Simples slogan patriotico
‘’O mais importante é resolver os problemas do povo’’ uma declaração feita pelo Saudoso Presidente António Agostinho Neto. Esta simplista frase pode se tornar articulada, uma vez estudada na morfologia e sintaxe. Para aclamar esta focalização nas microfones da RNA e TPA foi necessário um estudo sério da matéria em termo filosófico e social. Agostinho Neto pesquisou sobre as necessidades imperativas em comparação ao plano governemental para amelhorar as condições socio-económicas até ao bem estar que tanto se preconisou. Esta notificação foi feita porque verificou-se uma negliciencia e insensibilidade por parte de alguns dirigentes. Ele sentiu o perigo na germinação duma nova classe social com uma mentalidade burguesa na sociedade. Viu-se um crescimento duma consciência corrupta que emergia na classe política. Não foi em vão que foi pedido ao então novo Presidente Eduardo dos Santos de perseguir os ensinamentos do imortal Neto sem deixar nenhuma vírgula. Pretendeu-se confiar o poder a uma máquina fotocopiadora que nunca desviaria na refração de imagens criando uma transladação errada.
Uma declaração que inspira esperança: afirmando como a governação é consciente do sofrimento da população mas decidida a tomar controlo da situação. Ela aspira confiança: prometendo que vai-se empregar todas as aptidões para que hajam resoluções imediatas. É um apelo aos dirigentes para se consciencializar de forma que não hajem mais conflitos de interesses. Foi uma proclamação do fin de tempos de folganças, abusos, roubos e de negligência. Ao mesmo tempo foi uma forma de admitir os erros governementais solicitando novas oportunidades para corrigir-los. Esta declaração foi feita por um poeta que entendia o poder da palavra musicalizada na sensibilidade sensorial do coração, audição, vibrando sinergia aos músculos nesta revolução en vogue. Até Sedar Senghor tinha declarado: ‘’Neto esta tonto com a literatura que lhe inspira slogans revolucionários’’
Falsa aparência nas relações
‘’O mais importante é resolver os problemas do povo’’. Para resolver estes problemas deve-se conhecer o mesmo povo. Isto implica aproximar-se dele, observar-lhe, ter consistentes bate-papos para descubrir, estudar e reverificar com uma consciência receptiva. As previsões do MPLA indicavam uma facilidade de colher tudo atravez a DISA e posteriormente pela musculosa segurança preparada nas escolas de KGB em Baku e Krasnadar. O Partido do Trabalho não tinha outro mecanismo para poder conhecer a realidade do povo angolano porque segundo os princípios da segurança marxista ninguém confia ninguém. Deste modo cada um tem a facilidade de controlar e espiar o outro, assim os angolanos eram inimigos numa amizade socio-política. Não podia haver confiança mútual entre elementos defensores desta política partidária. Uma forma de dividir para melhor reinar mas numa falsa união que superficialmente cobriu as estruturas e relações. Com um poder totalitário, sem adversário político devidamente autorizado e uma população terrorizada pela constante presença de blindados soviéticos lembrando-lhe as consequências do 27 de maio, a ideologia quebrou os nervos do povo escravizado em si. Esta electrificação estratégica ainda continua como norma de funcionamento da actual bofia de Angola robustizada pela ideologia comunista.
Depois de mais de três décadas, Angola não consegue construir este mecanismo para melhor conhecer os problemas do seu povo. Hoje, mesmo vivendo numa pobreza agudizada todo angolano intelectual como analfabeto sabe sem sombra de dúvida que Angola é um país rico. Enquanto ninguém se lembra devemos contar com o ovo que esta nas nossas mãos em vez de sonhar a cores e alimentar-se do perfume da cuzinha dos outros.
Prioridades na resolução
Há uma necessidade que este slogan de Neto seja redeclarado, reajustado, repraticado, reimplementado porque ninguém se preocupa mesmo indireitamente dos problemas do povo. Muitas estruturas inexistentes na era comunista já foram criadas. Muitas estruturas desnecessárias do comunismo já foram abolidas. Contudo não há diferênças no resultado porque diz-se que vai ainda levar tempo e tempos. Promete-se uma paciência quando alguém enriquece sem contar nem prometer tempos, e ao mesmo tempo o tempo não poupa vidas por falta de migalhadas.
‘’O mais importante é reolver os problemas do povo’’. Há quém acredita que ainda é necessário inventar novos slogans mesmo tendo própria estrutura para conhecer os problemas do povo: a Assembleia Nacional (AN) ou Parlamento. Se não me engano penso que em todos os países da humanidade a principal função do parlamento é criar leis, planos, programas e projectos para endireitar o país. Um parlamento democrático coloque o povo como fulcro operacional. Parlamentares são numa república porta-vozes do povo, da cidadania, da nação. Eles trabalham para defender e proteger a constituição formulada com a consciência do povo que os mandatou. O deputado, eleito pelo povo representa e transmite a voz deste, por isso é importante que saiba o desejo do mesmo povo.
‘’O mais importante é resolver os problemas do povo’’. O cenário angolano é complexo uma vez mandatou-se por correspondência indicativa homens para representar-nos no parlamento. Os nossos deputados tem assentos na AN sem portanto ter um assento no seio da população. Eles representam-nos burocráticamente mas não se importam se angolanos somos. Eles são nossos mensageiros sem ouvir a nossa voz. Nunca visitaram-nos, são incapazes de dizer o que comemos, onde dormimos, que hospital ou centro de saude visitamos, quantas crianças temos. Em que empresa trabalhamos e com qual salário. Eles não são ‘’aliens’’ portanto vivemos no mesmo território sem vivermos na mesma jurisdição. Eles vivem nas nossas casas mas riem-se de deslojados. Andam com os nossos carros e cuspem-nos as caras. A realidade da política angolana é que o deputado representa o seu partido na AN, defendendo a sua ideologia e luta para amelhorar sua condição social. Ele ignora que vive na nossa casa e conduz o nosso carro porque considera-se imortal, posiciona-se em cima da lei tendo um mandato ilimitado desde que satisfaz o líder do seu partido e idolatrize a representação na cadeira presidencial.
‘’O mais importante é resolver os problemas do povo’’ este slogan determina o factor prioridade. Foi o desabafo de Neto aclamando ‘’basta de brincadeira, agora vai-se concentrar a prioridade ao nosso povo’’ Esta mensagem faz parte da herança do angolano e é preciso que nossos deputados saibam isto. Não consigo explicar aos meus colegas e vizinhos como num país riquíssimo ainda alguns morrem por falta de comida. Houve um Embaixador angolano que uma vez disse-me: ‘’quando o europeu fita-me não vê em mim um homem como tu mas sim veja o petroleo’’ e eu vejo o justificativo pelas bichas de pedido de visto para Angola desde Brazil, ao Portugal passando por Londres sem ainda contar rebanhos em Pekin. Neto falou sobre a prioridade na resolução de problemas do povo. Recomendeu resolver a questão da fome, educação, emprego, saúde, alojamento mas sendo comunista não se referiu ao direito a informação e só pensou no enquadramento militar. É muito lamentável ver o pressentimento de deputados mandatados pelos partidos preocuparem-se de assuntos inúteis até insensíveis que colidem com a nossa cultura. Angola contraditória não pode se definir porque não há explicações como um país onde o quadro nacional não consegue emprego, a mão de obra nacional é negligênciada quando importa-se a mão de obra não qualificada da China, Brazil, Portugal, Nigeria, Mali etc. Não há explicações como predomina a corrupção quando na AN discute-se questões de respeito em relação a um individuo, questões relacionadas com homosexualidade, poligamia, assuntos fora da ordem do trabalho etc. A poligamia, a homsexualidade são mais importantes em Angola que a criminalidade. Proporcionar carros pessoais é mais importante de que comer e beber. Tudo é necessário mas tem que haver prioridades, dizia Neto, o Imortal que deixou ensinamentos mortais. O povo é prioridade porque não existe na humanidade nenhum país que é constituido só por dirigentes. Mesmo numa Monárquia os princes nunca nascem dirigentes e a população constitue a base de qualquer sociedade. A liderança é uma questão de hierarquia e ordem, disciplina e respeito, organização e sucesso. Muitas vezes o homem não discerne que dirigir é prestar serviço. O poder mandatado é bom mas a gula do poder é um suicídio porque a retirada do poder cobiçado se faz sempre com brutalidade.
JDNsimba©pub2009/