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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O PECADO DE M. KADDAFI


 


O coronel Muhammar Kaddafi nunca foi o melhor presidente no continente africano, como nunca foi o pior entre outros. A questão do reinado de Kaddafi tem de ser analisado em vários aspectos mas especialmente em dois pontos de visto:

Primeiro como Presidente da Líbia e o segundo como líder africano. A observação destes pontos também constitui um ponto de divergência entre os observadores africanos e europeus incluídos americanos.

Kaddafi nunca foi visto na Líbia como foi considerado no continente. Os amigos europeus e americanos também não tem o mesmo testemunho em relação ao homem que tão gostaram e odiaram ao mesmo tempo. O ocidente nunca na realidade gostou o homem forte da Líbia, visto a sua teimosia económica e vaidade politica. Ele tem humilhado em muitas ocasiões dirigentes e nações do ocidente e tem desafiado muitas vezes as posturas ocidentais. O amor do ocidente ao Kaddafi repousou totalmente nos verdes/dólares. O ocidente passou mais décadas cobiçando a fortuna do homem que chamaram de crasy.

Kaddafi que orgulhosamente se considerava também como pai do panafricanismo colocava-se na TOP posição desprezando muitas vezes homólogos africanos. Kaddafi nunca se via na mesma onda de poder aos outros que classificava de pequenos presidentes como Zuma, Ed. dos Santos, Paul Biya etc. Este comportamento custou-lhe a carreira e vida uma vez não teve nenhum aliado africano ou árabe para suportar-lhe no tempo necessitado. Nunca teve amigo, por isso esta galeria facilitou a própria sombra caça-lhe.

A África deve reconhecer também que Muhammar procurou sempre revolucionar as economias do continente e elevar o nível de consideração do africano perante o ocidente que o fez homem da última classe. Kaddafi ajudou muitos dirigentes e países em momentos de aflições económicas, ainda que procurou sempre pertencer entre os expansionistas do Islão no continente. O coronel tem se destacado no sentido de diminuir a dependência económica de África ao ocidente e resto do mundo, embora que financiou por muito tempo a guerra no Sudão e noutras partes do continente como Somália, Chade etc. Kaddafi criou estruturas económicas para desenvolver uma independência informática/comunicação (TV, telefone, internet do futuro) do continente. Este mecanismo revelou-se perigoso as oligarquias e corporações ocidentais que decidiram precipitar a queda do desafiante.

Na sua politica interior Kaddafi não foi santo como tem-se prostrado nos corredores do continente. Ele foi um verdadeiro ditador, bruto que soube lapidar qualquer resistência. O seu povo nunca conheceu a verdadeira freedom. Ele tomou injustamente conta do seu povo (6 milhões de habitantes) dando-lhe migalhas mesmo com um rendimento do PNB (produto nacional bruto) superior de 70 milhões de dólares. A riqueza do povo era um bolo da família presidencial, tal como em Angola. Mas reconhece-se certas vantagens e direitos que este povo beneficiou tais como escolas e saúde gratuitas, não se paga imposto e não há taxas no comércio, direito de subsídio de aposentamento etc. Como presidente Kaddafi escolheu ser vitalício no poder, confundido uma República a monarquia e o bolso pessoal ao bolso governamental, como tem feito todos os ditadores.

Lamenta-se a estratégia do ocidente, que para ganhar mais mercados escolheram a via da destruição total das cidades como Tripoli, Bengazi e outras. Sabe-se bem que as cidades destruídas com as bombas americanas, francesas e inglesas nunca mais serão erguidas, uma vez a historia demonstra que nenhum país pobre no mundo destruído pelo ocidente foi reparado. Tal como no Iraque, Afeganistão a Líbia vai completando a lista de vítimas do ocidente. Entende-se que com a crise mundial, o ocidente já não tem recursos para financiar suas economias, e a riqueza dos ditadores como a riqueza africana são lindas alternativas porque oferecem facilidade de obtenção. E claro que a Líbia nunca será reconstruída e a miséria vai tomar controlo dos destinos. Kaddafi que nunca foi comunista caiu no erro dos comunistas, negando a liberdade ao seu povo. A liberdade de um povo é muitas vezes obtida através derramação do sangue, assim da mesma forma se recupere.

O que se fez na Líbia teria uma justificação mas a destruição do existente tecido social não se justifique, pois havia meios e vias de desalojar Kaddafi sem arruinar as cidades e economias. Remover o ditador no lugar era imperativo e justificativo, como de resto dos dinossauros. Infelizmente que os que ainda obedecem ao ocidente vão continuar ainda por longo tempo.

Contudo, por ai vêem intempéries que governos e homens influentes não conseguem controlar!

A realidade da evolução democrática vai ainda nos surpreender com muitos acontecimentos. Hoje Mubarrack está sendo julgado por ter ordenado o ‘’fuzilamento’’ dos manifestantes duma revolução pacífica. Mubarrack não só deu uma contribuição péssima durante a sua estadia como presidente mas a brutalidade da última hora manchou o pouco que se deveria elogiar. A derramação de sangue dos populares que defendem um direito natural e cívico estipulado pela constituição nacional constitui um crime punível a lei de qualquer nação.

Actualmente, as surpresas vão se suceder em quase todos os continentes. O que se passou em Londres foi o efeito da acumulação de frustração imposta pela própria governação a juventude. Os que quebram a lei, caem no poder da justiça, portanto aqueles que habituaram-se a dobrar a lei, são muitas vezes intocáveis devido a pertencia a classe politica ou de privilegiados. Esses ‘‘em cima da lei’’ vão doravante acabar na justiça do povo, que vai reclamando-lhes publicamente nas ruas através manifestações ou acções concretas que obrigam os políticos de pensar duas vezes. A comunicação através a repressão já não tem expressão ao espelho do mundo.

Não é surpresa que Geir Haarde, antigo primeiro-ministro da Islândia seja chamado as ‘’barras’’ devido a sua má prestação de serviço como líder da nação. Aqui o mundo vai se inclinar numa outra direcção, onde o poder não só pertencerá aos mais desenvolvidos mas a voz de povo terá mais força que as armas.

A fácil questão ausente na consciência de ditadores é: o que quer este povo?



Nkituavanga II