquerda tanto a direita. Ser conduzido é também um quebra-cabeças, porque surge em si um ultra-intuito de segurança que de tempo ao outro vai forçar-lhe travar no vazio, deixando escapar sempre um fio de arrepio que poderá obrigar-lhe lançar involuntariamente um grito.

As estradas têm seus problemas. As estradas também têm suas lutas de sobrevivência porque tem de se defender contra tudo e todos. Elas são massacradas pelos excessos de caros. As estradas não têm primos para socorrê-las dando alternativas aos blindados que nelas circulam. Estradas de três pistas são assaltadas pelos motoristas que as tornam por sete pistas. As estradas em reparação são prematuramente violadas sem dá-las possibilidades de curar suas feridas. As novas estradas tem uma cultura europeia mas foram tecnicamente concebidas com graves defeitos. Para alem de problemas de esgotos e faltas de qualidade duradoura (tem uma fina espessura), as estradas oferecem aos passantes poucas ou quase nenhumas possibilidades de travessos de um lado ao outro. Não quero falar da curiosa tentativa que fiz de atravessar sobre a ponte do Jumbo a sede do partido da Vila Alice. Aos motoristas também não oferecem possibilidades encurtadas de sair noutra faixa da rua; porque as viragens são bem ultra-distanciadas. Gostei imenso as estradas no Camama! Mas creio também que se prepara uma boa surpresa na ilha de Luanda.

O meu coração estava bem entusiasmado, cheio de felicidade e preste a reencontrar amigos de minha infância, colegas de longas datas e vizinhos com o cume de prazer acentuado no deparo de duas mulheres tão especiais na minha vida. Primeiro é aquela querida que me concedeu a vida, seguida pela irmã kassule da família. Reencontrar essas duas senhoras repousava numa condição atmosférica tão inesperada. Não era fácil para mim tanto para elas. Era grande curiosidade conhecer a irmã, com a qual só falava por via telefónica mas que nunca tínhamos encarado. Afrontar a mãe era uma grande equação que exigia muita energia e controlo, uma vez que 1980 foi a ultima vez que dei uma volta a província cafeícola até Béu, minha aldeia natal. Neste tempo a mãe estava sempre ao lado do seu esposo (meu pai), mas que desta vez como viúva da revolução angolana. Enfim a minha alegria foi estimulada pelo encontro com vários parentes, familiares e outras figuras do Béu e conhecidos com que partilhei dias e noites.

Não direi que fui de ferias, pois tempo para repouso não consegui arranjar. Passei então mais tempo ao lado de pedreiros, andei quase todas as praças onde se vende o que necessitava. Muitas pessoas, principalmente familiares ao ver-me lembravam e comentavam sobre meu pai. Muitos até choravam mas eu decidi não deixar escapar nenhuma gota de lágrimas. Assim passei de forma repetitiva esta experiencia no dia a dia da minha estadia em Luanda.

Como a minha base de concentração estava localizada no mabululu de Luanda, eu era forçado de cavalgar as rotas de Mabor, Hoji ya henda, Nocal, Kazenga, Palanca. Muitas vezes as circunstancias levavam-me até Golfo I e II, Sapu, Kalemba II, no meu antigo bairro Prenda mas também fui ate Rocha, passei pela Samba, pelos fundos de Malueka etc. Isto não impedia-me chegar a Terra Nova, Vila Alice, Alvalade, São Paulo, Praia do Bispo, Ilha de Luanda etc.

Alguns amigos queriam oferecer-me uma imagem de Luanda mais bela e mais esplêndida. Assim decidiram levar-me visitar as zonas de inspiração da nova Luanda. Esta visita era decisiva uma vez eram orgulhosos das obras milagrosas que foram arquitectadas na capital. Tanto eles como eu, éramos ansiosos. Eles queriam oferecer-me um certo prazer, pois no mabululu só via buracos e imagens assombradas pela miséria dos comutadores de Luanda. Eu queria descobrir as louváveis obras montadas a preço do suor angolano, que mudaria talvez a minha decepção e amargura daquilo que presenciava no quotidiano da cidade.

Bem como se diz na terra: ‘’as roupas sujas se lavam na família’’ Fomos de um ponto ao outro, vimos o que poderíamos ver, finalmente o culminante era a famosa TALATONA. Basculhamos quase todas as ruas desta maravilhosa cidade: umas com denominações em francês, inglês, italiano etc. lembrais-vos que já visitei muitas cidades africanas como europeias. Tenho tido dificuldades para diferenciar as cores mas não a beleza. Sou um ser humano muito sensível aos detalhes. Não há desilusão! Gostei imensamente esta porção de Luanda nova, que se fosse uma muambada de galinha, iria devorar até ossos.

De repente deparamos a Universidade de Talatona, que se não me engano era a Univ. Jean Piaget. Eu pedi que parasse o caro e aproveitarmos o espaço para exercitar os tubos da locomoção. Reparei que o número de estudantes deste estabelecimento era muito reduzido ou talvez limitado mas fiz No Comment. Articulamos as pernas ate uma posição que bem permitia-nos observar as partes da radiante cidade. Ai, paremos em frente a um reclame publicitário e li a alta voz a hierografia que dizia: ‘’a qualidade como estilo da vida cristal’’ Dali, o meu coração começou aquecer-se com a confusão daquilo que acabo de ler, lembrando que no Kazenga, cheio de bakajoeiros acabei de ler na mesma manha um panfleto que dizia: ‘’a minha empresa tornou-se realidade’’ enquanto na estrada de Catete em frente ao Monumento de Motoristas foi escrito: ‘’só a cidade, não chegue’’. Passou-se pela minha cabeça um exercício mental de relâmpago para bem discernir o que foram escritos em três diferentes sítios. Como essas escritas se diferenciam e como se completam com a realidade dos lugares onde se localizem. Então comecei a chorar na presença dos meus amigos que caíram numa turbilhão intelectual. Lembrais-vos que eu tinha decidido não chorar meu falecido pai e consegui, mas, chorei pela Talatona! Ninguém entre os meus observadores poderia ler na minha mente. Cada um se esforçava a entender o que realmente se passava. Tirei do meu bolso um lenço, depois, esforcei-me para rematar: ‘’ para quem são ou serão essas lindas casas de Talatona? O silêncio tomou então o comando do espaço e do tempo. Já ninguém teve coragem de fitar a minha chorona cara. Os meus quatro acompanhantes eram quadros! Para colmatar o vazio criado no espaço e tempo adicionei: ‘’este é o rendimento do suor angolano’’. Dai, saímos sem continuarmos a nossa rota para outras novas partes da moderna cidade de Luanda.

Recebi hoje uma pequena mensagem de um dos meus acompanhantes daquele dia dando-me a correcta resposta a minha inoportuna questão. Eis a razão de partilhar consigo estes trechos.


Nkituavanga II