Eu não gostaria de cair a tentação de comparar a realização do 2. Jogo de África Central que o MPLA-Partido do Trabalho tinha realizado nos anos 80 com a realização do Taça Africana das Nações, de Futebol, ou simplesmente CAN. Mesmo germinado na toca da guerra os jogos de África central foram um sucesso, pois em Angola já éramos habituados com balanços positivos. Ora, tudo que se realizava sob a bandeira do MPLA comunista era positivo. Uma coisa foi a colorização dos eventos mas que finalmente tudo se realizou nas calmas sem que a Unita pudesse enodoar as ocorrências, portanto o resultado final foi desastroso para com o povo angolano. Como se diz, depois da festa há fome. Isto foi altíssimamente notório porque havia fome aguda em Angola desde 1981 até mais de dois anos.
O SUCESSO DO CAN
Terminou esta tarde o campeonato de futebol africano que se disputou no solo angolano, e especialmente na presença do Presidente José Eduardo dos Santos, que não só esteve fisicamente presente mas que se onipresentou-se em todos os estádios, projectado numa cartaz que entre a bandeira vermelha e o mapa de Angola flutuavam os ares angolanos.
Os jogos iniciaram com uma infelicidade cujo alvo foi a equipa togolesa. Como angolano não sei com quais argumentos Angola conseguiu arrecadar os jogos, pois havia muitos países com melhores condições e capacidades de realizar os jogos. Não é difícil entender que uma vez mais Angola usou do seu poderio financeiro para corromper grandes dirigentes do mundo futebolístico, já que o cheiro do petróleo é perfumado e a cor de diamante é vibrante. Com muita a certeza que Angola garantiu a FIFA tanto o CAF de forma verbal, que não havia guerra no território nacional. Mesmo a escolha de Cabinda não foi uma indicação bem-intencionada, uma vez queria-se aprovar ao resto do mundo que em Cabinda há paz e demonstrar assim que em Angola não há sofrimento. Houve negligência por parte dos nossos governantes que foram todos hipnotizados pela vaidade, orgulho e mas intenções. Porque na realidade queria mostrar ao mundo que não há uma política da exclusão social e que o norte de Angola é tratado de igual forma como Luanda ou Benguela. Portanto nenhum angolano pode explicar a exclusão do Huambo nesta escolha; não é difícil adivinhar uma vez Huambo foi arrasado pelas bombas das gloriosas forças do MPLA.
A vitória do Egipto no final sob a silenciosa olhadela de JES acompanhado pela Primeira-dama, assistido de correspondência por João Lourenço no estádio da Kamama foi também sinónimo da vitória de Angola, país anfitrião cuja equipa tinha já tombado na segunda esquina. Não diria que os estádios foram construídos com a vontade de ver Angola emergir economicamente. Angola nunca precisou desde então organizar algo para fins lucrativos. Falo de lucros financeiros porque Angola prefere soigner a sua imagem no exterior e não hesita gastar milhões só para lucrar moralmente. Isto foi o motivo desta organização: Primeiro é parte da campanha eleitoral do Partido-estado que começa a sua propaganda do 1 de Janeiro ao 31 de Dezembro, mesmo sem eleições. Segundo foi uma peça de marketing para a publicidade da imagem pessoal de JES que sem trégua cobiça ocupar uma posição sem jogar um papel preponderante no continente africano. E finalmente lançar a nova imagem do MPLA como partido democrático. Dali entende-se que a FIFA tanto a CAF foram bem dribladas mas como a mentira não tem longas pernas, o diabo inspirou a FLEC aquela intentona contra a comitiva togolesa para expor a realidade angolana. Lamenta-se esta barbaridade que roubou almas de inocentes.
Doravante Angola poderá organizar qualquer manifestação, já que provou ao resto do continente e do mundo a sua capacidade e maestria na organização e realização de grandes eventos culturais ou desportivos. Eu diria parabéns Angola pois foi com o preço de sangue dos seus filhos que se conseguiu realizar este CAN. O sucesso dependeu das riquezas angolanas e da acção do povo angolano que trabalhou dias e noites para compilar tudo mas também que empregou a mão-de-obra barata da China e outros.
Os convidados ou estrangeiros que tiveram em Angola, e os poucos que por vias televisivas seguiram as gloriosas manifestações do mundo da bola falam bem de Angola. Muitos conheceram Angola como nação da guerra porque souberam de Savimbi e a sua guerra, tentam agora felicitar os esforços dos angolanos. Os que conheceram Angola devido ao comunismo ainda procurem saber o porque da presença da bandeirola com a figura do JES nos estádios. Uns vizinhos perguntam-me porque a presença da catana na bandeira da nação? Esses estão conotando Angola a algo que é subentendido. Outros procurem saber sobre a evolução histórica e politica em Cabinda porque imaginem jogadores a fugir numa chuvada de balas, tiroteiros até imaginam assaltos já que o capitão da equipa togolesa declarou publicamente que tudo foi-lhe roubado.
Eu só queria felicitar Angola daquilo que conseguiu alcançar no campo organizacional. A má-intenção foi-se misteriosamente tornado a avantajem a nossa nação e do nosso povo porque os estádios vão dar uma nova imagem e gula ao futebol nacional, mas também vai ajudar o crescimento económico nessas zonas e a minha oração é que se façam o mesmo noutras províncias para que haja equilibro. Os jogos não só possibilitaram ao mundo de ver e conhecer dirigentes angolanos mas também descobriram a miséria do povo de Angola especialmente no norte de Angola.
Este sucesso dedico a todos angolanos de Cabinda ao Cunene, incluindo os da diáspora. Parabéns Angola! Hoje foi o futebol amanha será a cultura, depois a economia seguido talvez pela educação. De tudo um pouco pode-se elevar este povo e esta nação pois coragem tem, dinheiro também tem mas o que sempre faltou é o amor da pátria, a boa vontade. Com isto vamos também levantar e lutar contra todo tipo da corrupção, que seja estatal ou governamental porque é um vício nefasta que necessita uma reposta energética. Viva Angola e parabéns povo de Nguxi. Parabéns JES!
JDNsimba©2010publ/010