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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A MORTALIDADE DO IMORTAL


Este último tempo tem-se falado incessantemente sobre Madiba Nelson Mandela não só nos horizontes africanos mas do universo. Nelson continua ocupando volumosas páginas de jornais, magazines, rádios e de programas televisivos. Comenta-se quase em varias fontes confirmando que a memória do Nelson ficará eternamente nas consciências. Dá-se um estatuto meritório de imortal ao homem que combateu contra o regime da injustiça, da desigualdade em África do Sul.

Portanto as vozes de maturos e experimentados analistas da política angolana clamaram aos meus ouvidos sobre esta afirmação, comparando ao que se vive actualmente em relação ao Guia Imortal da revolução angolana, O saudoso Dr. Agostinho Neto. Neto faleceu algum dia em Rússia, e, subitamente foi declarado Guia Imortal na história de Angola. Enquanto vou riscar as tintas nesta página; já não se fala de A. Neto. Quer dizer, passou do Imortal ao mortal. O que realmente tem se passado? Crianças que nascem hoje não sabem nadinha de Neto.

Eu não gostaria de responder esta critica afirmativa porque acho que é um ponto de vista muito precioso que merece atenção. Ora Neto faleceu quando Angola era ainda uma Republica Marxista Socialista, e o socialismo africano/angolano foi-se constituído nos alicerces de slogans revolucionários. O dirigente político sofria nas alturas umas tonturas causadas pela poesia, que se usou como arma não só de combate mas também de propaganda. Angola habituou-nos a engolir sapos, assim fomos acreditando tudo.

Realmente o presidente Agostinho Neto seria imortal, mas alguma coisa aconteceu nos fornos ideológicos do Mpla, que obrigou a máquina da propaganda de basculhar no sentido oposto, escapando o controlo de antigos homens fortes da era do Neto, que nas suas vezes encontraram-se nas escorregadelas. O poder caiu nos poderes de novo substituído, o presidente JES. Este, sem experiencia e ambições pessoais prometeu emocionalmente copiar tudo sem mesmo esquecer vírgulas. Como se diz ‘’a noite traz conselho’’ Nas suas horas nocturnas, JES concebeu uma genuidade própria procurando marcar a história de Angola puxando pelo nome da sua tribo/clã avante. Dai, a estratégia do Mpla tomou uma nova direcção e o comando dos destinos do partido passou as mãos alheias. Aconteceu então aquilo que considero como o nascimento de um novo Mpla tendo uma nova visão, com uma nova direcção, nova historia e novos dirigentes com uma outra forma de olhar, discernir e aplicar. Brevemente sabe-se que o Mpla de Agostinho Neto já não é este que governe-nos hoje. Neto teve que mudar de títulos, qualidades e honras porque já não ocupa a mesma posição histórica em Angola. Eis a razão que caiu nos esquecidos. Neto perdeu a sua imortalidade como Savimbi nunca teve, e muito menos o Holden Roberto. Hoje pensa-se e planeia-se como o JES será imortal, pois é o Senhor da situação que tem a faca e queijo.

Não espero que esta situação aconteça ao Mandela porque a mentalidade sul-africana não é angolana. Os carcamanos tem uma consciência mais aclarada que angolanos. A obra de Madiba ultrapassa de longe as da dupla Neto - JES. Existe ainda hoje povos em partes de Angola que nunca conheceram Neto e nunca conhecerão o JES. Na África do Sul combina-se o estilo da política africana e europeia enquanto em Luanda não é o caso. Por consequência o Mpla continua ainda aplicar a exclusão e uma forma do tribalismo subentendido mas está construindo Luanda. As obras de Neto tanto do JES eram/são de tamanho angolano, enquanto as de Mandela tem uma dimensão universal.

Na lógica da angolanidade de hoje a injustiça supera a justiça! mas a universalidade escolheu Madiba. 

Nkituavanga II