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sábado, 30 de janeiro de 2010

O CONDICIONALISMO DA LUTA PARA UMA VIDA INCONDICIONAL

1961 foi um ano em que os efeitos da consciencialização patriótica se traduziu por uma linguagem revolucionária. Isto sem dúvida partiu do norte de Angola, que anteriormente tinha facilitado a penetração do colono à instalar-se na terra para dominar e colonizar. Uma das razões desta germinação do nacionalismo foi o excesso de sofrimento imposto contra os povos do norte de Angola pelo colonialista que até lá ainda não classificava o homem negro na lista de humanos. Uma outra razão foi a aproximação de muitos jovens a educação cristã que procurou sempre defender os valores morais e os direitos da vida aos autóctones ao mesmo nível aos invasores portugueses. Esta consciência cresceu e estendeu-se no resto do território para produzir a luta da libertação de Angola, que viria concretizar-se em 1975 com independência.

A grande e mais importante razão que arrastou o homem angolano do norte primeiro, depois do centro seguido pelo do sul de penetrar nas matas com kanyangulos na mão foi a libertação das terras angolanas. O homem angolano procurou primeiro recuperar nas mãos do estrangeiro, aventureiro português o solo dos seus antepassados e dos seus descendentes. Vindo com uma bruta política de moralmente quebrar a consciência do angolano, o português iniciou a aniquilar a língua, as culturas, maneiras de viver, formas de conviver e associar-se e a unidade de angolanos. O angolano foi então capturado perpetuamente numa gaiola mental sem possibilidade de ver fios de raios solares. Permite-me dizer que a colonização portuguesa em África foi a mais bruta, mais suja e a mais horrível. Muitos angolanos foram deportados para longínquas sem que haja mais conexão com a história do povo. O português foi o europeu que sexualmente abusou mais africanas. Esta violência sexual foi aplicada calmamente de forma corruptiva e sistemática, aproveitando a nossa pobreza. Portanto pobres não eramos mas o novo patrão apoderou-se de toda a riqueza e fez do angolano um cidadão português da quinta categoria e Angola ficou mais tarde a província ultramar de Portugal.

Há muito que se pode citar áqui mas o denominador comum foi a libertação de Angola. Roberto Holden, Emanuel Kunzika e outros tiveram a amabilidade de convidar toda a rapaziada de Angola para pressionar o governo português. Assim convocou-se um conselho onde participaram grandes dirigentes da revolução angolana da primeira hora como Viriato da Cruz, mais tarde Neto, Savimbi incluindo Dos Santos e consórcio. Mesmo no Zaire onde tiveram vários encontros, os angolanos só tinham uma linguagem: que era a libertação de Angola. Nesta altura não havia angolano do norte, nem tão pouco do centro como do sul. Não se falava kikongo ou kimbundo ou seja umbundo; todos falavam a linguagem da libertação. Esta libertação era para garantir a paz, a liberdade aos angolanos. O combino (estratégia) tinha com fulcro a liberdade do angolano. Ninguém na altura era da FNLA, MPLA ou UNITA mas eramos todos angolanos.

O possível foi feito com a coragem e pago com o sangue do angolano. A conquista da independência trouxe-nos a felicidade de sermos uma nação de homens enquanto o português considerou-nos duma cambada de cães raivosos. Quase na altura de receber o osso duro (dipanda), o lukezo (entende-se por português) compreendeu que unidos será impossível re-dominar, domesticar e neocolonisar o angolano. Portugal criou uma condição inédita para a independência de Angola dividindo os angolanos para melhor reinar. O angolano quase perdeu a noção da independência se não fosse a comunidade internacional. Mesmo assim desencadeou-se uma guerra implantada por Portugal e certos angolanos esqueceram a prioridade: a liberdade do angolano para inclinar-se a cobiça do poder. Uns angolanos foram condenados as matas, outros no asilo e alguns dirigindo a nação. Houve divergências: os angolanos já não exprimem a mesma linguagem e perderam a noção do denominador comum. Agora fala-se diferentes línguas; uns kimbundo, outros umbundo e kikongo. Infelizmente os mais azarados são indiscutivelmente canibais porque apresentou-se oficialmente e publicamente provas deste canibalismo. Discutem quem quiser mas a razão dos mais fortes é sempre a melhor. Tudo foi silenciado e todos são obrigados de aceitar as novas denominações!

Na verdade fomos angolanos com uma consciência angolana. Hoje temos a nossa soberana Angola abençoada com todo tipo de mineral que se pode citar. O veneno da divisão semeado pelo português cresceu e reproduziu centenas de espinhos que vão sufocando a nação. Por consequência o angolano já não reconhece seus irmãos de sangue, da revolução, da trincheira e mesmo do sepulcro. O seu egoísmo que assentou-se no racismo, tribalismo, em classes, clãs e família vai roendo a alma de Angola.

Da liberdade para os angolanos passou-se numa outra fase que é a acumulação de riquezas. O angolano que já perdeu a sua consciência só pensa como enriquecer-se sozinho e como manter outros na miséria, impedindo-lhes o acesso ao bem-estar social que mesmo o comunismo tinha prometido-nos. Os angolanos que se dizem democráticos estão mais ricos que a própria nação. Espero mesmo que tirando o Coronel Kadaffi da Líbia o homem mais rico de África é angolano e a africana mais rica é com toda a certeza angolana. Agora pensa-se tornar Angola por um Dubai porque o petróleo sai do bolso de alguns angolanos enquanto outros escovem seus dentes com diamantes. Portanto o combino natural foi a conquista da liberdade e hoje conquista-se o enriquecimento financeiro. A prioridade foi substituída porque o angolano perdeu a sua liberdade. O angolano não tem direito a locução no seu território. Não pode reclamar seus direitos, quem se atreve pode ser esmagado como rato nas picadelas de Luanda ou de Angola. Os que tombaram contribuindo nesta revolução são hoje desconhecidos. A história já não tem donos ou os donos são alheios porque eram ontém desconhecidos. Os patrões já não são portugueses mas os mesmos angolanos com chicotes nas mãos castigando à morte seus irmãos. O angolano ganhou dinheiro e perdeu a liberdade, quanto sabe-se que a liberdade não tem preço. O angolano traiu a causa da sua revolução, da sua luta, perdeu-se no espaço e no tempo.

O angolano foi condicionado a lutar para a sua liberdade, uma vez que obteve este ficou comprometido vivendo incondicionalmente como rico. O angolano ficou embebedecendo-se com petróleo e diamantes, que agora, em todos grandes corredores financeiros do mundo respeita-se ironicamente este rico sem liberdade. Fomos todos à caça mas no tempo de repartir a caçada, uns recebem enquanto outros só assistem com toda a tristeza, onde prefere-se botar os ossos aos cães.

Me lembro ainda do angolano que não tinha casa mas tinha carro e vivia em casa do seu primo. Cada vez que tinha pulungunza com o primo arrumava jimbambas para a casa da irmã. Assim somos hoje, infelizmente não temos em África uma irmã onde poderemos se refugiar em caso…, em Portugal? Forget!


JDNsimba©2010publ/019