A visita do Presidente dos EUA, Barrack Obama aos 10/11 de julho 2009 em Gana foi um factor histórico muito marcante para o continente africano. Histórico porque foi a primeira de um Presidente afro-americano em Africa sub-sahariana. Marcante porque causou muito descontentamente no continente já que no cenário internacional foi-se debatido sobre a escolha de Gana sobre Nigeria. Angola que esteve fora desta competição reagiu ao colocar-se inoncentemente neste cenário do plano internacional numa inconsciente discussão nacional.
Logo à chegada no território da antiga Costa de Ouro, a delegação diplomática e familiar de Obama foi surprendida. Obama viria logo no seu discurso admitir em alta voz como foi ‘’touched’’ pela presença do Presidente John Atta Mills acompanhado com o seu antecessor Kufuor que calorosamente os receberam. A presença de Jerry Rowlings também foi vivificada na sala. Quantas vezes os comissários provinciais negaram receber uma delegação da oposição, um líder de um partido da oposição, na nossa terra? A realidade angolana tem a sua lógica! Ainda não se consegue resolver pequenos problemas e assiste-se contínuamente as trocas de bicos entre os fanáticos do Mpla e da Unita, depois duma montagem bem sofisticada.
Reconhece-se que o governo de Angola trabalhou de forma secreta para ganhar um reconhecimento internacional. O Presidente José Eduardo dos Santos, sendo o ‘’maziantico’’ (entende-se por mais antigo) no poder em Africa central ambiciona jogar um papel preponderante no continente como Mobutu, Omar Bongo, Mandela, Mbeki etc. Ver esta estratégica posição ser ocupada por um macebo na política de Africa central pelo Rwandês Kagame simplifica a autoridade de JES ao nível continental. A realidade é que para além de Sekou Touré da Guinée, nenhum outro presidente marxista ocupou esta posição da dominação regional/continental, que Kadaffi procura ainda ocupar. Este sonho irealizável de JES apresenta-se quase inacessível uma vez que: 1. O factor tempo já não favorece ao nosso idoso Presidente. 2. O factor ideológico já que os marxistas angolanos incluindo JES não aspirem democratizar-se. 3. A não pertência à CIA é um factor muito decisivo. 4. As características internas e políticas do e a volta do Presidente não facilitam, notamente ser timido, ter um processo judicial sobre o 27 de maio. 5. O levantamento de vozes altas de dirigentes e intelectuais angolanos junto a União Europeia demonstrando o descontentamento as práticas politiqueiras da actual governação, reforçado pelos relatórios pessimistas de organizações internacionais que actuem no terreno. Por consequência o nosso Zedu é um bom candidato, devido o seu poderio financeiro que lhe garante a facilidade de manipular e o seu poderio militar que facilita-lhe implementar a paz. Dos Santos ocupa uma key position entre os países da SADC.
Angola que não pertence entre os africanos ‘’pesos pesados’’ como Nigeria, Senegal, Africa do Sul etc tem estado a esquecer até ignorar a história política de Africa. Angola vai forjando o seu caminho entre os grandes usando o peso da sua economia, do seu militarismo e do seu orgulho. A chegada de Obama começando por Angola seria aplicar creme a pele da nação que iria catapultar no topo do palco entre as mais lindas e amelhoraria a imagem de JES no plano internacional, por enquanto a visita do russo Medvied não teve efeitos. Angola é mais conhecida no exterior devido a guerra. No estrangeiro quando se fala de Angola, vê-se logo a figura de Savimbi, da guerrilha e de tudo conotado com a guerra. Depois da copa do mundo de 2006, a equipa de Palanca Negra lubrificou a imagem de Angola. O boom económico fez de Angola um ímano que atrai todas as barratas, as oligarquias, multibarrões, empresários e todos os desempregados do mundo. Obama seria um ferramento de alta qualidade para a publicidade de Angola.
Não se procura por áqui pesquisar ao fundo o discurso de Obama. Seguindo bem o seu contéudo depara-se com um argumento abreviado na sua elocução que a razão da escolha da Gana baseiou-se pelo facto que este país tem um credencial democrático que Nigeria não tem e muito menos Angola. O facto de Angola participar no G8 da Italia não prova as qualidades de crescimento ecopolítico do país, não prova a mudança cultural, ideológica, não prova uma luta contra a pobreza e corrupção. Ali Angola não conseguiu seduzir a opinião dos participantes mesmo com ajuda de Belarsconi, D. Barroso etc.
Houve razões secundárias que Obama tomou em consideração. Visitar Angola como primeira nação sub-sahariana seria trair o ideal que Barrack tem sonhado, tem profetizado e espere concretizar já que a realidade angolana é escandalosamente divergente a este.
Outro factor pre-cenárico que se passou na sala do congresso foi o entoamento de slogans em forma musical. Os presentes sentiram a mensagem nos ossos e começaram cantando: ‘’somos melhores que quenianos, e se o queniano pode’’ Foi uma comparativa emocional e dolorosa numa parte mas também uma mensagem estimulativa, dependendo na escolha de cada. Eles queriam dizer ‘’se Obama, um queniano pode algo fazer, então o ganense pode fazer melhor’’ Prepara-se que um dia Obama venha em Angola. Esta visita não é ainda ireal e tudo vai-se fazer e sabe-se bem que a visita de Hillary Clinton anuncie algo especial. Será o angolano capaz de cantar a mesma? Poderá o angolano comparar-se ao queniano? Obama traz uma visão muito diferente, que Africa precisa de adotar mas será Angola capaz de entender esta visão e mudar o seu rumo? Poderá Angola captar a mensagem e materializar a visão com efeitos concretos?
JDNsimba©publ2009/083