Eu não sou a pessoa mais indicada para analisar um poema de Agostinho Neto. A poesia de Neto encontra-se numa órbita descontínua porque a elaboração das suas ideias não foi ainda localizada e o perfilo poético tem fontes no desconhecido. Foi Agostinho Neto que propulsou a poesia angolana no universo poético oferecendo gosto e sabor aos angolanos de ler, escrever e desenvolver uma literatura popular. Na sua memória ainda há muito para ser revelado.
‘’Nascemos na luta e crescemos na vitória’’ esta declaração poética de Neto tem ocupado espaço na minha mente e tenho procurado formas de encontrar a continuidade desta mensagem. Eu não posso me focalizar no mesmo plano com o Imortal porque tem-se entre nós decalagens abismais de gerações, de visões, do condicionalismo socioeconómico e de muitas circunstâncias. O que eu tenho feito é de transladar esta mensagem do passado ao presente. Colocar esta história da luta de libertação à luta de sobrevivência social imposta aos angolanos pelo partido do Saudoso Guia Imortal.
Nascemos todos, como angolanos, sem excepção porque conhecemos todos o mesmo colonialista embora com estrategias diversificadas entre o norte e sul, entre o sul e centro e entre o centro e norte. Conhecemos todos as injustiças, a exclusão com diferentes graús. Todos, acordamos na mesma época para libertar a nossa pátria do jugo colonial. Alguns foram as matas, outros ficaram no território com o mesmo denominador: a libertação de Angola. Tinhamos a mesma visão com diferentes estrategias. Lutou-se em diferentes frentes, diferentes trincheiras e diferentes campos mas o inimigo era comun.
‘’Nascemos na luta’’ A luta era única mas tendo diferentes opções politico-militares. Neto profetizou sobre as lutas no local de emprego mas infelizmente hoje muitos de nós fomos negados o direito de emprego pelo partido do Neto. Neto visualizou a luta de sobrevivência do angolano mas infelizmente Neto não conseguiu de visualizar today’s Angola. Um país que é o primeiro produtor de petróleo em Africa. Neto não pensou sobre a economia emergente de Angola que hoje é uma potência económica regional. Talvez Neto pensou na sobrevida daqueles que perderam suas capaciades físicas na luta e que hoje são diminuídos físicos ou mutilados abandonados em si. A luta de sobrevivência é daqueles angolanos que não são membros do partido da situação. Neto não soube da mundializacao, da invasão chinesa, brazileira, maliano, do mercado do emprego angolano etc. Neto que só deixara 200 Kwanzas na sua conta bancária nunca pensou que Angola teria milionários em dólares capazes de comprar casas luxuosas em Miami Beach. Conscientemente Neto nunca pensou que o angolano poderia manipular grandes homens e incluir-se no Mensalão, Angolagate e noutros escândalos financeiros que abalam o mundo. Talvez Neto foi muito limitado, por isso pensou na luta da libertação que participou ao lado de Hoji e outros mas que a ideologia de Ngangula, Irene, Gika e a política de implantar orgãos humanos nos frigóricos de hospitais para acusarem os bakongo de canibais viriam a superficie. Neto nunca tinha acreditado que '’a mentira nunca apanha o elevador’’ por isso é sempre surprendida antes que desapareça. Neto pensou nas rusgas e incorporações forçadas para os filhos dos pobre enquanto seus filhos vão estudando em Portugal. Ele falou da luta de dia a dia porque nunca tinha imaginado que a Uinta e Fnala e outros teriam deputados na mesma Assembleia ao lado do Mpla. Neto nunca pensou que haverá angolanos deputados na Suiça, Alemanha, Canada e noutros cantos do mundo.
Emfim Neto nunca pensou assim porque tinha a consciência de um pacificador. Ele reconheceu seus erros e estava pronto a reparar quando noutro lado deram conta...click o homem sumiu.
‘’Crescemos na vitória’’ O nosso pensador só realizara que nascemos nos todos na luta mas os que vão crescer na vitória serão escolhidos pelo Mpla. Não acredito que Agostinho foi egoísta. A frente norte foi abolida e fez-se a reconciliação com Mobutu porque sabia que um dia os filhos de Angola irão a volta da mesma mesa sentar e discutir o futuro da pátria. A nova história do novo MPLA é que procura cruxificar o Neto dizendo que a visão era só dos seus filhos e não daqueles que falam português com sutaque africano. Neto nunca disse que o filho do pobre serveria de carne de canhões. Neto nunca disse que Angola vai-se tornando uma cleptocracia, onde só filhos de muatas serão muatas dirigindo os filhos de pobre. Que os pobres nunca serão ricos e que Angola só pertence a uns clãs específicos e especiais. Não foi o mesmo Neto que disse que Angola é de Cabinda ao Cunene? Quer dizer Neto sabia Matala como Maquela do Zombo, Kibala como Muxima, longojo como ngoyo etc.
Nasceu o angolano na luta e cresceu o angolano na vitória. A vitória e a unidade nacional e não o tribalismo nacional. Neto praticou o tribalismo estratégico para temporáriamente o MPLA apoderar-se de Angola mas nunca apelou a nacionalização do tribalismo. A vitória e um parlamento nacional e não a integração de outros partidos. E porquê só a bandeira do M pode ser de Angola? Angola não é Mpla e Angola não é Luanda. De mesma forma que benefiamos em conjunto o solo, a lua, o mesmo clima neste território a mesma coisa devemos partilhar o resultado de nosso suor, para tal todos devemos ter as mesmas possibilidades e direitos, da mesma que temos os mesmos passaportes.
Não foi Neto que disse que MPLA é o povo; o povo é o MPLA? Neto nunca se limitou no totalitarismo, sabia que a revolução marxista ficará um dia na primeira esquina. E hoje, quém é o povo? Assim no actual MPLA, nascemos todos na luta, cresceram eles (os partidários com suas familias) na vitória. Foi mesmo assim que as vírgulas, acêntos, prefixos e sufixos foram trocados nos ensinamentos de Neto!
JDNsimba©2009publ/094