A história de Angola já não vai se repetir mas acredita-se que vai crescer em tamanho e volume pois cada realidade escondida ou enterrada será descuberta ou desenterrada, as enroladas serão desbobinadas como as deturpadas serão também endireitadas etapa por etapa até a completa compilação da longa cronometragem. Angolanos animados pela curiosidade de conhecer e pelo desejo de narrar a realidade vão cavando, raspando, desminando, pesquisando para contar, expor, pregar e iluminar todos os espaços cubertos pelo obscurantismo.
Na sua história Angola viveu tempos acrobáticos devido a guerra que se instalou logo como consequência da luta ideológica para o poder desde 1975 até hoje quando vive-se ainda numa guerra de sobrevivência para a população desta pátria que se considera ainda mais rica em petroleo e diamantes. De 1975 até 1992 o Movimento Popular para a Libertação de Angola governou a nação como partido único. Este partido-estado fez coisas que merecem aplausos porque mesmo limitado pela guerra conseguiu alterar algo na consciência do povo, que foi socialmente excluido da humanidade pela política salazarista. O Partido do Trabalho teve muitas iniciativas que introduziram o homem angolano a nova visão e percepção da vida que outros movimentos não ofereceriam. Porém, tudo não deveria ser um mar de rosas tanto para o MPLA como para a população angolana.
A nova página da história angolana que partiu em 1992 abriu novas perspectivas aos angolanos que foram privados da paz e liberdade como quase em todos países do bloco vermelho. De 1992 mudou-se a tonalidade de discursos, criou-se nova fraseologia política no dia-a-dia da Assembleia Nacional, começou-se a reconstrução regional de Luanda dando uma nova fiseonomia a figura de Angola e foi declarado o término do partido-estado recebendo assim outros partidos que formam a oposição angolana. Esta mudança ainda não justifica o inicio da política pluralista já que a prática totalitária não só continua existindo mas crescendo de escala assustadora.
Hoje tem-se a possibilidade de acompanhar o que se proponhe como constituição reajustada por vários partidos que mesmo em divergências políticas mas tem neste assunto um denominador mais que comun. Todos estes trabalham num objetivo premeditado pelo partido da situação. Conforme as possibilidades iremos analisar certos artigos conforme a disponibilidade do tempo: vejamos
Artigo 18 sobre os símbolos nacionais
1. A bandeira nacional, a Insignia nacional, o Hino nacional, símbolos da soberania, da unidade e da integridade da República de Angola são os adoptados aquando da proclamação da independência nacional a 11 de Novembro de 1975 e tal como constam nos anexos I, II e III da presente Constituição.
Angola parece-me como uma criança que tem apelido e data de nascimento porque os pais e vizinhos sabem quando foi nascido e todos utilizam o nome para chamar-lhe. Infelizmente esta criança não tem roupa e deambule nú sem que ninguém se preocupe, mesmo negativamente. Angola que desde a sua independência teve um partido-estado de orientacao comunista tinha próprios símbolos nacionais que foram introduzidos e impostos pelo MPLA. Este Movimento trouxe na sua bagagem uma bandeira, hino nacional, emblemas, siglas, carrimbos etc, todos conotados com a sua histórica orientação merxista-leninista. Todavia o 100% MPLA já terminou e o totalitarismo já deveria terminar. A República já não é popular. A ditadura proletariada já sumiu mas ainda prevalece a bandeira vermelha e o hino do MPLA ainda ecoa as audições mesmo dos apoliticos, apartidarios etc
Actualmente cada trabalha para obter uma proposição da constituição de todos os angolanos. Não se sabe até qual ponto o angolano é consultado. Portanto os deputados gastem energias para ver o angolano viver aquilo que merece. As propostas são várias e mesmo os que não tem nada a oferecer vão recopiando a antiga constituição com simples retoques nas vírgulas e acêntos. Nos precisamos de vestir a nossa república com uma roupa limpa, pouco importa se for antiga ou nova mas que seja saudável.
Desabafa-se tanto em todos os partidos acerca da reconciliação nacional. A reconciliação não é sinónimo da recapitulação ou integração como se pretende fazer com a UNITA. Em Angola há quém não é partidário, há quém não é fanático do sincrano e há quém é apolítico mas todos somos cidadãos da pátria angolana. Este egoísmo de manter insignias do MPLA necessita acabar com o desequilibro. O que é do MPLA deve envergar a camisola vermelha e quém for da UNITA que leve o emblema do galo; isto jamais será pecado pois a caçada aos bruxos já se fez em 92.
Se na realidade Angola é democrática e o angolano humanista, então é tempo de acabar com o fanatismo político. Vamos acabar com o tribalismo partidário e unirmos em torno de uma autêntica constituição, de um só presidente seja ele/ala do MPLA, FNLA, UNITA ou outros. O MPLA deve provar a sua flexibilidade para que esta questão da bandeira, hino e outros sinais encontrem uma solução! Esta solução até não deveria preocupar a oposição uma vez o piloto prove a sua vontade de chegar ao destino calmamente. A experiência desta governação deve-se provar pela maturidade adquirida e a maturidade é sempre demonstrada pelas ações, vontade política e gula do sucesso.
Quanto a teimosidade e o egoísmo pode-se também dizer ‘’tel père, tel fils?’’ Justificaria o Chefe máximo Fidel Castro que: ‘’o homem passará mas a revolução não passa’’ um bom desafio a lei da eternidade, mas, o bolchevismo já passou, Fidel caducou-se e Neto ficou nas esquinas. Isto mesmo o grande escritor Pepetela pode confirmar. Até nações mudem de denominações (Zaire por Congo, Dahomey por Benino, Costa de Ouro por Gana, Haute Volta por Burkina Fasso, República Popular de Angola por República de Angola etc) e porquê não uma bandeira?
JDNsimba©2009pub074