BEMVINDO !!!

OFERECEMO-LHE SERENIDADE PARA COMPARTIRMOS SABEDORIA

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

UMAS ENTRE AS ANGOLANAS

Luanda: Num rápido e curioso movimento, as lâmpadas da minha consciência ficaram hipnotizadas pelas forças que emanam da imagem que elas fitam. Uma imagem chocante e deceptiva que força as lágrimas de qualquer observador a desaguar nas derradeiras da pele suave. Parece-me que as pessoas já não tem almas porque aproveitam desta ocorrência para criticar emvez de solidar-se com o sujeito exposto as graças do sofrimento que assistem. Vejo mas não acredito o que vejo. Oiço mas não concordo com a minha própria audição. Isto não é Angola que eu nascera, crescera e conhecera. Tudo se passa numa tarde, embora com novas medidas rodoviárias estamos ensardinhados num mini-bus que leva-nos à um destino incerto. Entendo que cada tem uma direção à seguir, mas, de facto que não tenho a certeza de chegarmos aos destinos devido as condições das estradas, do próprio carro e da atmosfera de cada indivíduo, prefiro considerar a nossa viagem sem destino. Vejo no canto do mini-bus uma mulher bem sentadinha a mamentar uma criança. Eu estou muito limitado para poder bem descrever este cenário uma vez que tenho insuficientes vocabulários e as palavras em si são insensitivas, talvez só utilizando a língua russa ou eslovaca que tem mais de 30 letras alfabéticas que serei apto para descrever o fruto da minha observação.

Esta cena é muito pobre, amarga e chocante mas os efeitos que produzem são insuportáveis, inconcebíveis. Numa fracção de segundo nesta observância, a minha memória reflectiu imagens indescriptíveis. Em Angola há mulheres que se classificam como sendo de business class. Aquelas que vão passar férias nos Estados Unidos e nas praias brasileiras. Que vão fazendo compras em Portugal, França ou Italia e que dirigem as organizações, associações de massas, empresas até simples mães de familias com infinitas influências. Por consequências existem também aquelas que não tem férias porque os maridos são desempregados (condição obrigatória a baixa classe) e elas são hoje a fonte de ganho-pão da familia. Elas vão trabalhando 24 horas por dia e 7 dias por semanas. Elas são domésticas e zungueiras, quitandeiras e tudo que a poeira de Angola colore. Não possuem calendários por isso não conhecem férias pois vão duma rua à outra e duma praça à outra e que as pernas nunca pisaram o elevador rolante, o chão interior do Nosso Super...

Ô mulher angolana! Não quero relatar da Mãe-Africa ou da Mãe-Angola como fomos habituados porque Agostinho Neto ensinou-nos a poesia. Falo daquela mulher que foi ontém a nossa irmã e que tomorrow será a nossa esposa e um dia a nossa filha. A mulher que é o grande amor do homem pois este nasce da mãe, cresce com as irmãs e finalmente casa-se com a esposa para um dia produzir umas filhas. Esta mulher que adoramos nas nossas poesias, que honremos nas nossas músicas. Aquela mulher que faz de nós verdadeiros homens. Não gostaria de falar das heroínas que por uma causa (in)justa envergaram o fardamento e foram satisfazer o apetite dequeles comandantes de unidades ou quarteis ou líderes politicos nos máquis. Não daquelas que enquadraram-se as fileiras da bofia só para fazer banga nos bairros ou para desafiar homens com os quais opuseram-se. Falo da mulher angolana que toma conta das crianças e da casa familiar, que soprando as lenhas só para conficionar refeição para seus filhos ficaram com olhos encardidos. Aquelas mulheres que por destino político da nação tem filhos cujos os pais são desconhecidos, porque foram forçadas as matas para serem segundas, terceiras esposas de uns militares que nunca amaram. Daquelas que injustificadamente são morteladas ou foram violadas por causa da revolução, como se fosse um ritual no comunismo africano.

Entendo que existem em Angola mulheres consideradas enquanto as outras são desconsideradas porque nunca tiveram pais capazes de enviar-lhes a escola. Porque a nossa actual sociedade não se preocupa delas e são condenadas pela nova lei da exclusão social de Angola e ficaram sem espreança nem possuem outras opções. Existem na nossa sociedade umas mulheres promovidas. Aquelas que tem títulos, ocupam lugares de destaque e que tem conotações devido à pertência a um determinado clã, talvez por via matrimonial. Portanto existem aquelas desprezadas porque foram desprezadas pela lei descriminativa da nossa sociedade. Elas foram promovidas no sentido oposto e pertencem hoje a lixeira social de Angola. São constantemente caçadas pela policia que proibem-lhes vender ou mesmo que desarmem-lhes a sobrevivência dos filhos. Elas não tem padrinhos nas cuzinhotas porque nunca pertenceram ao partido em poder ou talvez por serem duma região fora da óptica governemental. Há também as verdadeiras donzelas, mêstres da situação: aquelas mesmo sem título ou formação mas tem beleza, são atraentes tem capaciade pelas suas persuassivas belezas de carbonizar qualquer dirigente, político, famoso, estrela, homens com poderes. Elas não carregam nada nos míolos mas são tremendosamente empacotadas, tem algo doce a oferecer e são idolatrizadas pelos ministros e diretores. Porém umas são falsas porque não tem ninguém para as jicular, são odiadas porque não metem calças apertadas, não tem sutaque aportuguesado, não são sofisticadas, não conseguem hipotecar o sistema.

Eu observei longamente esta mulher no mini-maximbombo. Sentada com a criança no colo, concentrada a alimentar com leite natural (chuxas fora da blusa). Ela sente-se marginalizada porque cheira o perfume de milho que vai vendendo. Vendo-lhe embrulhada por si no canto, entende-se que sente-se isolada e rejeitada pela sociedade. Ela luta por si para não tocar ninguém pois será logo abusada com insultos. Ela perdeu a sua liberdade devido a sua actividade comercial. Ela deve batalhar para a sobrevivência da familia como as outras fazem nos gabinetes ou viajando de avião. Não são diferentes pois são angolanas e tem profissão; só que elas não tem salário mensal como outras. Não tem ficheiros, nem patrão e chamamos-lhes de zungueiras, peixeiras, prostituitas etc. Esta mulher no cantinho é esposa de um angolano como eu, ou qualquer dirigente. Ela é irmã de alguém e possivélmente é ainda filha de um cicrano angolano. O seu peito (chuxa) exposto é muito invitaminoso e tem uma aparência desértica provando que não tem o leite materno mas está alimentando. Curiosamente as moscas preferem pousar-se nela como se fosse pista de aeronaves. Outros passageiros lançem olhadelas ferozes e criticam sem imaginar as dores que vão somando nela. Ninguém pensa na responsabilidade do governo mas furiosamente todos insultem até ao ausente marido sem portanto saber a condição social deste. Quém procura saber se é viúva? A criança já reconhece viver no mundo cheio de hostilidade, encolhe-se bem ao colo da mãe. Quém sabe do futuro desta criança? A criança tem duas filas de ranho que escorregam das narinas e está cuberto num tecido emvoltado pela poeira e sem a mínima higiena. Quém pelo menos oferece um bocado de sabão? A cruelidade angolana sabe bem criticar.

Fiquei involvido nesta atmosfera entre a tristeza, a hostilidade e tudo que emocionalmente era nagativa. Quiz gritar mas consegui controlar-me sem portanto reter as minhas lágrimas. Algumas mulheres também foram amagoadas pela cena mas... a juventude, o futuro d’amanha! Tive que descer súbitamente preferindo progredir andando.

Onde vão os milhares obtidos no negócio petrolífero? Angola é rica e riquíssima mas a pobreza também tem a pura nacionalidade angolana! As damas de consideração não tem sequer ... para aconselhar os maridos e namorados!?



JDNsimba©2009publ/097