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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

MIALA, DESIDRATADA PEDRA FACE AO FUTURO

O MIALA DAS PEDRAS

O MPLA nunca precisou do General Miala porque nunca foi uma peça tão importante em constante uso a lubrificação do movimento dos camaradas. Miala foi o primeiro dirigente em alta função na equipa sem pertencer a raça do MPLA; e como vindo duma familia angolana desconhecida. Ele tem prestado serviços ao governo, uma vez havia um partido-estado que ainda prevalece em função por mais de três décadas, isto facilite-nos a colocação da bandeira do M no rosto do general. Contudo não é razoavel orgulhar-se como membro do Partido do Trabalho, pois efetivo nunca foi. A sua penumbra nunca foi bem vista pelos membros do circuito da influência do partido mas nunca representou perigo a estes pois sabiam que nunca infiltrará-se na nomeklatura.

O general Miala foi um filho dócil, que procurou sempre fazer o seu trabalho seguindo as orientações dos chefes. Nunca hesitou em cumprir qualquer missão, que seja perigosa, diabólica, destructiva ou mesmo pacificativa, e mesmo se for para eliminar primos adversários políticos do Mpla. Ele nunca recuou perante obstáculos porque auto-proclamou-se heroi-vivo, pronto a sacrificar-se pelo aquilo que a lógica do M considera por causa justa. O seu know-how causou-lhe tantas dores no seio do exército porque representou sempre uma adversária aos outros generais com grandes ambições. A concurência entre os muatas com altas patentes do exército foi e continua elevadíssima porque cada espere atingir sozinho o apogeu da carreira e ocupar o estatuto de homem da confianca do Presidente da República e Comandante geral do exército. Apesar das dificuldades no seio das forças, Miala conseguiu com um empurrãozito da esposa e do seu saber-convencer e docilidade chegar ao pico da hierarquia militar e até ser o segundo homem mais forte do regime, depois de JES. A batalha para esta posição, num sistema que encoraja este factor nunca conhecerá o fim porque numerosos são os cobiçados e ambiciosos. A lógica desta fatalista filosofia dite que qualquer candidato a esta posição seja combatido, odiado e finalmente devorado quando a oportunidade se apresente.

O MIALA DAS PERDAS

O processo Miala, condenado teatralmente por indisciplina, não tem outra classificação senão um dossier político. Pela posição atingida e conhecimentos adquiridos, Miala deveria saber de antemão o seu destino, porque ninguém pode ou ficará eternamente naquela posição. Enquanto em vida ninguém poderá na familia do MPLA substituir o grande JES, sem a concordância do mesmo. Miala no seu lado cometeu a imprudência de minimisar os dois generais à sua volta. Ele concentrou-se muito a observar o Presidente e seus inimigos sem portanto observar o perigo que os dois confidentes representavam. Formado em psicologia, Miala perdeu o centro da gravidade quando perdeu o centro de focalização. Tudo foi feito para que este tornasse comichoso na gargante e corpo do Presidente. A sua presença inspirava um arrepio, medo, assusto ao Presidente, governo, MPLA como já ao povo. Ele fez-se vedeta, estrela, com muita fama, poder e fortuna. O tempo para sua eliminação já tinha sido decidido mas o Garcia Miala tinha-se tornado cego pela fama, vaidade e hipócrita aceitação.

A questão de mudança da política governemental era capital. Como conselheiro privado e amigo pessoal do Presidente, Miala tem sugerido ao JES novas estrategias de governação de forma a permitir ao pequeno povo de desenvolver-se economicamente e socialmente. Miala comparou a riqueza acumulada pelos dirigentes com o sofrimento do povo. Miala quiz que Angola continuasse com um governo totalitário sem a UNITA e FNLA, até organizou macanismo para acabar com estes. Miala contava no apois-Eduardo, onde poderia jogar um papel decisivo no desenvolvimento de Angola. O General sabia com toda a firmeza militar que seria ele o homem para proteger a continuação do Eduardismo apois dos Santos. Não foi com má intenção que alertou o Presidente sobre o cambalacho que se fazia com o dinheiro subvencionado pela China. Noutro lado os generais confidentes não aguentavam ver as medalhas invisíveis de que Miala foi corroado: aniquilação a Unita de Savimbi, a caça do Mobutu que culminou com Kabila no poder, silenciou os bakongo sobre a sexta feira sagrente, fez esquecer aos angolanos o dossier Mfulupinga etc. A sua arrestação foi o plano B implementado à última hora por isso apresentou muitas debilidades. O dossier sobre o inexistente golpe de estado contra dos Santos foi constituido nos gabinetes das forças, sem um estudo minuciosamente planificado. Miala já era wanted sem prémio nos recintos do exército só que tinha que se agir militariamente. Como o plano A tinha boas bases, ninguém se preocupou colocar um preço sobre a cabeça do Miala. No plano A constava: Envia-se o general Miala em missão do serviço no Congo Democrático, com um fuzileiro invisível as suas peugadas. Enquanto os fieis generais vão na retaguarda organizar uma falsa revolta activa em Luanda em nome do Miala que no entretanto seria abatido no Congo, e depois acusado de rebelde. (In)felizmente Miala recusou deslocar-se na altura e como o relógio dos ocorridos já estava trincando, então houve uma substituição emergente do plano A para o B. A tropa formada para este operação ficou inválida por isso foi demitida na última hora. Finalmente no incoerente plano B também não houve sucesso uma vez o dossier foi mal arrastado pelos ventos até que se exigiu no tribunal testemunhos de altos oficiais das forças armadas e sobre tudo Pierre Falcon que viria transtornar tudo. A presença de Pierre Falcon como witness traria um longo debate e seria colocar o dedo na ferida porque o angolano nunca irá entender como este homem obteve a nacionalidade e o estatuto de diplomata representando a nação.

A duvidosa saída em curto prazo já anunciada é mesmo esperada por muitos com muita esperança e por poucos com muita decepção. Contudo a lei deve-se respeitar, o homem fez o seu tempo merecido e tem direito a sua liberdade prometida pela mesma lei. A sua familia espere ver-lhe ocupar a sua posição com respeito. Alguns angolanos amargurados ainda pensam que virá logo ocupar (por milagres) a posição cimeira. A verdade é que Miala já não é general porque tem um estatuto duvidoso. Oficialmente não se sabe bem se é civil ou militar mas o facto de ser condenado pela lei militar e despromovido como militar são provas que o homem deve ainda viver sub as leis da kuemba. Como não era político não se vê como irá mergulhar nas águas do MPLA, porque o MPLA não normalmente usa uma limão já chupada. Contudo Miala fará como de custome no MPLA: (re)tornar-se empresário. O nome de F.Garcia Miala já constava na lista de dirigentes angolanos tendo uma fortuna superior a 100 milhões de dólares e tem casas no estrangeiro. Miala foi ao lado de Elisio de Figueiredo um dos angolanos beneficiadores de vultuosas milhões de dólares do Angolagate. Terá uma luta sem trégua para recuperar sua fortuna e bens confiscados pelo sistema, já que é o primeiro líder de alto nível a sofrer esta medida punitiva.

O facto de sair saudável será uma benção, porque já apresenta sinais de desidratação física como moral, pois o género de trabalho que se dedicou tem tido uma realidade: matar ou ser morto. Miala que sobreviveu o plano A e B do governo terá de aproveitar o que a natureza lhe oferecerá mas que tenha cautela contra o reservado plano C. O dossier Miala ajudou muitos angolanos a descubrir muitos segredos do MPLA e do governo. Foi uma revelação para muitos de nos conhecer o tipo de homens que dirigem-nos e que tipo da governação temos. Ele revelou também muitas características do nosso Excel. Presidente. Habitualmente em casos destes o homem sairá já morto-vivo porque, ou terá trombosa, ou envenenado porque teme-se que vem um dia escrever um livro desbobinando todo o segredo. Talvez será posto a clemencia dos bandidos que liquidaram o malogroso Mfulupinga.

UM CONSELHO AMIALANIZADO

Se fosse meu amigo, eu sugeria ao Miala de primeiro arranjar uns dois anos no estrangeiro para aproveitar um tratamento médico e repouso. Isto não deve se realizar em Angola, mas como militar não será fácil encontrar esta brecha. Viajar fora de Angola é um privilegio que não terá porque assume-se que vai logo evaporar-se na primeira tentativa. Por consequência terá de resolver com seus sócios comerciais como Amorins e outros para descubrir em que nível o business se encontre. Como gosta de ajudar ou realizar trabalhos benevolentes ou caritativos aconselharia-lhe seguir o exemplo de Chissano: trabalhar por uma igreja. Digo isso porque entendo que se Miala ainda vive não é a sua inteligência ou ‘’seus paus’’ mas foi a vontade do Senhor (falo desta verdade como maluco, esquecendo o intelectualismo) e trabalhar para Ele será uma forte garantia já que vai-se cuidar dos seus affaires sem roubar, castigar ou matar o seu povo. Dedicar-se a política será suicidário e não é aconselhável. Nas forças armadas também, depois de perder posição e trabalhar sub comando dos adversários será um calvário.

Qualquer pessoa que fita aos olhos do ex-general descobre como o homem é frustrado, coberto duma camada de humilhação pois perdeu a ferocidade da mira que tivera e ao mesmo tempo sente-se uma mistura da inoncência com a raiva. A verdade é que não terá vida apaziguada em Angola. Sofrerá grandes pressões morais que podem ainda causar grandes danos físicos e mentais.

Embora isto, o homem merece a sua liberdade depois de anos na gaiola!


JDNsimba©2009publ/083